Por Gerson Nogueira
Uma vitória merecida e inquestionável. O Águia atacou o tempo todo, martelou em busca dos gols e garantiu a classificação em duas falhas da zaga remista. O fato é que o time marabaense preparou-se para a decisão, empenhando-se em atacar e pressionar o adversário. Já o Remo de Sinomar Naves repetiu os erros habituais e parecia dedicado a apenas se defender, o que, quase sempre, é meio caminho para a derrota.
O triunfo de quinta-feira parece ter subido à cabeça do treinador, que esqueceu as limitações de seu time. Ao longo do turno, o Remo se conduziu sempre aos trancos e barrancos, vencendo em lances casuais e perdendo três jogos em sequência. A virada na primeira partida da semifinal acabou deixando a imagem ilusória de que o time estaria pronto para vôos maiores. Não estava.
O primeiro tempo em Marabá foi todo do Águia, que desperdiçou três grandes chances – duas com Branco e outra com Flamel – antes dos 10 minutos. Adriano andou salvando lances difíceis, mas a zaga era constantemente envolvida. Os volantes Adenísio e Felipe Baiano devem ter ido a Marabá a passeio, pois não entraram em campo. A única boa jogada do Remo nasceu de um passe de Fábio Oliveira para Magnum, cujo chute foi bem defendido pelo goleiro Alan.
Apesar disso, no segundo tempo, Sinomar seguiu teimosamente com os dois volantes. Substituiu Magnum, cansado, por Betinho e o time continuou sem um organizador. No Águia, João Galvão tirou um volante (Diogo) e lançou um atacante (Wando). E, logo de saída, a troca surtiu efeito com o gol de Wando, após passe milimétrico de Flamel, grande articulador que jogou inteiramente sem vigilância.
Quando o técnico remista, satisfeito com a derrota parcial de 1 a 0, preparava-se para botar mais um zagueiro (Igor João) quando o Remo sofreu o segundo gol, de Branco, em novo vacilo dos zagueiros. Depois do sururu, que culminou com a agressão ao lateral Aldivan, entraram Panda e Joãozinho, sem mudar o cenário. E Balu, que foi o melhor no jogo de ida, esqueceu tudo e foi o pior em campo desta vez.
Nos 25 minutos finais, o Remo teve a bola, mas não tinha tranquilidade nem competência para fazer o gol salvador. Chances apareceram, mas Alan Peterson e Fábio Oliveira desperdiçaram.
Mas, a bem da verdade, não seria justo que o Águia fosse eliminado. Melhor equipe da fase classificatória, a equipe de Galvão confirmou essa superioridade jogando simples, atacando sempre e defendendo-se bem. Enfim, deu a lógica.
No Jurunas de antigamente, quando Teodorico Rodrigues ainda era árbitro, havia certo zagueiro que entrava em campo com uma faca peixeira sob o meião. Andou espetando vários atacantes desavisados, até que o matreiro Teodorico descobriu e passou a desarmar o beque antes do jogo suburbano começar. Esse episódio, que era conhecido quase como lenda, ganhou ontem cores de triste realidade.
O volante Alexandre Carioca, reserva do Águia, agrediu o lateral remista Aldivan com uma peça metálica (provavelmente um tripé de fotógrafo) nas costas. Aldivan caiu no gramado e teve que ser substituído, sendo depois levado a um hospital. O agressor foi conduzido a uma delegacia de polícia. Além de preso, deveria ser afastado do futebol.
O ato covarde não combina com a condição de desportista. Nosso futebol, já tão pobre e maltratado, não precisa de cenas explícitas de truculência, que afastam o torcedor e queimam ainda mais o filme do Pará lá fora.
Tão categórica quanto a classificação do Águia sobre o Remo foi a do Cametá, no sábado, frente à Tuna. Na metade do primeiro tempo, o Mapará já vencia por 2 a 0. Liquidou a fatura no começo do 2º tempo e ficou administrando, praticamente sem correr riscos, apesar de demonstrar cansaço nos instantes finais.
Marcelo Maciel foi decisivo com suas arrancadas e o artilheiro Rafael Paty provou que é mesmo o homem-gol do campeonato. Fez dois e exigiu atenção permanente. Charles Guerreiro se antecipou ao exemplo de Sinomar e manteve o time muito recuado. Quando resolveu atacar, não havia mais tempo.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 13)