Deveria ser uma questão de natureza administrativa, mas acabou virando tema de muita discussão nas arquibancadas. Quatro estádios de times que disputam o campeonato estadual ainda não foram liberados para sediar jogos. A comissão de vistoria, integrada pelo Corpo de Bombeiros e pelo Ministério Público, tem sido rigorosa na avaliação das condições oferecidas ao torcedor, principal cliente desse negócio chamado futebol.
Zinho Oliveira, em Marabá; Navegantão, em Tucuruí; Jader Barbalho, em Santarém; e o Mangueirão, em Belém, são as praças esportivas ainda interditadas. Baenão, Curuzu e Parque do Bacurau vêm sendo utilizados precariamente porque ainda existem exigências técnicas a serem cumpridas. A rigor, nenhum dos estádios paraenses está em condições ideais para abrigar jogos do campeonato.
Nas inspeções, os problemas mais corriqueiros encontrados pela comissão dizem respeito às instalações elétricas e hidráulicas, banheiros, dimensões das portas de entrada e saída e estado das vigas de sustentação.
Diante dos atropelos causados aos clubes pela interdição dos estádios surgem logo as críticas aos supostos excessos da comissão. Bobagem. Os inspetores cumprem seu dever. É deles a missão de zelar pelo bem-estar e a segurança das pessoas que pagam ingressos para assistir a jogos de futebol. Por isso, todas as minúcias são necessárias para que nada comprometa a integridade física dos torcedores.
Dirigentes dos clubes e da Federação Paraense de Futebol esperneiam, alegando que a demora na liberação dos estádios causa prejuízos financeiros e compromete o desempenho dos times no campeonato. A argumentação seria risível se não fosse patética. Os clubes mandantes têm a responsabilidade de oferecer praças esportivas seguras para o torcedor. Para evitar a dor de cabeça atual deveriam ter observado (e atendido) as recomendações do Estatuto do Torcedor.
As medidas preventivas vêm em socorro do torcedor, contribuindo para evitar tragédias, como a do estádio da Fonte Nova, em Salvador, que vitimou dezenas de torcedores. Se as vistorias fossem realmente sérias, as rachaduras nas arquibancadas certamente teriam sido verificadas a tempo e vidas seriam poupadas.
Que a fiscalização prossiga nos próximos anos, repetindo o trabalho sério executado nesta temporada. E que os transtornos façam com que clubes, FPF e setores da imprensa esportiva entendam que leis devem ser cumpridas.
A conquista do título nacional da Série D pôs o São Raimundo em outro patamar. Trouxe junto o pesado ônus da responsabilidade. Em 2009, sem nada a provar, foi vice-campeão estadual. Agora, a expectativa é outra. A cobrança também. A primeira vítima dessa nova realidade é o técnico Lúcio Santarém, que caiu depois da segunda rodada. Seja quem for, seu substituto terá muito trabalho para pôr a casa em ordem.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 28)
