O empate de segunda-feira à noite na Curuzu diante do Botafogo paraibano força o PSC a alterar seus planos neste quadrangular do acesso. Antes, a previsão era garantir a classificação com três vitórias em casa, cálculo correto sabotado pela atuação apática no primeiro jogo em casa. A partir de agora, não bastará vencer as duas outras partidas em casa. Será preciso vencer na Curuzu e conquistar pelo menos dois pontos nos compromissos fora, contra Ituano e o próprio Botafogo.
Em todos os sentidos, o jogo diante do Belo significou uma mudança de perspectiva. No aspecto técnico, deixou claro que o PSC que vinha evoluindo desde o jogo com o Manaus voltou a incorrer nos mesmos erros habituais da campanha na Série C. Mostrou também que o incentivo do torcedor não influenciou no rendimento da equipe. Em certo sentido, implicou até numa postura mais tímida de alguns jogadores.
Roberto Fonseca terá que rever alguns conceitos, como a insistência no 4-3-3, que não funciona ofensivamente apesar da presença de três atacantes. Caso tivesse peças suficientes, deveria optar por um meio-campo mais consistente, capaz de contribuir para a preparação de jogadas e diminuir o isolamento dos homens de ataque.
Diante do Botafogo, o trio ofensivo Marlon-Danrlei-Rildo passou o primeiro tempo sem ameaçar o gol de Felipe. A primeira chegada do PSC ocorreu no minuto final em cabeceio de Perema nas mãos do goleiro. O Papão passou a metade do jogo sem incomodar o setor defensivo do visitante, algo inadmissível para um time que sonha com o acesso.
Era jogo para apresentar um esquema mais destemido e agressivo, com pressão pelos lados e jogadas de infiltração pelo meio. Isso não aconteceu porque a postura inicial do PSC foi de espera, que em poucos minutos virou tática abertamente defensiva diante da organização do Botafogo.
A melhor chance da etapa inicial coube ao time paraibano, em falta cobrada por Tsunami, que Victor Souza espalmou. Clayton aproveitou o rebote, mas o chute saiu fraco e foi defendido com os pés pelo goleiro. É justo dizer que, se houvesse um vencedor, deveria ser o Botafogo.
O recomeço da partida trouxe um PSC mais avançado, provocando seguidos ataques perigosos, baseados sempre em cruzamentos sobre a área. No mais certeiro deles, Denilson cabeceou para grande defesa de Felipe. Esse lance seria a única chance do Papão no jogo.
A pressão durou apenas 15 minutos. Insuficiente para permitir que o PSC se estabilizasse no campo de defesa do adversário. José Aldo, que tinha atuado bem nos últimos jogos, foi improdutivo e acabou substituído por Ruy, tão apagado quanto ele. Curiosamente, o técnico ignorou Fazendinha, que estava no banco e poderia dar mais consistência ao meio-campo.
No ataque, as mudanças custaram a acontecer, irritando a torcida. O recuo do PSC deu margem a um gol, anulado na revisão do VAR, e a um contra-ataque que quase terminou com a bola na rede. No geral, considerando a má atuação e os riscos que o time correu, o Papão saiu no lucro.
Leão poderia tentar inverter as escolhas
O Remo faz um jogo na sexta-feira que pode quebrar a incômoda sequência sem vitórias. Diante do Brusque, um dos times ameaçados de rebaixamento, a postura esperada é de ofensividade, coisa que o time não tem mostrado no começo das partidas.
Contra Sampaio Corrêa, Coritiba e Vila Nova, o Remo foi excessivamente tímido durante o primeiro tempo, permitindo o predomínio dos adversários. Na etapa final, o time sofre alterações e cresce, como que por encanto. Na prática, talvez as escolhas de titulares talvez não sejam as mais acertadas.
Dá a impressão de que a atitude mudaria se a equipe já entrasse com os jogadores normalmente escalados no segundo tempo – Jefferson, Pingo, Rafinha e Lucas Tocantins. Seria no mínimo interessante se Felipe Conceição invertesse os papéis e usasse os supostos suplentes.
Nos últimos dias, a grande novidade foi o reaparecimento de Anderson Uchoa nos treinamentos. Talvez ainda não possa voltar diante do Brusque, mas gera a expectativa de que seja escalado contra a Ponte Preta. Ao mesmo tempo, Erick Flores e Vinícius continuam em tratamento.
Aumento de público pode beneficiar dupla Re-Pa
Surgiu ontem a informação de que o governo do Estado deve liberar 50% de capacidade de público nos estádios do Pará. Seria um avanço que contemplaria os interesses da dupla Re-Pa, que vem reivindicando maior presença da torcida e consequente perspectiva aumentar o faturamento nos jogos. De toda sorte, pelos protocolos de combate à pandemia, mesmo que haja a ampliação, a situação dependerá da liberação da Prefeitura de Belém.
Caso fique em 50% a autorização de público, o estádio da Curuzu teria algo em torno de 9.000 lugares liberados e o Baenão ficaria com 7.000.
Por sinal, o Remo encaminhou ontem ofício à Federação Paraense de futebol solicitando o aumento do percentual de torcedores para 50%. Além disso, a diretoria remista pede permissão para que crianças acompanhadas de pais ou responsáveis possam comparecer ao estádio.
Outra reivindicação é a venda de bebidas alcóolicas e não alcóolicas dentro do Baenão. Tudo porque o clube teve prejuízos nos jogos contra o Náutico e o Coritiba, em face das muitas despesas decorrentes das exigências do protocolo sanitário.
“Com o aumento na capacidade do público presente, teremos maior condição de rever o valor cobrado pelo ingresso e assim atender maior número de torcedores apaixonados pelo futebol e pelo Clube do Remo”, diz o ofício do Remo, antecipando a intenção de baixar o preço, que hoje está em R$ 120,00.
Apesar das alegações, é pouco provável que a FPF acate o pedido para a presença de crianças e liberação de bebidas alcoólicas.
(Coluna publicada no Bola, edição de quarta-feira, 13)