Ronaldo teria “combinado” cartão

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A grande polêmica do jogo entre Corinthians e Grêmio, sábado, no Pacaembu, surgiu da afirmação do meio-campista Túlio, que disse ter ouvido uma conversa entre Ronaldo e o árbitro da partida, o pernambucano Nielson Nogueira Dias. O camisa 9 corintiano teria pedido ao apitador para lhe aplicar o cartão amarelo, terceiro de sua série, que o suspenderia da partida contra o Sport, em Recife. Aos dez minutos do segundo tempo, Ronaldo cobrou uma falta sem autorização da arbitragem e recebeu o esperado ‘prêmio’, ficando suspenso para o jogo contra o Sport, no próximo domingo, na capital pernambucana.

Nesta terça-feira, data da reapresentação do elenco alvinegro após dois dias de descanso, o técnico Mano Menezes foi questionado a respeito do assunto e, além de aprovar a atitude do pentacampeão, ironizou o volante ‘dedo-duro’ do rival gaúcho. “Eu aprovo (a atitude do Ronaldo). Em relação ao Túlio, não tenho o que falar”, comentou, para, após uma breve pausa, voltar atrás e disparar contra seu ex-atleta. “Parece que o Túlio não sabe como é o futebol e que essa foi a primeira vez que alguém se aproveitou de uma situação para forçar um terceiro cartão”, completou, com um sorriso irônico.

Com a arrogância habitual, Mano Menezes advogou uma causa errada. Só o fato da prática ser comum como ele diz não significa que seja certa. Afinal, por uma questão óbvia, árbitro que faz acerto para dar cartão amarelo pode também topar acerto para outras coisas. Ou não?

Joel na marca do pênalti

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A Associação Sul-Africana de Futebol (Safa) anunciou que irá tomar uma decisão sobre o futuro do técnico brasileiro Joel Santana, que está ameaçado no comando da seleção da África do Sul, depois dos amistosos contra Japão e Jamaica, marcados para o próximo mês. A África do Sul jogará contra a Islândia nesta quarta-feira, fora de casa, em mais um amistoso, mas a Safa já avisou que só irá analisar a situação de Joel no cargo depois da partida contra os jamaicanos, no dia 17 de novembro, Bloemfontein, na África do Sul. Três dias antes de encarar a Jamaica, a seleção africana enfrentará o Japão, em Johannesburgo.

Torcedores e comentaristas têm expressado descontentamento com as táticas conservadoras de Joel e a África do Sul fechou uma série de seis derrotas seguidas no mês passado com uma vitória de 1 a 0 sobre Madagáscar. Os amistosos contra Japão e Jamaica serão os dois últimos da África do Sul, já classificada para a Copa do Mundo de 2010 por ser sede da competição, nesta temporada. (Da ESPN)

Eles reclamam do Joel porque não conhecem o Muricy, cujos times só vencem por “goleadas” de 1 a 0 ou 2 a 1.

Coluna: A balela da altitude

Fiquei acompanhando, desde domingo, as desculpas em série para a derrota da Seleção Brasileira em La Paz. A vilã, no fim das contas, foi mesmo a altitude boliviana. Pouco importa se o meio-campo não dava conta de trocar dois passes ou se o time, no melhor estilo bumba-meu-boi, mandava chutões para a frente na vã esperança de que Adriano e Nilmar conseguissem aproveitar algum rebote da defesa.
Também não se levou em consideração a quantidade de falhas bisonhas do goleiro Júlio César, que chegou a se confundir com a luz do sol, como se na Itália, onde joga atualmente, não fizesse um mormaço sequer. Da mesma forma, não houve qualquer reparo à fraquíssima atuação da dupla de zaga, que bateu cabeça com o anêmico ataque local.
Na prática, depois da confusa e medíocre apresentação, estabeleceu-se uma blindagem em torno da Seleção, com alguns mais apressados defendendo a extinção dos jogos na altitude – tese que sempre vem à tona quando o resultado é desfavorável ao Brasil. Sabe-se que, para uma adaptação perfeita à altitude, são necessários 21 dias de antecedência. Para atenuar os efeitos mais dolorosos, os especialistas recomendam chegar pelo menos 48 horas antes, que foi o procedimento adotado pela comissão técnica.
Ainda em La Paz, o lateral-esquerdo André Santos, de pífia atuação, decretou aos repórteres que a partida disputada “naquelas condições” não permitia uma avaliação apropriada dos jogadores. Muito conveniente, afinal o próprio Santos, mais Diego Souza (outro que apanhou da bola) e Josué nem sequer entraram em campo.
Curiosamente, a única jogada planejada e executada com lucidez ocorreu no segundo tempo da partida, originada de um contra-ataque em altíssima velocidade. Daí nasceu o único gol brasileiro, de Nilmar, com participação de Maicon e Ramires. Naquele momento, nem parecia que o time estava sob a espada do ar rarefeito. Todos correram como se estivessem ao nível do mar. E olha que já era o segundo tempo e, por dedução lógica, o time deveria estar ainda mais desgastado quanto ao fôlego e ao preparo físico. 
 
 
A desfaçatez de uns, misturada à arrogância de outros, fizeram com que o jogo fosse apontado como algo atípico na trajetória brasileira nestas eliminatórias sul-americanas. Não é bem assim. O time que foi a campo alinhava 5 titulares do escrete (Júlio César, Daniel Alves, Maicon e Josué), sendo que no segundo tempo entrou Elano, outro efetivo da equipe.
De mais a mais, mesmo contando com os suplentes, a Seleção tem sempre a obrigação de bem representar o futebol do país, ainda mais contra o vice-lanterna da competição. Assusta ver o quanto a equipe reserva é frágil e sem criatividade no setor de meia cancha.
Mais ainda: preocupa a dificuldade em reconhecer uma atuação ruim, que, de resto, é normal em futebol. Dunga, tão cru no ofício de treinador, já assimilou a pesporrência dos veteranos, resistindo a admitir quando seu time é inferior ao adversário. No futebol (e na vida), humildade é fundamental.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça, 13)