Coluna: A difícil arte do equilíbrio

Pela voz de Luiz Mendes aprendi a torcer, ainda moleque, pelo Botafogo. Isso diz muito da minha admiração pelo homem da palavra fácil. Sempre gostei do estilo envolvente de Waldyr Amaral, mas era com Mendes que mais me identificava. Timaços botafoguenses foram glorificados em prosa e verso pelo grande locutor gaúcho.
O mundo mudou e o rádio esportivo passou a ser território dos narradores histriônicos e dos comentaristas radicais, de palavreado chulo e ânimos exaltados. Talvez o velho Mendes não tivesse mais lugar nesse ambiente de gritos e dissonâncias. Morreu ontem, aos 87 anos, unanimidade entre os seus pares, o que talvez seja a maior de todas as vitórias humanas.
Poucos cronistas esportivos foram tão aquinhoados com a arte da elegância e a virtude do equilíbrio. Acompanhei desde a adolescência as intervenções de Mendes nas grandes jornadas das rádios Globo e Continental. Tinha estilo único, voz serena, sem arroubos ou tiradas espetaculares.
No começo, era locutor – e dos bons. Responsável por narrações históricas, como nas Copas de 50, 54 e 58 (cujos áudios estão disponibilizados no Youtube), refreava a emoção, mas era sempre preciso no relato dos acontecimentos.
Anos depois, quando a voz já não segurava a narração, tornou-se comentarista, igualmente festejado por todos. Diferentemente da contundência de João Saldanha ou do fino humor de Nelson Rodrigues, Mendes impressionava pela simplicidade no uso das palavras. Vem daí a alcunha de “comentarista da palavra fácil”.
Estrelou a célebre Resenha Facit, ao lado de Nelson e Saldanha, e da mesa-redonda da TVE Rio com Achiles Chirol, Rui Porto, Washington Rodrigues e Januário de Oliveira. Sempre de espírito tranqüilo, avesso à esgrima verbal. Mas que ninguém confunda o estilo do velho Mendes com a bajulação e ausência de capacidade crítica de alguns comentaristas que invadiram a TV nos últimos tempos. Era contido, mas independente. E sempre proferindo as palavras certas. Marcou uma era e deixa saudades. 
 
 
O grupo E da Série C finalmente vai recomeçar. Como previsto, o Rio Branco desistiu das ações e o Luverdense retorna à disputa, com a excepcional vantagem de disputar 18 pontos enquanto seus concorrentes já disputaram nove pontos. O Paissandu só reestréia no dia 6, em Lucas do Rio Verde. Até lá, Andrade terá tempo de ajustar o time e formatar um novo ataque, setor fundamental nas três partidas que restam para o Papão. Afinal, para sonhar com o acesso, precisará vencer pelo menos dois jogos. 
 
 
Bastaram três bons jogos seguidos pelo Real Madri para Mano Menezes se decidir a chamar Kaká para a Seleção. A convocação vem em boa hora, quando o meio-campo precisa de um jogador de personalidade. Ronaldinho Gaúcho, apesar da boa vontade geral, não vestiu a camisa 10 como se esperava. Ganso, castigado pelas lesões, não teve tempo de se consolidar. 
 
 
A Sociedade Desportiva Paraense Ltda., primeiro clube-empresa criado no Estado para formar atletas de futebol a partir das divisões de base, já começa a mostrar a que veio. A SDP disputa a final da Copa Sesi contra o Alunorte, amanhã, às 10h, no campo do Sesi-Ananindeua, e a semifinal do Campeonato de Futebol Amador Sub-17 da FPF, domingo, no seu próprio CT em Marituba, às 9h30, contra o Curumins, de Mosqueiro.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 28)

5 comentários em “Coluna: A difícil arte do equilíbrio

  1. Nada conheço sobre a SDP, não importa. Importa sim é saber que existe algo de novo e bom propondo-se a mudar os costumes no futebol papa-chibe. Não esperemos por resultados imediatos mas temos certeza que mediatamente eles virão.

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    1. Amigo Tavernard, conheço o projeto e posso atestar que é muito bem formatado, além de estar sendo tocado por vários empresários ligados ao futebol. Acho que vamos ter boas notícias futuramente.

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  2. Gerson

    É uma pena que o Luis Mendes tenha nos deixado,ainda mais nos dias de hoje em que poucos são comentaristas de verdade,lembro quando assistia a mesa redonda da tve que além dos citados por ti,tinha tambem o Sérgio Cabral e o Gerson.O mais bacana é que nessa mesa cada um tinha um time de coração e isso era dito abertamente,nenhum deles tinha medo de apanhar na rua por revelar seu clube.

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  3. A vantagem de ser franco e transparente é que o torcedor RECONHECE e RESPEITA a opinião do profissional que é neutro, justo, equilibrado,respons´vel.Armando Nogueira por exemplo confessava sua paixão pelo Glorioso ,mas nem por isso deixava de ser um critico leal, justo , falando e apontando verdades do clube alvi-negro . Alguns profissionais da imprensa não confessam seu time de coração ,mas se percebe a paixão louca e irrefreável de alguns em suas palavras faladas ou escritas.Não adianta nada fingir neutralidade e dizer não ter time de coração, se todos que gostam de futebol desde tenra idade só criaram a paixão atrave´s de um time.Viram o caso do Andrade ?Confessou a paixão pelo Botafogo na infância, embora ao se tornar profissional a deixou de lado para atuar de forma neutra,equilibrada.

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