Estados Unidos vs. Billie Holiday: a luta da diva do jazz para cantar ‘Strange Fruit’

Árvores do sul produzem uma fruta estranha
Sangue nas folhas e sangue nas raízes
Corpos negros balançando na brisa do sul
Fruta estranha pendurada nos álamos
Cena pastoril do valente sul
Os olhos inchados e a boca torcida
Essência de magnólias, doce e fresca
Então o repentino cheiro de carne queimando
Aqui está a fruta para os corvos arrancarem
Para a chuva recolher, para o vento sugar
Para o sol apodrecer, para as árvores derrubarem
Aqui está a estranha e amarga colheita

A letra acima é da canção “Strange Fruit”, cantada por Billie Holiday, uma das grandes divas do jazz dos Estados Unidos. O filme Estados Unidos vs. Billie Holiday, dirigido por Lee Daniels, dá a dimensão do que foi a vida e luta dessa mulher que sofreu as consequências terríveis do racismo estrutural, do machismo e da misoginia.

Billie Holiday nasceu na Filadélfia em 1915. Abandonada pelo pai, pobre, cresceu num prostíbulo, tendo uma infância e pré-adolescência marcadas por violência sexual. Teve que se prostituir ainda na adolescência. Mulher, dona de uma voz e talento incríveis, sofreu humilhações, agressões e traições de seus maridos.

Perseguida pela polícia, percebeu que a guerra contra as drogas era, na verdade, contra os negros. Contra ela, contra a sua voz que denunciava os linchamentos brutais que ocorriam principalmente no Sul dos EUA. Entre 1877 e 1950, 4,4 mil negros foram assassinados dessa forma, segundo estimativa da organização Justiça Igualitária (EJI, na sigla em inglês). Esses crimes chegavam a ser anunciados nos jornais para convocar o público a assistir à violência, com a tolerância e conivência das autoridades locais e da polícia.

As mesmas autoridades que se incomodavam com a letra de Strange Fruit, escrita por Abel Meeropol, sob o pseudônimo Lewis Allan, uma denúncia contra esses crimes bárbaros. A luta de Billie não foi em vão, sua música continua sendo ouvida pelos netos e bisnetos de seus algozes. A versão de Holiday foi colocada na lista do Hall da Fama do Grammy em 1978. Também foi incluída na lista de canções do século da Recording Industry of America e da National Endowment for the Arts. Em 1999, foi escolhida pela revista Time como a “canção do século”.

Andra Day (foto acima), que interpreta Lady Day, como a cantora também era chamada, foi indicada ao Oscar de melhor atriz neste ano e recebeu um Globo de Ouro. Ela disse que fazer o papel da diva do jazz a tornou mais corajosa. “Foi muito emotivo para mim, foi difícil. Passei por uma montanha-russa de tristeza, sofrimento e ressentimento, mas também alegria.”

Billie Holiday morreu aos 44 anos, em 1959. E apenas 61 anos após a sua morte, em fevereiro de 2020, um projeto de lei do deputado Bobby Rush, democrata do Estado de Illinois, foi aprovado por 440 votos a favor e 4 contrários, tornando o linchamento um crime de ódio sob a lei federal. (Transcrito da Revista Fórum)

Ficha técnica
Estados Unidos Vs Billie Holiday
Disponível na plataforma Prime Video
2021
Diretor: Lee Daniels
Atores principais: Andra Day, Leslie Jordan, Miss Lawrence
Gênero: Drama

Com alta de internações por Covid, Amazonas se aproxima outra vez da fase vermelha

Por Iolanda Ventura, do Amazonas Atual

Com taxas de ocupação de leitos de UTI e clínicos próximo da faixa de risco alto – entre 21 e 30 pontos – o Amazonas se aproxima novamente da zona vermelha do risco da Covid-19. No momento, o estado encontra-se na fase laranja, mas análises de dados epidemiológicos da FVS (Fundação de Vigilância em Saúde) mostram que alguns fatores aproximam o estado outra vez da fase crítica. Atualmente, essa avaliação está em 19 pontos no mês de maio.

A avaliação de risco feita pela FVS é usada para definir as medidas restritivas de atividades econômicas e sociais. A classificação é formada por indicadores divididos em dois fatores: capacidade do sistema de saúde e evolução da epidemia. O cálculo de cada indicador leva a uma soma de pontos que define em que situação o estado se encontra.

fvs am classificacao de risco

Em janeiro de 2021, o estado vivenciou a pior fase da pandemia e estava na fase roxa. Em fevereiro, Manaus passou para a vermelha e no final de março, alcançou a fase laranja. Até então, a classificação permanece. Porém, os últimos resultados da FVS mostram que está havendo um aumento dentro dessa faixa.

Em 19 de abril, o cálculo de risco marcou 19 pontos. Na avaliação seguinte, 28 de abril, houve uma redução para 16 pontos. Nessa queda, pode-se destacar a taxa de ocupação de leitos de UTI que caiu de 74,46% para 67,77%. 

Na análise de 3 de maio, houve aumento para 17 pontos. A taxa de ocupação de leitos de UTI passou de 67,77% para 68,9%, e de leitos clínicos foi de 67,69% para 72,44%. A estimativa para faltar leitos era de 105 dias.

Na última divulgada, de 17 de maio, o estado alcançou 19 pontos novamente. A taxa de ocupação na UTI chegou a 70,68%. A positividade de casos de Covid-19 aumentou de 25,43% para 26,17%. A estimativa para esgotar leitos ficou em 66 dias.

Em fevereiro, quando Manaus passou da fase roxa para a vermelha, a capital apresentava percentual de ocupação na UTI em 86,14% e a previsão para esgotamento de leitos foi de cinco dias. A positividade para a doença ficou em 47,24%. No total, a avaliação somava 28 pontos.

Na sexta-feira, 21, a FVS emitiu alerta. Segundo a avaliação do órgão, a estabilização em patamar elevado de óbitos e casos de SRAG, nos últimos 14 dias, influenciam na avaliação de risco, podendo representar tendência de crescimento.

A análise da taxa de ocupação hospitalar também reforça o alerta para manutenção dos cuidados de prevenção. O aumento percentual na taxa de ocupação de leitos pode ser percebida pelo intervalo de tempo entre cada avaliação de risco, que permite visualizar as variações em um período maior que de um dia para outro.

BOLETIM

De acordo com o boletim da FVS deste domingo, 23, o Amazonas acumula 382.487 casos do novo coronavírus e 12.920 mortes pela doença. Entre os casos confirmados de Covid-19, há 354 pacientes internados em Manaus, sendo 178 em leitos clínicos (29 na rede privada e 149 na rede pública), 172 em UTI (32 na rede privada e 140 na rede pública) e quatro em sala vermelha.

Há ainda outros 56 internados considerados suspeitos e que aguardam a confirmação do diagnóstico. Desses, 31 estão em leitos clínicos (cinco na rede privada e 26 na rede pública), 22 estão em UTI (1 na rede privada e 21 na rede pública) e três em sala vermelha.

Há outros 93 pacientes internados com Covid-19, na rede pública de saúde do interior do estado, segundo informado pela SES-AM (Secretaria de Saúde do Amazonas). São 14 em UCI (Unidade de Cuidados Intensivos) e 79 em leitos clínicos.

Filho de Bolsonaro ganha camisa do PSC e vibra com o título estadual

O filho mais novo do presidente Jair Bolsonaro, Renan, mais conhecido como ’04’, que estava em Belém desde a última quinta-feira (20), circulando ao lado de jovens empresários, ganhou uma camisa personalizada do Paysandu, que neste domingo confirmou seu 49º título do Parazão ao vencer a Tuna Luso, na Curuzu, por 4 a 1. Renan posou para uma foto com a camisa personalizada com seu nome e o número 04 nos stories do Instagram.

“Já que o Paysandu foi campeão hoje, vou sair com ela hoje, hein? Não esquece”, disse, trajando a camisa preta do PSC. Segundo ele, a camisa foi um presente de Rogério Barra, filho do deputado federal paraense Éder Mauro, um dos fiéis escudeiros do presidente na Câmara dos Deputados. (Com informações de O Liberal)

Ninguém apoia Bolsonaro de graça

Ninguém apoia Jair Bolsonaro de graça

Quem viu as centenas de motociclistas que se aglomeraram no Aterro do Flamengo (RJ) para saudar Jair Bolsonaro, na manhã de domingo, não sabia de um detalhe importante: nenhum dos manifestantes estava ali de graça nem espontaneamente. O ato foi organizado pela Federação de Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro e teve como mote o anúncio feito pelo presidente, na sexta-feira, 20, de isentar motos de pedágio em futuras concessões rodoviárias.

A motociata foi encorpada pela segurança, exercida por mil PMs destacados pelo governo de Claudio de Castro, aliado bovino do clã bolsonarista. O custo da diária é estimado em meio milhão de reais.

Na mesma linha, em 15 de maio, caminhoneiros foram a Brasília em apoio ao governo de Bolsonaro. Semanas antes, eles se organizavam em grupos de WhatsApp para um protesto contra o Supremo. Diante da baixa adesão, porém, o governo precisou se mobilizar por algo mais “concreto”.

Três dias depois do protesto, veio a recompensa com o programa “Gigantes do Asfalto”. Bolsonaro anunciou, ao lado do militar da reserva Tarcísio de Freitas e Paulo Guedes, uma MP que aumenta a tolerância de peso para os eixos dos caminhões, o lançamento de um documento digital para os caminhoneiros e novas regras para a remoção de veículos.

Pela regra atual, a tolerância máxima para o peso do caminhão equivale a 10% de peso excedente sobre o total permitido. Conforme o governo, até 30 de abril de 2022, passa a valer a tolerância máxima de 12,5%.

No segundo semestre, a agenda de manifestações pró-Bolsonaro deve se intensificar com novos programas assistencialistas, como disse Paulo Guedes. Soma-se a essa conta o Bolsolão que compra o apoio do Centrão, inclusive nas alianças para palanques regionais em 2020.

Nós jogamos na defesa nos primeiros três anos, controlando despesas. Agora vem a eleição? Nós vamos para o ataque. Vai ter Bolsa Família melhorado, BIP [Bônus de Inclusão Produtiva], o BIQ [Bônus de Incentivo à Qualificação], vai ter uma porção de coisa boa para vocês baterem palma.”

Quem vai dançar é o pagador de impostos, que sempre arca com a conta do populismo irresponsável.

(Com informações de O Antagonista)

Três gols que valem um título

POR GERSON NOGUEIRA

Paysandu comemora o 49º título paraense

A final do Parazão, entre PSC e Tuna, pode ser resumida em três atos:

Ato 1 – Aos 19 minutos do 2º tempo, Ari Moura faz jogada individual no meio, abre o passe para Gabriel Barbosa, que domina e engana três marcadores antes de mandar para as redes.

Ato 2 – Aos 30’, novamente Gabriel recebe na entrada da área antecipando-se ao goleiro Gabriel, que saiu estabanado no lance. Livre, o atacante só rolou a bola para o gol vazio.

Ato 3 – Aos 34’, Gabriel é lançado na área, faz bem o pivô em cima de Renan e finaliza na saída do goleiro. É o quarto gol do Papão e a vantagem que dá direito ao título.

Pode-se dizer, ainda, em favor de Gabriel, artilheiro que nunca foi titular durante a campanha, o importantíssimo gol marcado no final da primeira partida com a Tuna, que terminou com o escore de 4 a 2.

Gabriel começou a reação do PSC ali naquela manhã de domingo e completou o trabalho ontem à noite, após ser colocado em campo na vaga de Igor Goularte, aos 17 minutos da etapa final.

Quando ele entrou em campo o título ainda estava em mãos tunantes. Quando tocou na bola pela primeira vez, para marcar o segundo gol, a vantagem lusa ainda prevalecia. No terceiro gol dele, os times empataram, a final iria para as penalidades. Ao fazer o quarto gol, liquidou a fatura.

A decisão do Parazão foi recheada de emoção, apesar do fraco nível técnico da partida. A Tuna, que chegou ao gol logo aos 4 minutos, em pênalti cometido por Nicolas e convertido por Paulo Rangel, resolveu administrar o resultado e abdicou do jogo.

Nem parecia aquele time impetuoso, intenso e audacioso dos jogos com o Remo e com o próprio PSC. Depois dos 5 minutos só deu Papão na partida. Com três atacantes – Marlon, Igor Goularte e Nicolas – a equipe de Wilton Bezerra não se abalou com o gol sofrido e se lançou ao ataque.

Gabriel Barbosa, atacante do Paysandu

Em jogada rápida, Marlon deu passe precioso para Goularte empatar aos 14’. A vantagem cruzmaltina ainda era considerável, mas o PSC era superior e encurralava o time de Robson Melo. Ainda no primeiro tempo, Marlon e Nicolas perderam grandes chances de desempatar.

Antes do intervalo, a Tuna sofreu um duro golpe. Perdeu o atacante Neto, expulso após receber o segundo amarelo. Ao invés de buscar a valorização da posse de bola, a equipe continuou atarantada e errática. Comportava-se como time pequeno, respeitando em excesso o PSC.

No 2º tempo, Bezerra fez a mexida fundamental: trocou Goularte por Gabriel Barbosa. A partir daí, os ataques passaram a visar o centroavante, com Nicolas atraindo a marcação de Dedé, melhor zagueiro tunante.

Como ia sempre atrás de Nicolas, Dedé deixou Gabriel de lado. E os gols foram saindo um atrás do outro. Em 15 minutos, o PSC fulminou o sonho da Tuna. Gabriel se movimentava com desembaraço, confiante e certeiro.

Quase fez mais um gol, cabeceando por cima da trave. Descontrolada diante da goleada, a Lusa perdeu a cabeça. Paulinho e Lukinha queriam briga e o meia acabou expulso. 

Depois do sururu, o PSC controlava as ações à espera do apito final. Com nove jogadores, a Tuna ainda teve uma última chance. Felipe lançou Jayme, o atacante venceu Perema na corrida e foi tocado. O bom árbitro Marcos José de Almeida assinalou o segundo pênalti da final.

Léo Rosa, excelente cobrador e um dos artilheiros da Tuna no Parazão, foi bater e mandou nas nuvens. Exatamente igual à cobrança que fez na decisão de penalidades com o Remo nas semifinais. Um duro castigo.

O Papão comemorou o título e a reabilitação perante sua torcida. Extraiu forças que parecia não ter. Mesmo com um interino no comando, foi forte e vibrante. Acreditou até o final. Acima de tudo, comportou-se como time grande que é, afeito a decidir títulos e conquistar taças.

Não fez um bom campeonato, é verdade, mas se superou na hora de definir as coisas. Foi melhor no momento decisivo. O Parazão é um torneio de tiro curto, com fases que permitem recuperação. O PSC soube reagir e foi extremamente eficaz quando a situação exigiu. Uma conquista merecida. (Fotos: Fernando Torres/Ascom PSC)

Tuna perdeu força ao abrir mão do jogo de intensidade

Com elogios gerais depois da impressionante arrancada nas etapas de mata-mata, a Tuna chegou à decisão como favorita diante do PSC. Não era para menos. Havia goleado por 4 a 2, com um futebol valente e agressivo. Estabeleceu boa vantagem. Parecia que ia apenas levantar a taça na Curuzu.

No meio do caminho, porém, algo saiu dos trilhos. A Tuna disciplinada taticamente, que se multiplicava em campo para marcar e ocupar espaços, virou um bando desorientado. O próprio Robson Melo, melhor técnico do campeonato, demonstrava surpresa à beira do gramado.

O meio-campo formado por Artur, Cauê e Lukinha foi engolido pela movimentação de Paulinho, Ratinho e Elyezer. Era como se o PSC estivesse devolvendo na mesma moeda a desdita do domingo anterior.

Mesmo com sérios problemas de construção de jogadas ofensivas, os bicolores foram tomando conta do campo e passaram a ocupar a intermediária tunante, provocando erros seguidos da zaga.

Quando o primeiro tempo terminou, a Tuna já sinalizava que teria problemas para conservar a vantagem, pelo simples fato de que não incomodava a defensiva do PSC. Paulo Rangel, de pouca mobilidade, deveria ter sido substituído por um jogador mais presente na marcação.

O lado emocional deu as caras no tumulto criado após o 4º gol do PSC e explodiu de vez na desastrada batida de pênalti de Léo Rosa. O fato é que a Tuna deixou de lado seu estilo e afundou ao tentar ser pragmática. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 24)