Leonardo cotado para assumir Seleção

Leonardo, ex-Milan, está praticamente acertado com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para assumir o comando da seleção brasileira. A informação foi obtida pela ESPN Brasil nesta segunda-feira e divulgada durante a gravação do programa Linha de Passe, que vai ao ar a partir das 21h. Segundo informações obtidas junto a uma fonte da ESPN, o ex-treinador do Milan já estaria 90% acertado com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Leonardo seria uma aposta semelhante àquela que foi feita com Dunga após a Copa do Mundo de 2006: a opção por um técnico sem grande experiência na carreira.

Ao contrário de Dunga, no entanto, Leonardo tem boa relação com a imprensa e não criaria tantas zonas de atrito como as que foram criadas pelo ex-treinador da seleção, acredita Teixeira. Além disso, também se encaixaria no perfil de “técnico tampão”: poderia ficar no cargo até que um nome de mais peso, como Luiz Felipe Scolari, pudesse se desligar do Palmeiras após o cumprimento de seu contrato, em 2012. Neste caso, Felipão teria caminho aberto para voltar ao comando da Seleção, e Leonardo poderia ser deslocado à função de auxiliar-técnico, já com vistas à Copa de 2014.

Com o possível anúncio de Leonardo como novo técnico do Brasil, também abre-se a possibilidade de um possível retorno de Ronaldinho Gaúcho à equipe. O treinador comandou Gaúcho no Milan e, pouco antes da Copa, defendeu abertamente a convocação do jogador entre os 23 chamados por Dunga para a África do Sul. A CBF prometeu divulgar até o fim do mês o nome do novo técnico do Brasil, além dos demais componentes da comissão técnica, inteiramente dissolvida por Ricardo Teixeira após o Mundial da África do Sul. Além de Leonardo e Felipão, outros nomes cotados são Mano Menezes (Corinthians), Ricardo Gomes (São Paulo), Vanderlei Luxemburgo (Atlético-MG) e Muricy Ramalho (Fluminense). (Da ESPN)

Se confirmada a informação, Teixeira continua apostando na invenção. 

Conexão África (28)

Que as invenções parem por aqui

Quando Dunga assumiu a função de técnico do Brasil, fui um dos primeiros a questionar tal escolha. Escrevi a respeito, bestificado com a surpreendente decisão da CBF. Não podia dar certo. Nunca vi no ex-capitão da Seleção o perfil certo para tamanha responsabilidade. Tinha em mente as explosões do jogador quando disputou a Copa do Mundo de 1994, chegando mesmo a gritar com Bebeto em campo, para fazer prevalecer o tal espírito de liderança. Nunca engoli esse tipo de ascendência. Claro que esbravejava com Bebeto porque era o mais frágil de todos naquele time. Duvido que fizesse o mesmo com um Romário ou um Branco, por exemplo. É o típico caso da valentia calculada, que jamais me impressionou.
Na prática, Dunga foi uma invenção que durou tempo demais. Foi chamado, inicialmente, para tentar arrumar a casa depois do fiasco na Copa de 2006. Repetia isso sempre, mostrando que tinha consciência de sua interinidade. Ocorre que foi ficando, ganhou torneios (Copa América, Copa das Confederações) e classificou bem a Seleção nas eliminatórias sul-americanas. Mais que isso: conseguiu bater a Argentina seguidamente, por escores dilatados, um dos quais lá em Buenos Aires.
Diante disso, a CBF não teve outra saída a não ser mantê-lo como técnico efetivo, sempre com endosso da opinião pública, que aprendeu a vê-lo como um misto de bedel e capataz. E que ninguém me pergunte a razão desse estranho pendor dos brasileiros por sujeitos metidos a atrabiliários. Só isso explica que, em plena crise entre Dunga e os jornalistas que cobriam a Seleção na África do Sul, um contingente cada vez maior de pessoas entoasse loas ao comportamento errático do destemperado treinador. Não importa que, a cada entrevista, ele reagisse com rispidez a qualquer pergunta não positiva.
É fato que todas as restrições iniciais foram sendo derrubadas pelos resultados. Nada mais coerente. Dunga é, por essência, um apóstolo do futebol de resultados, que, como se sabe, é um conceito vazio em si mesmo. Dura exatamente o tempo das conquistas, mas não deixa aquele rastro de satisfação que acompanha os grandes feitos. É o resultado pelo resultado. Há quem goste. Os mais exigentes preferem feitos menos efêmeros, mais significativos.
Dunga nunca aceitou essa distinção. Detestava a simples menção a algum tipo de vida inteligente fora das fronteiras do futebol pragmático.
Abespinhava-se sempre que alguém lembrava a diferença entre os “perdedores” de 1982 e os “vencedores” de 1994. Via nisso uma ofensa sem tamanho. Esse duelo conceitual acompanhou todo o período de sua gestão no escrete. Assessorado por um Jorginho cada vez mais messiânico, passou a acreditar no poder de transformar o futebol brasileiro. Queria que seus jogadores funcionassem à sua imagem, jogassem como dunguinhas amestrados. Quase conseguiu. Até o afável Kaká andou vestindo essa roupaentrando no formato, destilando ressentimento e mau humor contra jornalistas.
Felipe Melo, obviamente, foi sua criação mais que perfeita. Até nas entrevistas fazia questão de reproduzir os ensinamentos da caserna. Dunga caprichou tanto no clone que viu-se obrigado a defendê-lo publicamente depois da sanguínea atuação do volante durante a Copa. Foram dois jogos marcantes, contra Portugal, quando foi substituído antes de sair no tapa com um adversário, e diante dos holandeses, quando pisou a perna de Robben e deixou seus companheiros de time a ver navios. Mas deve ter saído de alma lavada, afinal foi fiel aos princípios de seu mestre.
Dunga cometeu inúmeros erros, que devem ser perdoados pela sua inexperiência para o cargo. Cometeu, porém, falhas imperdoáveis para alguém que sempre militou no futebol. Alguém que, por obrigação, deveria saber distinguir um reles perna-de-pau de um craque. Andou frequentando estádios para acompanhar a apresentação de alguns jogadores, mas ao escolher os 23 da Copa fechou-se na cômoda posição de lealdade aos comandados da primeira hora, como se o futebol não fosse tão dinâmico e sujeito a alterações de última hora. Formou seu time com a parcimônia e o conservadorismo dos burocratas. Foi tão zeloso nisso que terminou por esquecer de levar craques na bagagem.
Sua única concessão à essência do futebol brasileiro foi a presença de Kaká, ainda assim sem as condições necessárias para encarar um torneio tão exigente e seletivo. Quando foi cobrado sobre essa avareza em relação aos talentosos, repetia o mantra da lealdade e a cantilena da regularidade. Sim, Júlio Batista é regular na mediocridade. Sempre foi medíocre, nunca destoou disso. Josué, idem. Kleberson e Felipe Melo, também. Em nome do rigor
castrense, deixou de lado a mínima possibilidade de surpresas ou improvisos. Ganso, Neymar, Diego e Ronaldinho foram menosprezados. Na cabeça do Capitão do Mato e seu assistente, o grupo escolhido era capaz de resistir a qualquer acidente de percurso. Todo mundo sabia que não seria bem assim. E não foi.
Quando atende o clamor da massa e afasta a comissão técnica de resultados, a CBF age corretamente. Continuará no caminho certo se entender que o futebol brasileiro, palco da próxima Copa, não pode ser entregue a inimigos da ofensividade. Nossa história está repleta de craques, todos do meio pra frente. Nossas seleções sempre tiveram fartura de gols. É hora de respeitar esse fabuloso passado. Chega de invencionices.

É tempo de voltar à normalidade

Dos nomes citados nas últimas horas, três despontam como favoritos. Luís Felipe Scolari, Vanderlei Luxemburgo e Mano Menezes. A zebra é o atual técnico corintiano, de poucas conquistas e currículo ainda raquítico. Prefiro que os donos da Seleção escolham Luxemburgo, por ser um treinador afeito ao futebol ofensivo, de raízes essencialmente brasileiras. Felipão tem o mérito da conquista de 2002, mas, a exemplo de Mano, tem predileção por esquemas fechados. O país do futebol não pode se apresentar em 2014, diante de sua gente, com esquema defensivista e medroso. É hora de romper com essas bobagens de melhor defesa do mundo. Que se restaure a normalidade e que o Brasil volte a ser conhecido (e respeitado) como o berço dos melhores meias e atacantes do planeta.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 5)

Palmeiras admite “dividir” treinador

Felipão, se depender do Palmeiras, será o novo técnico da Seleção. O clube já admite a possibilidade de dividir Scolari com  o escrete. Inicialmente, o presidente Luiz Gonzaga Belluzzo não admitia a partilha, mas hoje pela manhã já mudou o tom do discurso. “O Palmeiras não acha conveniente [dividir o treinador com a Seleção], mas não pode se opor de maneira intransigente. Preciso conversar com o Felipão e saber qual o interesse dele”, afirmou o dirigente. A conversa deve ocorrer na próxima semana, quando Felipão chega ao Brasil (ele está aqui na África do Sul, comentando jogos para o canal Super Sports).

Durante a negociação, Scolari e Palmeiras conversaram sobre a possibilidade de o treinador voltar à Seleção. No fim, os dois lados preferiram não estabelecer regra rígida nem estipular cláusulas contratuais. A porta, porém, ficou aberta e o acordo entre as partes vale até o fim de 2012, mas só será assinado semana que vem. “Se vier [convite da CBF], a gente conversa. Também dá para ele conduzir o Palmeiras e a Seleção paralelamente”, disse o vice de futebol Gilberto Cipullo. (Da ESPN)

Teixeira: escolha de técnico não terá surpresa

Um dia depois da demissão sumária do técnico Dunga, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, deu entrevista ao ‘Sportv’ e evitou críticas diretas ao ex-comandante da Seleção. O dirigente ainda confirmou que planeja anunciar um novo treinador antes do próximo amistoso do Brasil, diante dos Estados Unidos, em agosto. Teixeira se esquivou das perguntas sobre os possíveis favoritos ao cargo, mas garantiu que não haverá surpresas e, em princípio, a idéia é que o escolhido comande também o time olímpico.

Teixeira ainda citou a juventude das outras seleções do Mundial, entre elas a Alemanha, que vem apresentado um bom futebol e possui vários jogadores novos em seu elenco. No Brasil, só Ramires tinha menos de 23 anos, enquanto vários atletas possuíam mais de 30. Apesar disso, o dirigente evitou polemizar e criticar a convocação de Dunga. Sobre a demissão após o fracasso brasileiro na África do Sul, Teixeira afirmou que esta é uma prática comum na CBF e que já ocorreu em todas as últimas Copas, masmo nas conquistas de 1994 e de 2002. Segundo o dirigente, isto contribui para a renovação do trabalho na Seleção. Desta vez, porém, afirmou que o projeto será realmente de longo prazo.

“Ou formamos uma seleção nova, ou formamos uma seleção nova. Não tem opção! Vamos ter que fazer sacrifícios e talvez o resultado não neha logo no começo”, disse Teixeira, em tom solene. A única ‘cutucada’ mais forte no ex-treinador da Seleção ficou por conta de seu temperamento. Questionado sobre o comportamento intempestivo de Dunga, Teixeira disse que, como presidente da CBF, não poderia invadir o campo para bater no juiz porque isso interferiria no rendimento dos jogadores. Além disso, o cartola criticou o nervosismo brasileiro em campo após o gol de empate da Holanda no duelo das quartas de final. Para ele, o time ficou “completamente fora do esquadro e tinha até zagueiro jogando de ponta de lança”.

Teixeira só esqueceu de pedir desculpas pela tosca escolha de Dunga para dirigir a Seleção.

Argentinos recebem seleção sob aplausos

Milhares de pessoas receberam hoje a seleção argentina no retorno da equipe a Buenos Aires, após a eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo. O time, que chegou ao aeroporto internacional de Ezeiza, foi levado da pista em um ônibus com escolta policial à sede da Associação de Futebol Argentina (AFA), onde se aglomeravam milhares de torcedores para saudar os jogadores. A seleção foi recebida nas proximidades da AFA aos gritos de “Argentina” e “Aguente, Diego” pelos torcedores, em sua maioria vestidos com a camisa da seleção e levando bandeiras argentinas e cartazes com palavras apoio a Maradona. A goleada de 4 a 0 sofrida para a Alemanha pôs em dúvida a permanência de Maradona à frente da seleção depois de o próprio técnico abrir a possibilidade de sua demissão. A imprensa argentina dedicou hoje amplos espaços às especulações sobre o futuro do técnico, enquanto seus admiradores inundaram os sites na internet com mensagens de apoio. O presidente da AFA, Julio Grondona, pediu a Maradona que comande a seleção no amistoso de agosto, contra a Irlanda, em Dublin. (Com informações da ESPN)

Quem planta, colhe. Viva El Pibe.