Seleção deve continuar sob comando gaúcho

Vanderlei Luxemburgo, Muricy Ramalho, Abel, Paulo Autuori e até o novato Paulo Silas. Todos integram a lista de técnicos mencionados para substituir Dunga no comando da Seleção Brasileira. Ocorre que, nos planos da CBF, está manter a escola gaúcha à frente do escrete. Dois nomes surgem com mais força neste momento, a partir das especulações e das conversas de bastidores: Luiz Felipe Scolari e Mano Menezes. Felipão acaba de acertar seu retorno ao Palmeiras, depois de longa permanência na Europa. Campeão do mundo em 2002, conta com a simpatia de muitos, aprovação popular, mas teria como entrave restrições pessoais do presidente da CBF, Ricardo Teixeira. É considerado independente demais para o gosto do manda-chuva, que teria ficado em situação difícil diante de atos intempestivos de Dunga e não vai querer repetir a dose. Já Mano Menezes conta com o caminho livre e seu nível de rejeição é praticamente zero. O inconveniente, no seu caso, é a inexperiência na Seleção. Mas, depois de Dunga, o fator experiência deixou de ser quesito obrigatório para assumir o selecionado.

Alemanha arrasa Argentina e vai à semifinal

Outro gigante sul-americano desabou ante a força tática e à velocidade de uma seleção europeia. A vítima do dia foi a Argentina, surrada impiedosamente pela Alemanha, que marcou 4 a 0 e ainda perdeu diversas oportunidades. O resultado recoloca os germânicos como favoritíssimos ao título da Copa. Depois de uma grande estreia contra a Austrália, a equipe de Joachin Löw caiu diante da Sérvia e passou a ser vista com desconfiança. Na sequência, porém, acumulou vitórias importantes (como a goleada de 4 a 1 sobre a Inglaterra) até chegar ao confronto com o time de Maradona, que fazia uma campanha 100% e era um dos cotados para o título.

Assim como o Brasil na véspera, Maradona viu-se sem alternativas para enfrentar a forte marcação alemã e as saídas em velocidade ao ataque, puxadas pelos habilidosos Özil, Podolski e Müeller. Se havia um triunfo para credenciar definitivamente a Alemanha, ele veio hoje, com sobras. Thomas Müeller abriu o placar logo aos 3 minutos. No segundo tempo, Klose marcou duas vezes – para chegar a seu 14º gol em mundiais, um a menos do que o recordista Ronaldo – e Friedrich fecharam uma vitória histórica por 4 a 0, que põe os alemães em sua terceira semifinal seguida de Copa do Mundo.

Depois de terem assistido à apresentação alemã nas oitavas de final diante da Inglaterra, era de se esperar que os argentinos estivessem preocupados com a velocidade dos contra-ataques puxado pelo trio Thomas Müeller-Mesut Özil-Lukas Podolski. Não podia ter sido pior, então, a situação que já se deu aos três minutos: cobrança de falta por Bastian Schweinsteiger para a área e, de cabeça, Müeller desviou de leve, para tirar do goleiro Sergio Romero.

A partir daí, a Alemanha apostou em seu poder de contra-ataque. Nos seguintes 20 minutos de jogos, os sul-americanos se mostraram completamente perdidos em campo e envolvidos pela habilidade dos alemães do meio-campo para a frente.

Na etapa final, em jogada rápida pela esquerda, Müeller aproveitou falha da defesa, serviu Podolski e este chegou até a boca do gol para tocar para Klose, livre: 2 a 0, que desestabilizava de vez os argentinos. Aos 29, veio o terceiro gol, em sensacional arrancada de Schweinsteiger também pela esquerda. Quem completou para o gol vazio foi Friedrich. E ainda havia mais. Enquanto os argentinos iam ao ataque tentando descontar, novo contragolpe levou ao segundo gol de Klose no jogo.

Derradeiras dungadas

Do blog de Milton Neves

Quantas vezes você viu e ouviu que com aquele banco de reservas que Dunga convocou o Brasil jamais viraria um jogo contra uma seleção forte durante a Copa? Sim, foram centenas de vezes, mas agora a Inês é morta. E começou a morrer naquela convocação mais pífia do que comprometida, em maio, lá no hotel Windsor do Rio de Janeiro. Até tentei influir com uma pergunta que raramente ocorre nessas coletivas. Quem tem Roberto Carlos, Ganso, Ronaldinho Gaúcho, Neymar e Fred jamais poderia optar por Michel Bastos, Júlio Baptista, Josué, Kleberson, Grafite ou Felipe Melo, o trágico. E o mais doído é perder um jogo “ganho” durante um ótimo primeiro tempo com 1 a 0 no placar e perdendo gols.
A Holanda grogue ganhou um gol de Júlio César – “o maior goleiro do mundo” e de Felipe Melo, o nitroglicerínico. Aí, virou com uma jogadinha – casquinha manjadíssima desde os tempos de Ademar Pimenta Fleitas Solich, Flávio Costa e Oswaldo Brandão. Dunga convocou mal, substituiu mal e sempre atrasadamente, plantou o maior confronto da história contra a imprensa e colheu a derrota. Mas fincou seu nome no mundo como treinador.
A Seleção Brasileira é uma mãe, mas Dunga acabou por se tornar um filho ruim. Maicon, Lúcio, Juan, Robinho, Ramires e Elano fizeram boa Copa.
Júlio César e Kaká ficaram devendo. Luís Fabiano é comum, fraco. Michel Bastos é o pior lateral pela esquerda que já mandamos para uma Copa.
Mas Felipe Melo ganhou o troféu do pior entre todos os piores. Estabanado, violento, irresponsável, destrambelhado e nitroglicerínico, Felipe bateu boa parte dos pregos que lacraram o caixão da Seleção Brasileira na África.
Esse tipo de jogador-problema só pode ser escalado se for diferenciado como Heleno de Freitas, Almir Pernambuquinho e Edmundo ou artilheiro como Serginho Chulapa. Ou seja, Dunga convocou e escalou um jogador de estopim curto e de talento menor ainda. E, Dunga, com uma nota final 3,5, sai do anonimato como treinador, vira nome mundial, deve ter acertado com um grande clube europeu, mas já está devidamente “lazaronizado”.
Agora, que volte Felipão. Com ele, Luxemburgo, Abelão ou Muricy no banco duvido que tivéssemos levado uma virada tão fácil em jogo quase ganho de uma assustada Holanda.
Paciência, não deu, mas era para ter dado.

Na estrada, curtindo a ressaca da derrota

Depois de 14 horas de viagem, entre Porto Elizabeth (passando por Kirkwood e Bloemfontein) e Johanesburgo desde ontem à noite, nossa equipe acaba de chegar ao hotel Booysens, completamente extenuada, pelo cansaço natural desse tipo de esforço e o acabrunhamento pela eliminação da Seleção de Dunga. Não que tivéssemos tantas ilusões assim, mas quando se está no estádio é inevitável que surja aquele sentimento nacionalista, que, misturado à paixão pelo futebol, costuma confundir as ideias. Ao longo da estrada, a conversa flui e é possível ir assimilando melhor o baque. O fato é que, depois de um primeiro tempo impecável, entregamos o jogo naquele apagão no começo do segundo tempo, mas é certo que o time teria problemas para chegar ao título, apesar de a Copa continuar nivelada por baixo.

Torço agora pelo Uruguai, por razões puramente clubísticas (em função da presença de Loco Abreu na Celeste), mas sigo convencido de que a Argentina é favoritíssima ao título – aliás, digo isso desde a primeira fase. Se passar pela Alemanha, não terá freios. Uma coisa é certa: em comparação com a tristeza de 2006, quando nosso algoz foi o time francês de Zidane, também nas quartas de final, o impacto de agora é sensivelmente menor. Talvez seja assim porque o tempo nos torna mais resistentes, o que não impede que este sábado seja bastante doloroso de atravessar. Ainda mais quando se está a tantas léguas de distância de casa.

Loco Abreu conta com a torcida botafoguense

Se Diego Forlán gostaria de ver os torcedores brasileiros apoiando a seleção uruguaia na Copa do Mundo, Sebastián Abreu tem certeza de que ao menos um grupo de brasileiros já está na torcida pela Celeste: os botafoguenses. “Não sei se todos os brasileiros estão conosco, mas tenho certeza de que a torcida do Botafogo está. Aproveito para mandar um abraço a todos e a dedicatória do gol de pênalti”, afirmou. “El Loco” Abreu brincou com o fato de o goleiro ganês Richard Kingson não saber da maneira como ele gosta de cobrar os pênaltis. “Ainda bem que a internet não chegou a Gana e ele não tinha me visto batendo pênalti no Campeonato Carioca. Assim, pude bater “à Panenka” e fazer o gol”, disse o atacante, citando o jogador tcheco Antonin Panenka, criador do estilo de cobrança de pênalti que inspirou Abreu e outros jogadores.

Ainda com relação ao pênalti decisivo, Abreu afirmou que a estratégia foi pensada com antecedência. “Nem sempre cobro assim, só em momentos especiais. Além do mais, analisei o goleiro e vi que se jogava antes de o batedor chegar na bola. Levando em conta que era um pênalti que valia classificação às semifinais, intuí que dificilmente ficaria parado. Pela adrenalina iria se atirar para algum lado. Bati com confiança e graças a Deus pudemos festejar.”

O treinador Oscar Tabárez defendeu a decisão do atacante: “Não diria que foi uma loucura, mas um gol. Para mim isso é classe, é categoria. Quem critica é porque não se atreveria a fazer algo igual”. Grande figura da classificação às semifinais, Abreu fala agora em chegar mais longe. “Queremos continuar com este sonho ou com esta realidade. As imagens que chegam do Uruguai dizem que não estamos fazendo nada normal ou comum. Merecemos estar entre os quatro melhores. Como já dissemos, já estamos no baile. Agora queremos continuar dançando”. (Com informações do Lance, Fifa.com e ESPN)

Conexão África (26)

Erros que começaram nas escolhas

Júlio César foi o primeiro a falar com a imprensa, dando a cara a tapa, admitindo sua falha (com Felipe Melo) no gol inicial holandês. As palavras do goleiro são corajosas, mas não explicam tudo o que houve com o Brasil no segundo tempo da partida, depois de aplicar um baile de bola na fase inicial. A segurança quase intransponível da zaga ruiu justamente ali e os demais setores acabaram afetados por isso.
A bola alçada na área despretensiosamente por Sneijder gerou uma trombada espalhafatosa entre Felipe Melo e o goleiro Júlio Cesar e foi parar nas redes. Gol injusto para a produção das equipes até ali, mas que evidenciou fragilidades até então escondidas (desde outubro do ano passado, quando ocorreu a última derrota). Os holandeses continuaram em cima, sentindo a instabilidade brasileira, e a virada viria em outra jogadinha manjada, uma linha de passe em cobrança de escanteio não interrompida pelos altos zagueiros brasileiros. O golpe definitivo viria com a expulsão de Felipe Melo, aos 28 minutos, após pisar no arisco Robben.
Ouço aqui a entrevista de Dunga, que corrobora meu modo de ver as coisas. Foram tempos distintos na partida e a Holanda venceu por ter desprendimento para reverter um placar inteiramente adverso na primeira metade. Mais que isso: teve a sabedoria de entender que só havia um jeito de quebrar o passe do Brasil, que até então se apresentava veloz e insinuante. Nada tão revolucionário assim: passou a atirar bolas na área, aproveitando-se de faltas seguidas cometidas sobre Robben e Van Persie.
Em seguida, Dunga cita as estatísticas para justificar ter mantido Gilberto Silva e a explosão intempestiva de Felipe Melo, só não explica a substituição de Luís Fabiano por Nilmar, que não teve forças para superar a zaga holandesa. Grafite, jogador mais afeito ao choque e ao jogo aéreo, permaneceu no banco. Também não disse porque lançou Gilberto na lateral-esquerda e deixou Daniel Alves no meio, sendo este mais talhado para jogar pelas laterais.
Dunga não disse, mas é óbvio que a vitória holandesa teve imensa contribuição brasileira. Apesar da boa leitura de jogo do técnico holandês Marwijk, que centrou sua estratégia em Sneijder, Robben e Van Bommel, os erros gritantes de marcação e cobertura deixaram o campo livre para a troca de passes que exauriram o fôlego e o ânimo dos brasileiros. Nos minutos finais, ficou patente a impotência para mudar os destinos da partida. Kaká e Robinho, os mais criativos, perdiam-se entre os zagueiros, extenuados pela forte produção do primeiro tempo.
Nem sempre as críticas a Dunga foram bem compreendidas. O próprio técnico reagiu com ira e intolerância quando sua lista de 23 nomes foi anunciada, priorizando a lealdade (Gilberto Silva, Josué, Felipe Melo) ao talento (Ganso, Ronaldinho, Neymar). Naquela ocasião, minha preocupação foi com a possibilidade de um confronto como o desta sexta-feira, contra uma equipe sólida, entrosada e consciente de seus limites. A Holanda se postou assim nesta tarde em Porto Elizabeth, fazendo em 45 minutos uma apresentação apenas eficiente, mas suficiente para superar um time que não soube reagir a uma situação adversa de jogo. Um time sem a segurança necessária para se recompor diante de um placar desfavorável não pode ir longe, principalmente numa Copa do Mundo. A Seleção sai como entrou, sem brilho ou encantamento. À imagem e semelhança de seu zangado comandante.

A vida é escolha e, para esta Copa, o Brasil escolheu muito mal – técnico e jogadores. Diante do espetáculo (já visto em 2006, na Alemanha) de  torcedores chorando pelas arquibancadas e cercanias do estádio, só resta torcer, nesta noite sul-africana clara e quente, para que os próximos quatro anos passem rapidamente. E que venha outra Copa, com outro time e um novo técnico.

Um caso de teimosia crônica

Ainda no calor dos acontecimentos, lembro que Felipe Melo, eleito por Dunga como seu titular absoluto do meio-campo e xerife da Seleção, já havia denunciado esse despreparo emocional em outras jornadas. Até em amistosos preparatórios, exibiu essa face brucutu, ironicamente razão da admiração do Capitão do Mato por seu futebol. Ninguém pode culpar, portanto, o volante da Juventus pelo ocorrido diante da Holanda. Nunca foi craque, sempre foi lambanceiro, só não viu quem não quis. Sua presença no time é a maior prova da incoerência e desinformação do comandante.

De volta a Johanesburgo

Nossa equipe DIÁRIO/Rádio Clube, que veio de Johanesburgo até Porto Elizabeth por estrada, perdeu a chance de ir à Cidade do Cabo, onde será disputada uma das semifinais. Geo Araújo e eu continuaremos, porém, em Johanesburgo, cobrindo a Copa até o seu final. O espetáculo tem que continuar.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste sábado, 3)

Tribuna do torcedor – 28

Por Luciano Gomes (luckvg@gmail.com)

Faltou técnica, coerência e tranquilhidade no segundo tempo para garantir a classificação. Em 5 pontos a desclassificação do Brasil:
1. A seleção esqueceu do bom futebol do 1º tempo, quando poderia ter matado o jogo, e virou um amontoado de jogadores no segundo, até Lúcio virou atacante. Juan teve que se virar sozinho lá atrás com os atacantes holandeses e a bola saía da defesa passava direto pelo meio e encontrava a zaga bem postada da Holanda… Kaká talvez tenha sido o mais lúcido e Robinho, depois do gol, sumiu!
2. As substituições foram sem critérios, primeiro a saída sem nexo de Michel Bastos (por causa do cartão?). O veterano Gilberto entrou perdido. Luís Fabuloso Gol que não jogou nada desde o início só saiu quando a coisa estava feia para entrada de Nilmar que, franzino, só esbarrava nos beques de laranja. E o que dizer de Felipe Carniceiro Melo, por que não saiu? Faltavam opções no banco que o próprio Dunga escolheu e depois desprezou, talvez uma rearrumação no meio surtisse efeito.
3. Era nítida e clara a falta de controle de Felipe Melo e de alguns jogadores da amarelinha que caíram nas provocações de Robben, Van Bommel, Van Persie, Dejong, Sneijder, Ooijer e Heitinga. E o que dizer de Julio Cesar, que saiu atabolhoado do gol e trombou com Felipe Melo no primeiro gol holandês. Lúcio não tinha mais posiçao após o segundo gol e deixava Juan só com o perigoso ataque da Holanda e graças ao mesmo e ao próprio Julio o vexame não foi maior. Maicon corria com a bola e Daniel apenas rodova atrás da mesma, com isto a seleção Holandesa foi ganhando coragem e moral.
4. A verdadeira face da seleção escolhida pelo Dunga apareceu no segundo tempo. Jogo ganho, estava fácil, e uma lambança e uma jogada ensaiada, mostraram a falta de esquema tático, de técnica de alguns jogadores, de concentração e tranquilidade no momento crítico da partida.
5. E a Holanda segurou a derrota mínima até o intervalo, tomou fôlego, arrumou os jogadores de maneira a anular as principais investida do Brasil, achou um gol, foi avançando no campo inimigo trocando passes e cavando faltas e com isto enervando a defesa brasileira, conseguiu virar e botar os selecionados de Dunga na roda. Veio a expulsão e os contragolpes perigosos com Kuyt, Robben e Van Persie municiados por Sneijder, enquanto lá atrás a defesa holandesa rebatia  ou goleiro Stekelenburg segurava as bolas do Brasil. Poderia ter sido mais se a soberba holandesa deixasse. E se fossem os ataques da Alemanha, da Argentina ou da Espanha talvez o placar no final tivesse sido mais elástico, quem sabe um 4 a 1.
Parabéns, Holanda! Espero uma final entre a mesma Holanda e a Espanha.