A morte de uma lenda – J.D. Salinger

O escritor J.D. Salinger morreu aos 91 anos, “de causas naturais”, em sua casa em New Hampshire, nos EUA. Recluso havia muitos anos, o escritor não dava entrevistas desde 1980 nem se deixava fotografar. O seu livro mais conhecido, “O Apanhador no Campo de Centeio”,  foi lançado em 1951, quando ele tinha 32 anos. 

O personagem principal do livro, o adolescente Holden Caufield, se tornou símbolo da geração de jovens do pós-guerra. A obra foi um sucesso mundial, e vendeu mais de 60 milhões de cópias em todo o globo. O anúncio da morte foi feito pelo filho do autor, a partir de um comunicado emitido pelo representante literário de Salinger, nesta quinta-feira.

Quatro décadas sem publicar

Jerome David Salinger completou 91 anos no último dia 1º. Ele estava sem publicar um trabalho havia mais de quatro décadas. “Amo escrever”, disse Salinger em 1974, em uma de suas raras entrevistas, ao jornal “The New York Times”. “Mas, só escrevo para mim mesmo e para o meu prazer.” O último trabalho literário publicado assinado por ele foi “Hapworth 16, 1924”, em junho de 1965.

O autor, filho de um judeu importador de queijos kosher e de uma escocesa-irlandesa que se converteu ao judaísmo, cresceu em um apartamento da Park Avenue, em Manhattan, estudou durante três anos na Academia Militar de Valley Forge e em 1939, pouco antes de ser enviado à guerra, estudou contos na Universidade de Columbia. Durante a Segunda Guerra Mundial ele se alistou na infantaria, e esteve envolvido com a invasão da Normandia. Os companheiros de exército de Salinger o consideravam corajoso, um verdadeiro herói. 

Em 1945, Salinger casou-se com uma médica francesa chamada Sylvia, de quem se divorciou e, em 1955, casou-se com Claire Douglas, união que também terminou em divórcio em 1967, quando se acentuou a reclusão do escritor em seu mundo privado e seu interesse pelo budismo zen.

Salinger namorou durante algum tempo, na década de 1980, a atriz Elaine Joyce, e no final daquela década se casou com a enfermeira Colleen O’Neill, 45 anos mais jovem que o autor. Pouco se sabe sobre a vida conjugal do casal, pois Colleen adotou o código de silêncio de seu marido, e não concedia entrevistas. (Da Folha de S. Paulo)

3 comentários em “A morte de uma lenda – J.D. Salinger

  1. Todo mundo que curtiu e curte a contracultura dos 60’s e até dos 70’s deveria ler “O apanhador no Campo de Centeio”. Para mim o livro não disse muita coisa, afinal, nunca tive problemas de adaptação. Mas creio que ele seja fundamental para se ter uma idéia de como pensava a geração “road”.

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    1. É a chamada bíblia dos desajustados. Também não me disse muito, prefiro, do mesmo período, “Pé na Estrada” (On the road), do Kerouac. Mas é um ícone da época, talvez valorizado ainda mais pela reclusão voluntária.

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  2. Também prefiro, Gerson!… E, realmente, a alta valorização pode ter sido em função da reclusão voluntária. Aliás, não é novidade alguém reconhecidamente talentoso buscar reclusão e virar mito. Como maior exemplo, Greta Garbo.

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