Coluna: No terreno da incerteza

Digam o que disserem, mas há algo de muito errado com um campeonato que tem Diego Tardelli como destaque entre os goleadores, Diego Souza como candidato a craque e Petkovic como “revelação”. Sei que muitos perderam suas referências e nem conseguem mais estabelecer comparações realistas.
O fato é que o Brasileiro da Série A reflete a indigência do futebol brasileiro atual, cada vez mais enfraquecido pelo crescente êxodo de jovens craques. Por essas e outras, o nivelamento por baixo afeta a avaliação mais clara do desempenho de alguns jogadores na competição.
Gera o chamado efeito tostines. Um caso típico desse momento é a performance de Adriano, um dos artilheiros e responsável pela grande fase vivido pelo Flamengo na competição. Imagino que o próprio Dunga deve ficar embatucado, convivendo com aquela ponta de dúvida: será que o Imperador readquiriu a antiga forma ou apenas se beneficia das facilidades de uma competição de fraco nível técnico?
Outro sintoma da debilidade geral da disputa é o próprio futebol apresentado pelos primeiros colocados. O Palmeiras, que se segura na liderança há várias rodadas, exibe defeitos e hesitações impróprias a um time cotado para o título.
A rigor, nem mesmo o torcedor palmeirense se mostra convencido de que o líder tem o melhor futebol do torneio. Vence geralmente por um gol de diferença, vai acumulando seus pontinhos, mas não encanta ninguém. Consegue ser até menos convincente que o insosso São Paulo de 2008, por coincidência, também dirigido por Muricy Ramalho.
Abaixo do Palmeiras, a busca pelas demais vagas na Libertadores registra uma autêntica briga de foice no escuro. Atlético-MG, Inter, São Paulo, Flamengo, Cruzeiro, Goiás e até o Vitória travam disputa marcada pela irregularidade das equipes. A cada rodada, tropeços surpreendentes frustram as previsões e reacomodam as posições.
O que mais incomoda é a ausência de um time daqueles que enchem os olhos da torcida, que parecem ungidos com a velha chama. A esta altura, faltando oito rodadas para o final, não dá sequer para cravar um palpite seguro quanto ao vencedor, tal a indefinição reinante.   
 
 
Além de estar jogando direitinho, o São Raimundo não pode se queixar da sorte. Talvez para compensar os atropelos vividos internamente, acabou beneficiado pelos sorteios na Série D. Como nas oitavas-de-final, quando repetiu o confronto com o Cristal e garantiu o acesso à Série C. Agora, na decisão, nova boa notícia: faz o segundo jogo diante de sua torcida, com todas as condições de levantar o título brasileiro.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 20)

9 comentários em “Coluna: No terreno da incerteza

  1. O que é isso Gerson???
    Essa coluna de hoje é pura dor de cotovelo,quero deixar claro, sou remista apenas, mas é evidente que o Flamengo está jogando muito bem, enchendo os olhos sim, se é pelo nível baixo do campeonato tudo bem, mas que tá jogando bem tá sim, com um esquema tático bem ofensivo que dá gosto de ver. Com relação ao Palmeiras , Diego Souza e Tardeli concordo com você, nunca foram grandes destaques, bem diferente do Sérvio, que em quase todos os times que passou sempre jogou muita bola, e está na sua melhor fase, desculpa grande Gerson, gosto muito de sua coluna, mas essa está claro e evidente que foi pura dor de cotovelo por seu Botafogo estar numa situação horrível !

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    1. Anderson,
      Já citei esse pensamento de Sílvio Luiz aqui antes, mas não custa repetir: opinião é como bunda, todo mundo tem uma. Lamento que tenha compreendido o texto como menosprezo ao brioso Flamengo, aliás elogiado na coluna. Fiz uma análise baseada em fatos, comparando com campeonatos recentes. Vejo baixo nível técnico, mas talvez esteja sendo muito exigente. Você, pelo visto, está achando o campeonato maravilhoso. É um direito seu, que respeito. Paciência. E vida que segue…

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  2. E quando eu pensava que o tricampeonato do São Paulo em 2008 era o auge do futebol brucutu jogado no Brasil, eis que Muricy Ramalho se superou ao comandar um Palmeiras mais brucutu ainda.
    Gerson, deu pena do “craque” Diego Souza domingo. O “melhor jogador” do Campeonato Brasileiro segundo a paulistada se atrapalhava com a bola, não sabia o que fazer. E ainda chiou com o passe de letra que o Petkovic deu ao final do jogo. Disse que era um “desrespeito”. Acho que ele ficou foi infezado por não saber executar tal passe como o gringo rubro-negro.

    PS: Diego souza teve sua melhor fase na carreira no Grêmio, creio eu. Mas, tal como Belém, Porto Alegre é “longe demais das capitais” e, por conseguinte, da mídia do eixo Rio-São Paulo, logo, o jogador só veio a adquirir o status de “craque” agora, quando é bem menos decisivo para o Palmeiras em relação ao que era para o Grêmio em 2007.

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    1. Daniel,
      É a pura verdade. Diego Souza é um jogador assim-assim, não mais que isso. Quem o coloca como “craque” é porque não tem referências. Mesmo no Grêmio, não esqueça, naufragou também na hora da decisão da Libertadores. É um jogador limitado, não sabe driblar e a meu ver usa exageradamente o corpo nas jogadas de área.

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  3. Não acredito Gerson, você excluiu meu comentário??? não acredito !

    Achei que esse espaço fosse democrático, mas logo vejo que você não aceita uma crítica, em nenhum momento faltei com respeito em meu post…

    Só expressei minha opinião contrária a sua, e com bom humor, esperava o mesmo da sua parte, nem parece que você é um membro da imprensa indo contra a liberdade de expressão !

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  4. E o tal “Wagner Love”? Com aquelas trancinhas de “Predador”, está se transformando em “Allien”. E aquele penal? Cobrança como aquela, só Baggio e Palermo. Entrou no seleto clube… Goleador de 2ª Divisão aclamado craque pelos paulistas. Do jogo de domingo, só gostei dos comentários do Walter Casagrande, crítico mordaz de Murucy há muito tempo.

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    1. Falou e disse, Cássio. Love é uma enganação (aliás, sua única façanha no Brasil foi a artilharia da Segunda Divisão). Dunga ia caindo na esparrela de levá-lo pra Copa, mas foi salvo pelo bom futebol de Luís Fabiano. E Casão é o melhor comentarista da Globo hoje, verdadeira antítese do politicamente correto Caio, outro que nos gramados só fez enganar.

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