Elaborar listas é o passatempo predileto dos ingleses, mais até do que ir a jogos de futebol, formar bandas de rock, adular a Rainha ou se encharcar de cerveja nos pubs. Há uma compulsão por catalogar e eleger preferências – sobre filmes, livros, músicas, mulheres bonitas, cães de raça e, naturalmente, times. Claro que esse modismo irresistível já se espalhou pelo mundo, alavancado pela internet, e conquistando cada vez mais adeptos.
A misteriosa Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS), que se escuda na estatística para esquadrinhar o universo boleiro, é uma das mais férteis usinas de rankings futebolísticos. Nesta semana, a entidade lançou um novo petardo: a listagem dos grandes clubes do planeta, contabilizando campanhas realizadas a partir de 1991.
Como toda lista que se preze, esta é destinada a alimentar discussões sem fim, semear a cizânia entre amigos e fazer a festa dos pachecos de todos os continentes. Na parte que nos cabe, o Paissandu desponta entre os 208 maiores do futebol mundial nos últimos 19 anos, ocupando a honrosa 167ª posição, intrometendo-se à frente até de agremiações tradicionais no Brasil, como o meu Botafogo.
Muita gente questiona os critérios muitas vezes esdrúxulos da IFFHS, mas o motivo do bom posicionamento alviceleste é simples: o título de campeão dos Campeões, obtido em 2002, por um time que reunia Vandick, Sandro e Jóbson em grande forma, sob a batuta de Givanildo Oliveira.
Graças a essa conquista, o Paissandu disputou dignamente a Libertadores de 2003 – foi eliminado pelo Boca Juniors de Carlos Bianchi, Schellotto e Tevez – e passou a compor o panteão dos clubes que têm visibilidade internacional, algo raro no futebol nortista. À época, a IFFHS situou o Papão em 35º lugar no seu ranking.
Sem maior valor de natureza prática, a escolha tem o mérito de jogar luzes sobre uma façanha que nem sempre recebe a devida atenção por parte do próprio clube. Diante da infinidade de estrelas e insígnias de mau gosto que os times acrescentam ao escudo, o Paissandu bem que podia fixar para sempre no uniforme uma referência gráfica à Copa dos Campeões. E estabelecer como obrigatório um festejo anual desse feito.
Os primeiros colocados da lista são óbvios: Barcelona, Manchester, Real, Juventus e Milan. Como nem tudo é perfeito, há a incompreensível aparição do River Plate em 9º lugar, desbancando o rival Boca de tantas conquistas continentais e mundiais, além de atropelar o São Paulo, primeiro brasileiro do levantamento, no 18º posto. Times africanos e asiáticos entre os ranqueados também despertam estranheza. Nada, porém, que desabone e desqualifique a justa referência ao time de Suíço.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 24)