Por Nélio Palheta (*)
Estão chovendo comentários sobre Caso do Bruno na internet. E muito humor de mau gosto, principalmente porque trata a vítima como prostituta. Não vi, mas alguém já deve ter dito: “Bem feito… Também, com a vida que levada, ia mesmo acabar do jeito que acabou”. O assunto é muito sério para ser tratado assim – seja para se escapar do choque que a morte de Eliza provocou, seja principalmente para fazer humor de mau gosto. É uma estupidez! E não é porque se tratam de criminosos e de Eliza, que levou a vida que levou e tendo o pai condenado por crime de pedofilia, inclusive, que mereçam os comentários desairosos.
Se adicionássemos à leitura do Caso Bruno (e de tantos outros com o mesmo grau de violência – lembremos do Caso Isabela Nardone do Caso Irmãos Novelino, no Pará) uma dose de sentimento cristão, haveríamos de ter compaixão de Eliza Salmúdio, Bruno e demais, afinal, todos são Filhos de Deus. De Eliza, por ter sido vítima de gestos tão estúpidos quanto desumanos, e por ter vivido como viveu, e de seus algozes; principalmente de Bruno por ter chegado aonde chegou, numa combinação de fatores humanos recheada, certamente, pela carência de educação, que ele compensou com o dinheiro fácil do futebol. Há de se ter pena dele por ter perdido a razão; ter valorizado o prazer e desprezado a moral (e qual moral não carrega sua carga de cristianismo?); ter experimentado a soberba, a prepotência e faltado com a humildade. E por ser ignorante! Tenha-se compaixão dos demais acusados do crime porque ímpios, todos de alma igualmente carentes de socorro espiritual.
O Evangelho é rico, riquíssimo de mensagens que, se não quisermos tomá-las como catequéticas, servem não só para consolidarmos a fé em Cristo, mas também para formar o caráter, refinar os comportamentos, lapidar as atitudes, praticar o amor pelo semelhante. Leiam, além dos Evangelhos, o Livro do Eclesiastes e o Livro do Eclesiástico. No mínimo são excelentes regras de autoajuda, mas tudo inspirado na Lei Maior, a Lei de Deus). Conteúdo que é tudo que leva o ser humano a ter respeito pelo direito dos outros, seja a simples atitude de não furar a fila na porta do estádio ou do banco, seja por respeito à própria vida e, principalmente, pelo dever de obedecer ao Primeiro Mandamento: “Não Matarás”. É do Evangelho de São Mateus (22.37:40) que se pode retirar boa síntese de tudo isso: “Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (Mt 22.37-40).
Basta isso para compensarmos a centralização do mundo no homem, simplesmente. Minha crença leva-me a acreditar que só o afastamento de Deus leva o homem a atitudes e gestos tão mórbidos, tão violentos e também a outros crimes inqualificáveis como a pedofilia. Na falta de melhor compreensão da vida por meio do respeito aos direitos pessoais e alheios, do amor e da moral, Talvez o excesso de auto-estima, o prazer pelo prazer (já viram como se usa o automóvel, agora verdadeiro instrumento de prepotência no trânsito, incluindo as caixas de som?) – explicado pela psicologia humanista (“todos nós nascemos bons, a sociedade é a culpada…”) – tenha contribuído para levar o homem à última conseqüência do ego. Perdemos a medida de todas as coisas?
A Bíblia nos ensina que foi o ego exatamente que disparou a cobiça do homem pelo Jardim do Éden. Nada contra o prazer, a satisfação, o conforto. Deus não criou o homem para sofrer, mas para ser feliz! Mas a liberdade que Ele também nos concedeu, permitiu o homem a fazer suas escolhas. E quase sempre escolhemos errado: trair, mentir, roubar, matar. E tudo nos foi dado segundo a Lei Dele. A questão foi que o homem esqueceu essa Lei e se reduziu ao amor-próprio, a auto-estima, a auto-realização e auto muitas coisas mais.
Experimentados por pessoas como Bruno (e a própria Eliza, levando a vida que levou de aventura, de prazer, sexo nada gratuito e baladas) são sentimentos que fazem o homem perder a fé, a razão e a moral. O resultado é explosivo, sempre!
(*) Nélio Palheta é jornalista e publicitário
So faltou o espaco em branco pra assinar. Parabens.
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É um verdeiro absurdo como algumas pessoas tratam este caso, nossa sociedade perdeu seus escrúpulos, sua seriedade, ninguém sabe o que é respeito, ordem, enfim vejo que estas banalidades como muito grave para as gerações não tão futuras, mas a luz vermelha está acesa e a sociedade não percebe, crime como estes e outros tantos deveriam ser melhor discutidos com a sociedade , matar virou algo banal, esta é a leitura que adultos e crianças fazem, sem se dar conta do valor da vida .
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Isso se chama impunidade. Se tratar o caso à ferro (pena de morte) muita coisa muda.
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O Sr. Nélio em parte tem razão. Mas, não é só o foco religioso que se dá ao caso. São muitas variantes que passaram por este caso do goleiro, e que culminaram com desfecho macabro. Há que pensar no princípio da educação “em casa”, respeito aos pais e aos demais – que ele, Bruno não teve. Imediatismo/consumismo desvairados e, a nossa caquética/lenta e, em alguns casos, corrompida justiça, tambem fazem parte, negativamente, do processo. Em 10.07.10, Marabá-PA.
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Concordo.Mas para não parecer demagogia, como trabalhar em um veículo de comunicação comandado pelos barbalhos??? acho que não dá neste caso, pra nenhum jornalista exercer sua imparcialidade, não que o grupo ORM seja diferente. Pra resumir, pobres jornalistas paraenses, pobre sociedade paraense.
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Não entendi de onde vem a associação entre o goleiro destrambelhado e minha vinculação profissional. Respeito sua opinião, mas lamento desapontá-lo: demagogia nunca foi meu forte, cabra. E se você crê na utópica imparcialidade absoluta, parabéns. Nunca apostei um pingo nessa falácia. Quanto a julgar/condenar as pessoas, deixo isso para a Justiça. Meu ofício é outro e, ao contrário do que pensa, tenho muito orgulho do trabalho que faço há exatos 34 anos.
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Ao Sergio Costa:
Tu queres dizer que o caráter de uma pessoa é vinculada as relações profissionais que ela exerce?
Que infantil!
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O caso Bruno é uma mistura de falta de educação, impunidade, anbição e consciência social. Eles são motivo de pena.
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