À primeira vista, a decisão do Tribunal de Justiça Desportiva que puniu jogadores e comissão técnica do Águia parece extemporânea e até injusta. Não é bem assim. As cenas de violência e desrespeito ao trio de arbitragem da partida contra o Remo, válida pelo primeiro turno do campeonato, foram dignas do mais tosco futebol varzeano, revelando total descontrole emocional dos atletas marabaenses.
Por mais que o técnico João Galvão e demais envolvidos tenham comparecido ao tribunal para pedir desculpas, como forma de atenuar a pena, não havia como aceitar que o grupo saísse impune das escaramuças praticadas no gramado do Baenão. Curiosamente, depois daquelas cenas vergonhosas, Galvão e seus atletas passaram a professar incontido fervor religioso, definindo suas vitórias como “obras do Senhor”.
Para espanto de todos, no primeiro julgamento, os turbulentos foram absolvidos, levantando sérias dúvidas quanto à isenção do tribunal. A reforma da pena vem ao encontro dos anseios daqueles que defendem o jogo limpo e o respeito às regras.
Já imaginaram se todo mundo que se julgasse prejudicado por uma arbitragem decidisse partir para atos extremos, agredindo árbitros e auxiliares? Seria a instituição plena da barbárie, um golpe de morte do futebol como espetáculo.
Aos que certamente irão alegar que a decisão beneficia o Paissandu, cabe observar que nada disso estaria acontecendo se o Águia tivesse agido com racionalidade depois daquele jogo. Até porque as reclamações eram improcedentes e os acréscimos dados pelo árbitro foram justificados pela “cera” dos jogadores aguianos.
Ainda existem meios mais civilizados de manifestar insatisfação e revolta. É lícito esperar, porém, que a exemplo do remédio legal usado em favor de Sandro, o TJD arranje um instrumento (efeito suspensivo) que permita ao Águia usar todos os seus jogadores na finalíssima de domingo.
Sem fazer alarde, o blog rompeu ontem a expressiva marca de meio milhão de acessos em 13 meses de vida. Aos sócios do nosso boteco de idéias, os sinceros agradecimentos deste escriba baionense.
Sai outra pesquisa fadada a despertar polêmica. Depois que o Datafolha garantiu que o Paissandu detém a maior torcida do Norte do país, ignorando completamente a massa azulina, pesquisas de opinião entraram na alça de mira dos torcedores. Vem agora o Ibope asseverar que o Remo está entre os 21 clubes que mais têm torcedores entre os jovens brasileiros. Na 18ª posição do ranking nacional de torcidas jovens, o Leão repetiu o sucesso de pesquisa de 2004 do mesmo Ibope, que o colocou entre os 16 clubes mais populares do país, com o Paissandu em 17º. Confusão à vista.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 2)