Rock na madrugada – Bad Company, “Bad Company”

A frase do dia

“Estamos discutindo se o presidente Bolsonaro merece ser condenado a 50 ou a 150 anos. Convenhamos que não faz diferença. É um criminoso do mesmo jeito”.

Alessandro Vieira, senador (Cidadania-SE) membro da CPI da Covid

Cruzeiro se desculpa com Jefferson e o Remo por insultos racistas da torcida

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“Pedimos sinceras desculpas aos dois por acontecer em nossas dependências. Tomaremos todas as medidas que estiverem ao nosso alcance para identificar o agressor e continuaremos lutando para que isso jamais se repita no futebol ou em qualquer outro lugar”. Este foi o posicionamento público do Cruzeiro sobre os insultos raciais dirigidos por seus torcedores ao atacante Jefferson, do Remo, no final do jogo de anteontem no estádio Independência, em Belo Horizonte.

O pronunciamento oficial do clube é também uma forma de tentar se resguardar juridicamente em relação a punições por parte do STJD. O Brusque foi punido com a perda de três pontos em função de xingamentos racistas dirigidos ao jogador Celsinho, do Londrina.

Para lavar a alma leonina

POR GERSON NOGUEIRA

Cruzeiro x Remo

Foi a vitória mais importante do Remo no campeonato. Com um categórico 3 a 1 sobre o Cruzeiro, o time afastou a urucubaca que já durava cinco rodadas e chegou a 41 pontos na classificação, ficando a um passo de assegurar de vez a permanência na Série B. O curioso é que o primeiro tempo azulino foi irregular, com muitos passes errados e poucas ações ofensivas. Na etapa final, o time cresceu de rendimento e foi extremamente objetivo nas finalizações, o que lhe garantiu uma vitória grandiosa.

Na maior parte da etapa inicial, o Cruzeiro mandou no jogo, tocando a bola e tendo o domínio das ações – 60% a 40% de posse. Foram 11 chutes contra apenas 5 do Leão, mas os mineiros eram pouco certeiros nas finalizações, vacilando nos arremates. Ainda assim, o goleiro Tiago Coelho foi a grande figura do Remo neste período da partida, com três grandes defesas em chutes de Geovani, Lucas e Vítor Leque.

Aos poucos, porém, mesmo com a condução de jogo pouco eficiente de Felipe Gedoz e Artur, o Remo se aproximou do ataque com jogadas puxadas por Lucas Tocantins. E logo no segundo chute a gol a bola entrou. Lucas Siqueira disputou rebote pelo alto dentro da área do Cruzeiro e Anderson Uchoa mandou um tiro rasteiro no canto esquerdo, sem chances para Fábio, aos 39 minutos.

O Remo só não levou a vitória para o vestiário porque aos 45’ o auxiliar inventou um toque de mão de Raimar e, na cobrança, o atacante Vítor ajeitou com o braço para o zagueiro Eduardo Brock empatar. Depois de muita discussão, consulta ao VAR e resenhas diversas, o gol cruzeirense foi confirmado. Irritado, o técnico Felipe Conceição reclamou bastante e acabou expulso quando a partida ia recomeçar no 2º tempo.

Com ações de lado a lado buscando o gol, a partida reiniciou mais equilibrada. O Remo saiu da postura cautelosa e passou a avançar suas linhas. Até Gedoz, por incrível que pareça, começou a correr e cercar a saída de bola dos zagueiros do Cruzeiro.

Artur continuava improdutivo, Mateus errando muito e Lucas Tocantins pouco acionado, mas a atitude do Remo era outra. Aos poucos, com a sequência de falhas do Cruzeiro no meio-campo, a partida começou a pender para o lado azulino.

Melhorou ainda mais quando finalmente começaram as trocas. Lucas Tocantins foi substituído por Jefferson e Artur saiu para a entrada de Marcos Junior. Com isso, o Remo avançou ainda mais em direção à intermediária do Cruzeiro, que a essa altura já tinha Wellington Nem e Moreno no ataque. Nem chegou a fazer um gol, mas foi pilhado em impedimento na revisão do VAR.

A eficiência acabou premiando o Remo nos instantes finais. Com mais apuro na troca de passes, o time chegou ao segundo gol em jogada recuperada por Gedoz junto à lateral. Marcos Jr. tocou para Lucas Siqueira e este deu um passe preciso para Jefferson, que mandou no canto esquerdo da trave, fazendo 2 a 0, aos 40 minutos.

Quando o Cruzeiro ensaiava uma última reação em busca da igualdade, eis que o Remo deu o golpe definitivo. Aos 47’, dois minutos após ter entrado no lugar de Mateus Oliveira, o ala avançado Ronald recebeu passe açucarado de Marcos Jr. na linha do meio-de-campo. Avançou em velocidade e chegou à área batendo forte para as redes.

O 3 a 1 fez justiça ao esforço final do Remo no jogo. Redimiu também a equipe de Felipe Conceição de outros jogos que poderia ter vencido até com facilidade e acabou derrotada.

O resultado dá também novo ânimo para as rodadas finais, agora com muito mais tranquilidade. Com 41 pontos e na 11ª posição, o Remo precisa de dois ou três pontos para carimbar matematicamente a meta estabelecida desde o começo da competição: manter a vaga na Série B 2022.

Eficiência nas finalizações garantiu o triunfo

Poderia ter sido mais um jogo de final frustrante para os azulinos. Aliás, no final do primeiro tempo, com mais um erro de arbitragem, o time foi punido com o empate. Vieram à tona alguns dos muitos desacertos causados pelo VAR e por apitadores de campo desde o primeiro turno.

Nem isso tirou o foco da equipe. Aliás, nem a expulsão de Felipe Conceição abalou o time, que parece ter se fechado ainda mais em torno do objetivo de alcançar um resultado positivo no velho estádio Independência.

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Os maus passos do meio-campo no 1º tempo foram amplamente compensados pela atuação objetiva e voltada para as ações de ataque da fase final do confronto. Para isso, as entradas de Jefferson, Marcos Jr. e Ronald contribuíram decisivamente.

Outros destaques da vitória foram o goleiro Tiago Coelho, cada vez mais seguro, e os zagueiros Romércio e Jansen. Lucas Siqueira, que andou perdido no início ao lado de Artur, cresceu junto com a evolução da equipe no segundo tempo. (Foto: Samara Miranda/Ascom Remo)

A homenagem botafoguense ao eterno Anjo Torto

O Botafogo lançou ontem uma camisa comemorativa aos 82 anos de nascimento do gênio Mané Garrincha, a Alegria do Povo, craque responsável direto pela conquista do Mundial de 1962 no Chile e ídolo maior do clube. Não é uma camisa qualquer.

Ela traz a marca característica do endiabrado ponta-direita. As listras são propositalmente inclinadas para lembrar o Anjo Torto e seu drible insuperável cortando sempre para os lados.

Desde já, a camisa é uma relíquia. Não será vendida. Será peça do Museu do Futebol para admiração dos fãs. Mané merecia mesmo um tributo tão carinhoso. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 29)

Só sei que é assim

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“A dor, o amor ou o perigo tornam você real novamente.”

Jack Kerouac

O passado é uma parada

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Angie Dickinson posando em uma scooter Vespa, em 1962.

Anjo torto: Botafogo lança camisa com listras tortas em homenagem ao eterno Garrincha

Em comemoração ao aniversário do maior ídolo do clube, Garrincha, que faria 88 anos no dia 28 de outubro (a família considera o dia 18 de outubro como data de nascimento, mas há registros em cartório no dia 28), o Botafogo criou “A Camisa do Anjo Torto”. Uma edição especial e única, com as listras tortas, inspiradas na curvatura das pernas do Mané.

Mas não era só isso que o tornava tão diferente dos demais. Dentro de campo, Garrincha era um verdadeiro acrobata. Uma máquina – torta – de entortar adversários. Ou, simplesmente, a alegria do povo. Principalmente, do povo brasileiro e botafoguense.

Agora, o anjo das pernas tortas recebe essa simbólica homenagem da camisa que tanto honrou. Pela primeira vez na história, as listras alvinegras se curvam diante da maior estrela que já a vestiu. Afinal, só mesmo Garrincha poderia modificar uma das camisas mais tradicionais do futebol mundial.

“Garrincha é um patrimônio botafoguense e toda homenagem feita a ele é pouco, mas a ideia de entortar as listras da camisa tal qual suas pernas, é como se todo clube estivesse fazendo uma reverência a ele. Mané é o maior e um jogador único merece uma camisa única, ele que está eternizado em nossos corações, agora está eternizado nessa camisa”, diz Lênin Franco, diretor de negócios do Botafogo.

Os fãs do lendário jogador poderão ver a camisa de perto no Museu do Maracanã. O item, único no mundo inteiro, ficará em exposição a partir de novembro. (Transcrito de fogaonet.com)

Botafogo lança camisa Anjo Torto em homenagem a Garrincha

O passado é uma parada

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Pep GUARDIOLA – Luis ENRIQUE – XAVI Hernandez. FC Barcelona safra 1999-2000.

Mauricio Souza: entenda por que clube pode rescindir contrato por homofobia

Por Isabela Del Monde, no Universa

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O Minas Tênis Clube anunciou, na tarde de ontem, a rescisão do contrato com Maurício Souza. Desde o dia 12 de outubro, o clube se viu diante do cometimento de bifobia pelo jogador de vôlei, declaradamente e orgulhosamente bolsonarista. Até o nome de perfil do atleta leva o número 17. Ele postou em seu perfil no Instagram uma crítica à bissexualidade do Super-Homem. Isso mesmo: ele se incomodou profundamente com a sexualidade de um personagem de quadrinhos, algo ficcional, mas não viu qualquer problema com o presidente da República tirar foto com uma criança segurando uma arma ou de que somos o país que mais mata pessoas trans e travestis.

Felizmente, hoje em dia fazer esse tipo de coisa não passa mais batido, seja perante a sociedade civil, como a torcida do clube, seja perante os patrocinadores. A Fiat, principal patrocinadora do time de vôlei, que inclusive leva o nome da marca, exigiu providências. A Gerdau também. Diante da pressão pública, surgiu um debate de que o clube tinha pouca margem de manobra porque o atleta era contratado com carteira assinada, além de receber pelo uso de sua imagem, algo padrão dentro da indústria do esporte.

No primeiro momento o time acabou escolhendo o afastamento, uma multa e a retratação pública, a qual foi feita contrariamente a todas as técnicas e balizas que definem uma retratação, como, por exemplo, ser feita no mesmo veículo no qual ocorreu a violação e com clareza objetiva sobre aquilo do que se retrata. A suposta retratação não acalmou os patrocinadores, que esperavam, no mínimo, que ela fosse feita no perfil do Instagram do atleta, com a devida remoção da postagem bifóbica.

Em uma segunda tentativa de se redimir por meio de um vídeo em seu Instagram em 27 de outubro, o atleta piorou sua situação na medida em que não pede desculpas pelas ofensas, mas sim se direciona a quem se sentiu ofendido, invertendo as responsabilidades, além de insistir no inexistente direito de cometer crimes.

Cláusula permite rescisão em casos de violação de direitos humanos

Muitas pessoas nas redes sociais podem ter dúvidas sobre como uma empresa ou um clube pode lidar com situações assim e, por isso, apresento uma ferramenta jurídica à disposição desde 1920, a chamada Cláusula Moral, uma cláusula contratual que permite a patrocinadores, empresas, times esportivos e demais organizações o encerramento do contrato, sem pagamento de rescisão e demais valores, caso haja violação de direitos humanos e/ou da ética e moralidade pela pessoa contratada, desde que comprovada a violação. Essa cláusula, obviamente, não pode ser usada sem critérios como forma de evitar pagamentos devidos a pessoas que cumpriram todas as suas obrigações.

Essa ferramenta jurídica surgiu em Hollywood do começo do século 20 para proteger os estúdios diante de escândalos envolvendo as estrelas de cinema. Na época, isso servia, por exemplo, para justificar o encerramento do contrato de um ator que tivesse sido flagrado exercendo sua homossexualidade, por exemplo. Como a moral muda conforme a época, a aplicação dessa cláusula no Brasil, atualmente, jamais seria para um caso como esse. Mas sim, justamente, para o contrário, isto é, para responsabilizar o contratado pelas consequências da prática de LGBTfobia, o que, como sabemos, já é crime no Brasil.

Essa cláusula serve também para garantir que a contratante possa encerrar suas relações em casos de práticas de outras discriminações e crimes, como misoginia, racismo e crimes de má conduta sexual. Depois da eclosão do MeToo, no Estados Unidos, a partir de 2017, essa cláusula passou a estar presente, também, na maior parte dos contratos de altos executivos, como CEOs.

É extremamente comum que essa cláusula esteja presente em contratos de atletas nos EUA justamente porque a imagem do atleta, sua boa reputação e respeitabilidade social são intimamente vinculadas com marcas patrocinadoras e com a história e cultura do time pelo qual competem. Não é possível saber, até o momento, se o Minas tinha esse amparo ou se a rescisão está sendo financeiramente negociada.

Considero que seja fundamental que os departamentos jurídicos e de compliance das organizações conheçam esse instrumento à sua disposição não apenas para a sua própria proteção, mas também para a proteção de toda a sociedade, porque sabemos que um atleta filiado a uma equipe tem muito mais alcance e endosso e, portanto, seu discurso tem o potencial de atingir muito mais pessoas, causando dores e danos e conquistando mais adeptos ao discurso de ódio. É preciso frear, com rapidez, a dimensão de discursos discriminatórios e a Cláusula Moral é uma aliada nesse processo.

Fiquemos de olho nos próximos passos de Maurício Souza, fazendo nosso melhor para que seu próximo destino não seja o Congresso Nacional.