A lição de Barcos

Por Mauricio Stycer

A esta altura, todo mundo já sabe que o atacante argentino Hernán Barcos chamou um repórter da Globo de “boludo” (babaca) diante de outros repórteres após ser confrontado com fotos de Zé Ramalho e bombardeado com perguntas sobre suas semelhanças com o cantor. Editor-chefe e apresentador do “Globo Esporte”, Tiago Leifert resumiu assim o episódio no programa desta sexta-feira: “Lição aprendida: o Barcos não gosta de apelidos. Não chame o Barcos de Zé Ramalho no trânsito que vai dar problema sério”.

Um pouco mais cedo, durante o “SPTV”, ele disse: “Foi um grande auê, mas não aconteceu absolutamente nada”. E, na véspera, no Twitter, escreveu: “Eu não levo nem nunca vou levar esporte a sério. Quem leva (tipo alguns babacas na minha TL) não entende o que é esporte.” As três observações são chocantes. Não creio que Leifert realmente pense assim. Significaria dizer que ele não entendeu nada – nem a lição, nem o que ocorreu e, muito menos, o que significa o esporte hoje.

Barcos é um jogador de futebol profissional, cujos direitos econômicos (70% deles) foram adquiridos pelo Palmeiras por cerca de R$ 7 milhões. Dar entrevista depois de treino ou jogo faz parte do trabalho dele. Sua reação a uma situação de constrangimento público merece elogios, na minha opinião. Como se fosse um pai tentando educar o filho, Barcos procurou dizer que nem tudo é motivo para brincadeira, que certas coisas não são ditas em público, que não se deve brincar com quem não se conhece etc.

Leifert tem todo o direito de transformar o programa jornalístico que apresenta num show de humor e diversão, mas não fica bem tentar convencer todo mundo de que esta é a única forma de enxergar o esporte e o jornalismo. Esporte é sinônimo de paixão, mas também de negócio bilionário. Nem todo jogador acha legal comemorar gol imitando João Sorrisão. Nem todo torcedor é bobo. E isso não tem nada a ver com bom ou mau humor, com gostar ou não de piadas.

11 comentários em “A lição de Barcos

  1. Está na hora de acabar esse humorismo sem graça e repetitivo que se instalou na TV. O que fizeram com o Barcos ridiculariza o jogador e também o clube. Desvalorizando o atleta, desvaloriza um patrimônio do clube e a imagem do clube. Os times de futebol deveriam exigir o fim dessa onda que assola a TV. Infelizmente, parece não haver interesse. O humorismo foi implantado com o objetivo de alienar o torcedor. Ao mesmo tempo que faz piadas sem graça, omite da opinião pública os escândalos que envolvem os times, suas más administrações etc, fato que agrada a e seus dirigentes. Dos telespectadores também não se espere grande reação. A maioria do público da TV aberta hoje em dia é composta por aqueles que o IBGE classifica como “analfabetos funcionais”: lêem, mas não entendem o que leram e só sabem escrever o próprio nome. A TV de hoje é feita para esse público, a maioria, e que adora jõoes sorrisões e piadas previsíveis. A Globo virou refém da guerra pela audiência, deixou de lado seu padrão de qualidade. Quando Léo Batista apresenta o Globo Esporte, aos sábados, é visível a diferença. O programa segue a antiga linha do jornalismo feito com seriedade, sem gracinhas.

    Um dos representantes desse jornalismo esgraçadinho, o Escobar, da Globo, foi quem levou aquele esporro do Dunga, numa das coletivas da Copa da África. Foi ofendido com vários palavrões e nada fez. Só faltou pedir desculpas ao Dunga, numa postura medíocre. Em outros tempos, por muito menos, o treinador teria comprado uma briga pela vida inteira.

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  2. Acho que agora esse Thiago deve ter aprendido e, que sirva de exemplo para os adeptos do jornalismo comédia! Que sirva de exmplo também, para os nossos reporteres regionais, Dinho Menezes e Caxiado, que volta e meia colocam apelidos nos jogadores dos clubes em que fazem cobertura.

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  3. E são apelidos que geralmente ridicularizam o atleta. Tem um tal de “tesouro”, tem “cometa”, “foguete”, “paredão”, entre outros. Já teve “Búfalo”, “Gigante pela própria Natureza” e outros absurdos.

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  4. Rogério, a Band com o corintianíssimo Neto (nas transmissões e no seu programa diário, pra ele todo jogador, sobretudo os corintianons, é um grande jogador), o presepeiro Denílson e aquela louraça Renata Fan já entrou na onda também. O pessoal do Esporte Interativo é muito histriônico, gosta muito de fazer estadalhaço, jogar confete e serpentina em suas transmissões, o que também acaba desagradando. A Sportv, pertencente a Globo, é mais comedida nas graçinhas e no oba-oba. A cobertura mais sóbria, e que mais me agrada, é a do pessoal da ESPN Brasil. O time de comentaristas e narradores, salvo um ou outro, é muto bom, gente de boa formação acadêmica inclusive.

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    1. Amigos Daniel, Rogério e André, o (mau) exemplo da Globo se dissemina, como quase sempre, pelas demais emissoras, que macaqueiam as ideias lançadas pela emissora líder. E imitam sempre pra pior. Tem Band, SBT, Record, Rede TV etc. fazendo as mesmíssimas coisas. Aqui mesmo, nas emissoras de Belém, já percebemos algumas presepadas do tipo, tentando fazer graça com todo e qualquer assunto. Esquecem que o público quer, acima de tudo, informação.

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  5. Esse Tiago Leifert falou várias besteiras e mostrou que não é humilde… Não podem confundir humor e Avacalhação com a honra de quem quer que seja,no caso,a do jogador Barcos,que foi Certeiro em seus dizeres… Como já disse antes ,na Globo só prestam Jornal da Globo e alguns filmes,minha visão… Eu gosto muito das transmissões do Esporte Interativo,apesar dos estardalhaços que fazem,pois pelo menos não cometem tanto “bairrismo”,assim…

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  6. O problema amigos e caro escriba Baionense é que tem certas pessoas que enchergam o futebol com uma coisa divertida, fazer amizades com jogadores preparadores e tecnicos e fazem piadas um com os outros, mais tem jogadores que vêem o futebol como o seu trabalho, e claro que nenhum jogador goste de dar entrevista depois de uma maratona de exercícios físicos e táticos com vontade de responder perguntas sobre um treino, mais como o jogador é pago pelo clube, ele exerce as vezes a até o papel de modelo, para mostrar um novo uniforme do clube. Tem jornalistas que levam o futebol a brincadeira, mais ja pensou se não existisse o futebol bilionário que existe hoje, o que esses caras iam viver?
    O certo é que sendo um esporte, o profissional sério de jornalismo esportivo não vai confundir o seu ganha pão como um simples lazer que pode perguntar o que os jogadores perguntam entre eles e etc…
    A muito tempo que alguns programas esportivos vêem o futebol como um modo de gozação ou brincadeiras de mal gosto aos atletas, técnicos ou dirigente, depois ficam se lamentando por que os mesmos profissionais de jornalismo são afastados ou vivem na obscuridade da profissão.
    O futebol é um negocio serio e tem que ser praticado de forma profissional, enquanto isso não ocorre vários problemas de jogadores dirigentes ou técnicos vão ocorrer por causa das infantilidades de alguns profissionais da imprensa.

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  7. Aqui em Belém, como o próprio Rogério Freitas falou acima, tem reporte/apresentador, que tenta imitar copiosamente os globais Tadeu Schmidt e o Alex Escobar do Fantástico e Globo Esporte respectivamente.

    Um desses eu falei sobre este mesmo assunto, que hoje em dia, seja em qualquer ambito profissional, os “profissionais” querem copiar os outros. Eu penso totalmente diferente, eu acho o Gerson Nogueira extremamente competente, mais se eu fosse querer seguir a mesma profissão, me espelharia nele por seu um otimo jornalista e bastante profissional, mais não iria me acomodar e tentaria ser melhor doque ele, jamais iria me dapor satisfeito.

    AVISO:

    – Seja você mesmo! Jamais tente imitar alguém, se achar legal a forma de trabalho de algum companheiro de profissão seu, não faça menos que ele, sempre tente fazer mais e bem feito, que seu trabalho será reconhecido e você será muito bem lembrado.

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