Por Gerson Nogueira
O futebol, como a vida, tem sempre lá suas surpresas engatilhadas, talvez para não deixar que a coisa fique excessivamente cartesiana e previsível. O desfecho da rodada final da fase classificatória do 1º turno traz de novo essa lição. O Paissandu, eliminado na inesperada derrota para o São Raimundo, tem chances de vir a comemorar o “infortúnio” lá mais à frente. Já o Remo, que festeja (meio constrangido, é verdade) a classificação milagrosa obtida em Santarém,
pode ter que lamentar a “gloriosa derrota” em curtíssimo prazo.
A explicação é simples. O Paissandu ganhou um mês para se preparar adequadamente para a Série C, que neste ano começa cerca de uma semana depois do certame estadual. A providencial saída de cena permitirá aos dirigentes buscarem os jogadores para posições carentes na equipe e
até o técnico mais adequado para comandar o projeto de acesso à Série B.
Por vias acidentais, o Paissandu ficou diante da chamada oportunidade de ouro. Pena que os primeiros sinais emitidos pela direção do clube indiquem que a tendência é pela preservação do grupo atual, sob o comando de Nad, sem expectativa de novas contratações.
Em sentido contrário, o Remo se prepara para enfrentar o Águia nas semifinais do turno. Para avançar, o time terá que superar a queda de rendimento técnico e físico que se agravou a partir da 4ª rodada. O elenco não é melhor, nem pior que os demais, mas a maneira equivocada de jogar faz do Remo uma das equipes mais vulneráveis da competição.
Dentre os semifinalistas, exibe o pior ataque (6 gols) e uma das defesas mais vazadas (8). Mais que isso: é um grupo indefinido entre as já distantes lembranças da fase preparatória que durou seis meses e as mudanças forçadas, a partir da chegada de jogadores que não estão à altura das necessidades do time e das expectativas da torcida.
Para agravar ainda mais as coisas, a diretoria mostra hesitação para tomar as atitudes que a situação exige. Por esse ponto de vista, a classificação às semifinais pode ser um presente amargo, a ser degustado em breve, como visto nas temporadas passadas. A falsa ilusão quanto às qualidades da equipe pode vir a custar muito caro.
Alexandre Rotweiller, 33 anos, parado há meses e com óbvias credenciais de volante mordedor, chegou a ser anunciado ontem como novo reforço do Remo – o que não quer dizer muita coisa, pois todos os contratados ganham esse título de nobreza. Foi recomendado por alguém, avalizado por Sinomar, mas acabou reprovado nos testes e foi descartado. De prejuízo, o clube só teve os custos da passagem e do passeio de graça pela Cidade das Mangueiras, proporcionado ao atleta. Melhor assim, afinal de jogadores descartados pelo técnico o Baenão está superlotado.
Não tenho problemas, nem preconceitos e até gosto muito de algumas criações americanas – a música, o cinema e o basquete, para ficar em três itens. Algumas coisas, porém, são difíceis de engolir. Futebol americano, com aquela bola em formato de cacau, é um tormento. A estética do esporte não ajuda e o excesso de força obscurece até o lado da estratégia. Quem gosta ou finge apreciar, arranja sempre um jeito de ressaltar o talento dos gringos para transformar tudo em
produto comercial de primeira grandeza. É o pior dos argumentos para me convencer.
Quando algo é valorizado exclusivamente pelo valor pecuniário já cai drasticamente em meu conceito. E o simples fato de Gisele Bündchen estar torcendo ardorosamente pelo marido ianque não aumenta em nada minha boa vontade pela coisa – muito pelo contrário, se é que me
entendem.
Direto do blog
“Pensando bem, acho que foi até bom que o Remo tenha se classificado em 4°, pois dessa forma vai ter que jogar para ganhar e parece que o Remo só joga bem quando joga para ganhar. Nos jogos em que esse Sinomar entrou pensando em empatar, o Leão se deu mal. Agora não tem
jeito, vai ter que jogar no ataque. Portanto, vamos lá, Leão, eu acredito”.
De Agenor Filho, um azulino