Acusado de sequestro, goleiro se entrega

O assunto tem mais a ver com a crônica policial, mas envolve um atleta de futebol e precisa ser abordado. O goleiro Bruno, do Flamengo, e seu amigo Luiz Henrique Ferreira Romão, o “Macarrão”, se entregaram nesta quarta-feira à noite na sede da Polinter, no Andaraí, Zona Norte do Rio. Chegaram acompanhados do chefe do Setor de Investigações da Polinter, Ricardo Wilke, da delegada Roberta Carvalho, titular da especializada, e de dois advogados, entre eles Michel Assef Filho. Na madrugada desta quarta-feira, a Justiça acatou o pedido de prisão temporária de cinco dias contra o jogador, acusado pelo sumiço e possível morte da amante, Eliza Samudio.

Um dos advogados disse que Bruno e Macarrão se apresentaram por livre e espontânea vontade, já que não foi apresentado nenhum mandado de prisão. O advogado disse ainda que Bruno está indignado, pois estarua sendo acusado de algo que não fez.Eliza teve um relacionamento com o goleiro Bruno, do Flamengo, no ano passado. Ela tentava provar, na Justiça, que teve um filho do atleta. A jovem está desaparecida desde o início de junho. A polícia diz que Bruno é suspeito de envolvimento no caso. De acordo com a polícia, o sumiço de Eliza começou a ser investigado após denúncias de que ela havia sido agredida no sítio que pertence ao jogador Bruno, em Esmeraldas (MG). (Com informações do Extra)

Espanha e Holanda se enfrentam em final inédita

Foi um jogo feio no primeiro tempo. Apenas marcação e pegada forte, quase nenhum drible ou jogada individual mais inspirada. O melhor estava reservado para o segundo tempo, quando a Espanha pôs a bola no chão e conseguiu envolver a forte equipe alemã, através de incursões dos meias Iniesta e Xavi, principalmente este, autor de pelo menos onze grandes lançamentos na partida. De tanto pressionar, a Fúria acabou chegando ao gol, em sensacional cabeceio de Puyol escorando um tiro de canto.

O gol veio fazer justiça ao futebol mais vistoso e de toques da Fúria. Optando pelos contragolpes depois do gol, a equipe de Del Bosque teve três outras grandes de ampliar, nos pés de David Villa, Pedro e Xabi Alonso. A Alemanha, cujo futebol havia impressionado na goleada sobre os argentinos, não teve criatividade para reverter o placar negativo. Joachim Löw postou seu time excessivamente atrás no primeiro tempo e, quando resolveu atacar, não havia mais tempo, nem fôlego para isso.

Vitória merecida, que põe a Espanha pela primeira vez numa final de Copa do Mundo, para brigar com a Holanda por um título inédito. Será, sem dúvida, uma decisão empolgante, de times que valorizam o futebol de habilidade.

Na hora da decisão, alemães polemizam

Tem tudo para ser o grande duelo da Copa até aqui. Na reedição da final da Eurocopa de 2008, Alemanha e Espanha entram em campo no estádio Moses Mabhida, em Durban, às 15h30 (horário de Belém) brigando pela outra vaga na decisão do Mundial diante da Holanda, que eliminou o Uruguai na terça-feira. O futebol técnico e de rápidos contra-ataques da seleção comandada pelo técnico Joachim Löw é a grande sensação da Copa, superando a Espanha, apontada antes do início do Mundial como a mais forte candidata a apresentar o “futebol-arte” pela qualidade de seus jogadores. Mas é fora de campo que os alemães encaram um adversário inesperado: a polêmica envolvendo o meia Michael Ballack, que sequer está disputando a competição.

Ballack, até então capitão do time de Löw, sofreu uma grave lesão nos ligamentos do tornozelo direito às vésperas do início da Copa, em uma partida de seu time, o Chelsea, contra o Portsmouth, pela final da Copa da Inglaterra. Na ocasião, o alemão recebeu uma dura entrada do ganês Kevin-Prince Boateng e teve de ser cortado da lista de convocados para o Mundial. Após o baque inicial por perder seu capitão e até então considerado melhor jogador, a seleção encontrou soluções em seu próprio elenco. Com um futebol eficiente e vistoso, Löw formou um fortíssimo meio-de-campo com jogadores como Khedira, Özil e Schweinsteiger, que conduziram os tricampeões a goleadas históricas como os 4 a 1 sobre a Inglaterra (pelas oitavas de final) e os 4 a 0 contra a Argentina (quartas). Ballack não fez falta à equipe.

Por conta do ótimo momento da Alemanha, a polêmica a respeito da faixa de capitão e do próprio aproveitamento de Ballack no time titular após a Copa foi inevitável. Capitão do tri mundial do time em 1990, na Itália, o ex-craque Lothar Matthäus disse publicamente que Ballack “deveria se aposentar da seleção”. “Eu acho que o time joga melhor sem ele”, disparou. Sobre o novo capitão do time, Matthäus foi enfático: “Outros jogadores já assumiram essa liderança, há novas hierarquias. Ele tem que renunciar.” Questionado sobre as declarações do ex-jogador, Ballack preferiu não alimentar a polêmica: “Eu não quero falar sobre isso”, minimizou.

O problema é que o capitão da Alemanha na África do Sul, o lateral Philipp Lahm, também se manifestou publicamente e admitiu que não pretende entregar tão cedo a faixa de capitão, que lhe caiu muito bem na Copa. Nesta quarta-feira, em artigo publicado no diário Bild, o maior jogador da história do futebol alemão, o “kaiser” Franz Beckenbauer, também sinalizou que Ballack poderia perder a tarja após o Mundial. “Essa discussão vem em má hora. Precisamos de Michel Ballack depois da Copa? Sim. Desde que ele esteja com 100% de suas condições e em boa forma. Se ele será o capitão ou não, isso não é importante”, escreveu Beckenbauer, que ainda sugeriu que Lahm ou o jovem Schweinsteiger assumissem esse posto. (Com informações de Marca, ESPN, UOL e Ás)

Na casa de Mandela em Soweto

Um líder político adorado por seu povo. Assim é Nelson Mandela, herói da luta contra o apartheid na África do Sul. Nas ruas, em qualquer ambiente, pessoas dos mais diferentes níveis sócio-econômicos são unânimes em apontá-lo como o grande pai deste país. Ruas, escolas, estádios, pontes, teatros e até shopping levam seu nome, atestando a importância da história que ele construiu, ironicamente na maioria do tempo trancafiado na prisão.

Na Nelson Mandela House, pequeno museu que funciona na casa em que ele morou até ser preso, como ativista do Conselho Nacional Africano, centenas de pessoas do mundo inteiro passam para fazer visitas diárias, procurando aprender um pouco mais sobre sua história ou simplesmente guardar uma lembrança, tirar fotografias e assistir a um dos muitos documentários sobre o homem.

Os guias, um deles falando português fluentemente, relembram os passos da caminhada de Mandela, desde o paupérrimo bairro de Soweto, onde viveu ao lado da primeira esposa (Winnie) e da segunda (Evelyn). Um dos itens mais destacados é a célebre Carta de Michigan (julho de 1990), na qual líderes das principais nações do mundo pediam a libertação de Mandela. O dado mais curioso é a ausência da assinatura do presidente americano de então, George Bush, que se recusou a engrossar a pressão internacional em favor do famoso preso político.

Em determinado ponto da visitação, uma das guias aponta uma das fotos de Mandela em meio aos companheiros de partido e de luta anti-segregação e solta a exclamação. “Lula é o nome dele, um grande presidente”, homenageando aquele a quem Barack Obama chamou de “o cara”. Na saída do grupo de brasileiros, ela repete um dos motes mais conhecidos das greves dos metalúrgicos do ABC paulista: “O povo unido jamais será vencido”.

Soweto, o bairro negro que Mandela ajudou a celebrizar, vive dias de paz. Suas ruas estão cada vez mais amplas e as casas bem mais bonitas e cuidadas que há 40 anos, mas grande parte da imensa população ainda vive em condições de miséria. A luta tem que continuar.

Conexão África (30)

Até a última gota de sangue

Depois de ver, no telão 3D hiper-realista do Centro de Imprensa, Holanda e Uruguai decidirem a primeira semifinal, pensei em escrever sobre esse duo cada vez mais afinado, Sneijder e Robben. Mesmo quando não oferecem um show de bola – e ainda estão devendo isso -, conseguem resolver as coisas. Não por acaso, o baixinho já é artilheiro da competição. A eles, a Holanda deve bastante de sua chegada a uma final de Copa do Mundo 32 anos depois. São personagens fundamentais desses derradeiros momentos do evento máximo do futebol.
Mas, apesar de todo o mérito embutido na impressionante campanha nederlandesa (seis jogos, seis vitórias), não tive como ficar indiferente a esse surpreendente Uruguai. Antes de mais nada, é preciso dizer que a seleção de Oscar Tabárez traz a marca inconfundível do futebol que celebrizou seu belo país ao longo da história. Só por isso já lhe cabem todos os louvores possíveis. De uma seleção espera-se que saiba representar dignamente seu país. Os guerreiros liderados por Forlán reproduziram, em cores modernas, a raça e a fibra inquebrantável de ilustres antepassados, como o lendário caudilho Obdúlio Varela, o inexpugnável Roque Máspoli e o maestro Pedro Rocha.
Quando a Copa começou, duvido que alguém tivesse coragem de atribuir ao Uruguai um papel relevante no torneio. Na verdade, o time se inseria naquele grupo intermediário dos que nada aspiram na competição, a não ser sair sem dar maiores vexames. Era esse o comportamento que todos julgavam competir à Celeste Olímpica. Qualquer conversa que girasse sobre prognósticos incluía, no capítulo sul-americano, as referências obrigatórias ao Brasil e à Argentina.
Por concessão, ainda se falava de raspão no Paraguai, mas o Uruguai e o Chile eram solenemente ignorados. No caso uruguaio, havia uma explicação lógica: a classificação foi obtida no apagar das luzes, na repescagem contra Costa Rica. Contra toda essa descrença, Tabárez foi construindo sua caminhada na competição. Centrado numa defesa forte, às vezes até dura demais, a seleção tinha como pontos fortes os atacantes Suárez e Forlán. Nada mais que isso, com o detalhe incômodo de que o meio-campo é sofrível, sem técnica e pouquíssima qualidade de passe. Os ataques nascem,
invariavelmente, de ligações diretas do goleiro Muslera para a correria dos avantes. Sempre que há necessidade de resolver um enrosco na meia cancha, os meias dão caneladas e são facilmente anulados.
Pois, apesar dessas terríveis fragilidades, amplificadas quando ocorrem numa Copa do Mundo, o Uruguai não arrefeceu o ânimo de cumprir um traçado redentor na África do Sul. Passou com alguma tranquilidade pela primeira fase do torneio e chegou às oitavas. Superou então os sul-coreanos e marchou para a batalha das quartas, contra Gana. Venceu, com pinceladas de dramaticidade e heroísmo. Surpresa no país da Copa. Enquanto os gigantes Brasil e Argentina enrolavam a bandeira mais cedo, Forlán e seus companheiros avançavam. Os eternos favoritos saíam de cena, abrindo espaço para o penetra da festa.
O confronto de ontem contra a Holanda era uma batalha quase perdida. De um lado, a técnica e o apuro ofensivo. Do outro, a defesa firme e a velha fibra. Os estetas acreditavam desde sempre na Holanda, que não perde desde 2008, que tem craques à disposição e que não tem medo de cara feia. Ainda assim, o Uruguai se portou com valentia e destemor. Foi melhor no primeiro tempo. Sofreu o primeiro gol, mas igualou logo a seguir. Deu o azar no chute que Van Bronckhorst salvou em cima da linha logo no reinício do segundo tempo. E mais ainda quando Sneijder achou o desempate, num chute rasteiro de fora da área. Piorou tudo, em seguida, no cabeceio certeiro de Robben.
Com 3 a 1 no placar, imaginei que os vizinhos de continente iriam jogar a toalha, como o Brasil de Felipe Melo há menos de uma semana. Ledo engano. Nos últimos minutos, o sangue e o orgulho falaram mais alto. E aí se desenrolaram alguns minutos memoráveis desta Copa. Mesmo diante da derrota iminente, um Uruguai lutador, incansável, jamais aceitando se dobrar ao inimigo. Veio um pequeno prêmio, nos acréscimos, com o gol de Maxi Pereira. Nos três minutos que restavam, os bravos se agarraram ao último fio de esperança e foram à frente em busca do milagre, que não veio. Mas um outro já estava sacramentado: a volta triunfal à elite do futebol, que quase ninguém julgava ser mais possível.

Show de elegância na leitura do jogo

Tão firme quanto seu time foi a postura equilibrada e orgulhosa de Oscar Tabárez depois da batalha. Na entrevista coletiva, onde normalmente os pobres de espírito destilam seus ressentimentos, o comandante foi preciso. Com a elegância dos grandes desportistas, Tabárez disse que sentia muito orgulho do que seus jogadores fizeram até aqui. Passou por cima, elegantemente, do clamoroso impedimento no lance do segundo gol holandês. Nem reclamou do penal cometido no fim do primeiro tempo sobre Pereira. “Se fosse para escolher uma maneira de perder, seria essa”, resumiu, demonstrando plena consciência do valor da empreitada. Foi, de longe, a frase mais edificante desta Copa, uma perfeita tradução do verdadeiro sentido de uma derrota.

Corrida pela Seleção ainda indefinida

O burburinho em torno da escolha do novo treinador da Seleção produz situações curiosas. Quase todos os nomes citados fazem um esforço danado para esconder que estão em campanha pelo cargo. Leonardo, até o momento, foi o único assumir abertamente o interesse. Aqui em Johanesburgo, onde acontece hoje a grande festa da CBF para dar o pontapé inicial para 2014, há quem garanta que o ex-técnico do Milan só será o eleito se aceitar ser uma espécie de esquenta-banco para Felipão. Enquanto isso, um outro nome corre por fora e começa a ser mencionado em todas as especulações: Ricardo Gomes, que já dirigiu uma seleção olímpica e tem boa experiência internacional, embora sem as credenciais do campeão mundial de 2002.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 7)