O radialista Luiz Mendes, um dos expoentes do jornalismo esportivo no país, morreu nesta quinta-feira, aos 87 anos. Botafoguense de coração, Mendes testemunhou, e registrou, a história do futebol brasileiro, tendo participado da cobertura de 13 Copas do Mundo. Sua morte foi causada por complicações decorrentes de leucemia linfocítica crônica, como informou a assessoria do Hospital São Lucas, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, onde estava internado desde o dia 18 de outubro. O corpo do radialista será velado no salão nobre da sede do Botafogo, que decretou três dias de luto emsua homenagem.
Mendes narrou fatos marcantes da história do futebol brasileiro, como a final da Copa de 1950, no Rio, quando o Brasil perdeu a final para o Uruguai, no episódio que ficou conhecido por “Maracanazo”, e a Copa de 1958, a primeira das cinco conquistadas pela seleção brasileira, na Suécia. Em mais de 70 anos de profissão, Luiz Mendes foi o único brasileiro a narrar a final de Copa de 1954, na Suíça. No livro “Minha gente – Luiz Mendes, o mestre da crônica esportiva do Brasil” (editora 7 Letras), a jornalista Ana Maria Pires narra a trajetória do radialista em 70 anos de carreira, desde o início como locutor de um serviço de auto-falante na cidade de Ijuí (RS), passando pela contratação pela Rádio Globo do Rio, no final de 1944, e o casamento com a atriz Daisy Lúcidi, uma estrela das radionovelas nos anos 50.
No livro, Mendes descreve sua narração no famoso gol do Uruguai. “Eu próprio fiquei tão perplexo na hora do gol, que dei nove inflexões diferentes ao gol. Eu fui narrando normalmente, “Gol do Uruguai!”. Depois, Gol do Uruguai? Gol do Uruguai, senhores! Gol do Uruguai… Gol do Uruguai… E fui assim, trocando de inflexão, até chegar à nona. Acho que fiz aquilo para despertar a mim mesmo e começar a falar como havia sido o gol, o que tinha acontecido e o que poderia acontecer, pois faltavam poucos minutos para o final da partida. Naquele momento, senti que a Copa do Mundo estava indo embora como água que corre pelos vãos dos dedos, algo que não se consegue segurar. O sentimento era cristalino. (…) Foi uma coisa terrível”, diz o radialista em trecho do livro.
Além da Rádio Globo, Luiz Mendes trabalhou também na Rádio Farroupilha,TV Rio, TV Globo, Rádio Continental, TV Educativa e TV Tupi e escreveu quatro livros sobre futebol: “As Táticas do Futebol Brasileiro – Da Pelada à Pelé (1963), “As Táticas do Futebol (Antigas e Atuais) (1979), “Futebol Regras e Táticas (1979) e “Sete (7) Mil Horas de Futebol” (1999). (Com informações de G1 e ESPN)
Dos bons tempos do rádio, contemporâneo de Jorge Cury, Valdir Amaral, Ruy Porto e Mário Vianna.
Que Deus o tenha em Sua glória.
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O da palavra fácil.
Aproveito as informações em meu blogue.
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Diria Carlos Drummond sobre Luiz mendes”Morreu coisa nenhuma sua obra está aí para constatarmos”.
Que Deus tenha levado para bom descanso.
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É bom que não confudam ele com o pai do jogador Mendes que defendeu o papão este ano.
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Ao Luiz Mendes some-se além da palavra fácil a elegancia das expressões. Hoje (sem derespeitar muitos) existem poucos cultuando essa linha, o também gaucho Ruy Ostermam é um deles.
Luiz Mendes nunca embarcou na linha dos comentaristas ” realmente técnicos ” . Explicava e não enrolava. Que a sua alma descanse em paz.
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No final da década de 80 e nos primórdios dos anos 90, eu não perdia a mesa redonda (esqueci o nome do programa) mediado pelo saudoso Januário de Oliveira com a presença de craques da palavra, entre os quais, Luiz Mendes, na TVE a noite. Após o debate, o tape completo de algum jogo do Maracanã na voz de Januário e seu bordão: “Taí o que você queria, bola rolando no Maracanã”. Lá, Luiz Mendes advogou com outro papa da palavra, a exclusividade de escalar jogadores que atuassem no Brasil, nos jogos da seleção. Luiz pontuava com serenidade o debate, sempre acompanhado pelo moderadísimo L. Werneck. Nenhum programa atual do mesmo formato, tinha a qualidade daquele. Grande Luiz. Época de vida inteligente nos programas esportivos. Agora temos que aturar: Neto, Edmundo, Denílson, China, Bad Boy (melhor parar por aqui). Tenho a impressão que Deus anda investindo pesado em suas contratações. O diabo que duvide…
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Bem lembrado Cássio! O Januário de Oliveira além de ser craque era divertido com algumas expressões e chavões. E as coisas ficavam mesmo hilárias quando o “canhotinha de ouro” Gerson se punha a comentar os jogos narrados por Januário. Vale lembrar ainda que o termo “cruel” se popularizou e escorregou para o vocabulário coloquial nacional, dentre outros contribuintes, a partir de Januário de Oliveira, o que em suas exclamações e bordões era a afirmação da “alta periculosidade” dos artilheiros: “cruel, muito cruel o atacante do Botafogo”, quando se referia a Túlio; “Super, Super Ézio! Cruel, muito cruel o atacante do Fluminense” e etc.
Quanto aos debates esportivos atuais, gosto dos programas da ESPN Brasil, embora às vezes tenham um certo ar blasé. O pessoal da Sportv é muito dado às obviedades e na Band, Gazeta e afins prevalece o corinthianismo puro e escancarado, além de certas bestialidades. Mas concordo que o charme, a acuidade das informações e a clareza e elegância das notícias e debates sobre o esporte nacional hoje são artigos de luxo. São coisas dos tempos de outrora.
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Mesmo tendo pasado uns 5, ou mais anos longe do futebol , eu jamais confundiria , nem os desportistas em geral o Luis MENDES GAÚCHO , participante de 13 copas do mundo , Botafoguense com SILVIO Mendes , jornalista ,radialista baiano , pai do jogador Mendes, muito bom ,mas com todo respeito muito longe de Luis MENDES.
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