Agora melou

Por Heraldo Campos (*)

Espera-se que se torne uma realidade, também, a “CPI da Devastação”, que está em gestação na Câmara dos Deputados, pois se essa investigação correr em paralelo a “CPI do Genocídio” pode sedimentar as atrocidades de um processo destruidor em curso.

Ainda não sabemos onde vamos parar, mas até quando vai durar essa “brincadeirinha” de morte para todo o lado? Hoje são mais de 414 mil mortes por causa da Covid que poderia muito bem ser freada e não foi por falta de política pública de saúde capitaneada pelo governo central. 

Ou será que os 57 milhões de “infelizes conscientes” que elegeram o atual presidente ainda não se tocaram que vão parar na biblioteca da história, da mesma forma que aqueles que sustentaram Hitler no poder durante a Segunda Guerra Mundial? Pois eles que tentem se mexer de algum jeito e mudar alguma coisa, se é que essas pessoas têm algum amor pela vida e pelo próximo. Nunca é demais lembrar que muitas delas têm amigos, família e uma hora a desgraça pode bater na porta sem avisar.

Tenho acompanhado, atentamente, os depoimentos na “CPI do Genocídio” e, cada dia que passa, creio que essa denominação vai se tornando mais apropriada para esse período de trevas que estamos passando no país, onde se espera que essa “CPI da Covid”, instalada pelo Senado Federal, sistematize os dados levantados e proporcione um documento capaz de mudar o rumo das coisas e com justiça, para valer.

Pelo que estamos sabendo, há pouco mais de dois anos, e que agora vem sendo materializado por essa “CPI do Genocídio”, um ponto chave que pode muito bem levar a condenação desse governo é por causa da sua política deliberada, pensada e propagandeada, aos quatro ventos, de que a imunidade de rebanho, com boas doses de cloroquina, é a “salvação da lavoura”. Ou seja, a “salvação da lavoura” dos membros do governo e dos seus apoiadores fanáticos que com essa atitude insana, para dizer o mínimo, acabam conduzindo os mais vulneráveis para a morte e arrebenta o sistema de saúde dos estados e dos municípios, ao mesmo tempo.

Portanto, é um projeto genocida sim, porque esse governo vai se escorando a partir de um povo fraco e doente, fácil de ser dominado, e tem o apoio de fanáticos seguidores, armados até os dentes, para sua manutenção no poder. Ou será que as ações oficiais do governo de plantão poderia se enquadrar no que se chama de “necropolítica”? Segundo a Wikipédia, a enciclopédia livre, a “Necropolítica é um conceito filosófico que faz referência ao uso do poder social e político para decretar como algumas pessoas podem viver e como outras devem morrer; ou seja, na distribuição desigual da oportunidade de viver e morrer no sistema capitalista atual.” [1]. 

Por outro lado, espera-se que se torne uma realidade, também, a “CPI da Devastação”, que está em gestação na Câmara dos Deputados, pois se essa investigação correr em paralelo a “CPI do Genocídio” pode sedimentar as atrocidades de um processo destruidor em curso, sendo que a sua fase de execução foi iniciada desde o dia da posse em 01/01/2019.

Para essa “CPI da Devastação” gostaríamos de lembrar um assunto que deve ser abordado, obrigatoriamente, uma vez que a natureza o deixa de certa forma “escondido” e pode passar batido nas discussões: é o Aquífero Guarani. A relação desse mega reservatório de águas subterrâneas com a Floresta Amazônica não deve ser esquecida, por exemplo. “É muita cara de pau dessa gente de verde, de branco e de azul, vir com um discurso patriótico sem entender que a aniquilação da Amazônia, como eles vêm fazendo, vai acabar também com os “rios aéreos” ou os “rios voadores” que são as imensas massas de vapor água que se deslocam para a região sudeste e vão recarregar o Aquífero Guarani”. [2]

Desse modo, precisamos ficar atentos para o destino desse precioso recurso hídrico subterrâneo, um bem público, que supre com suas águas quatro países (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) e, principalmente, no tocante a sua vulnerabilidade e a sua contaminação. “No caso brasileiro, pela política ambiental predadora desse governo federal de plantão, tomando como referência o desmonte do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), o efeito dominó que essa política pode causar nos órgãos ambientais estaduais pode ser devastador e comprometer o processo de gestão dos aquíferos contaminados e as suas respectivas restaurações.”[3]

Para finalizar, pelas recentes reações do chefe supremo da nação poderíamos arriscar e dizer, indignados, que a coisa agora melou, porque a justiça está chegando, ou ainda está melando? “Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros.” (Che Guevara).

(*) Graduado em geologia (1976) pelo Instituto de Geociências e Ciências Exatas (UNESP), mestre em Geologia Geral e de Aplicação (1987) e doutor em Ciências (1993) pela USP. Pós-doutor (2000) pela Universidad Politécnica de Cataluña – UPC e pós-doutorado (2010) pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP)

Fontes:

[1] https://pt.wikipedia.org/

[2] http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/604656-matando-a-amazonia

[3] https://aterraeredonda.com.br/aquifero-contaminado/

Uma nova Época vem aí

| Foto: Reprodução

Sinal dos tempos. Revistas encolhem, tiragens diminuem e outros caminhos são buscados. A partir do dia 28 de maio, a revista Época deixa de circular semanalmente na forma impressa, e seu conteúdo passa a ser publicado como uma seção dentro do jornal O Globo, tanto no digital quanto no papel.

Com a mudança, o site da revista migrará para o site do jornal e passará a fazer parte do conteúdo disponível ao assinante. Na edição impressa do Globo, Época terá páginas fixas aos sábados, sempre com reportagens de fôlego.

E também ocupará espaços nas páginas do jornal nos demais dias da semana, com uma presença mais analítica e reflexiva do noticiário. Os assinantes da revista terão a opção de migrarem, sem custos adicionais, para o Globo digital.

“Olhar para o futuro sempre foi a vocação da revista Época. O primeiro número, que circulou em 25 de maio de 1998, detalhava expectativas e preocupações dos brasileiros e refletia sobre “um futuro melhor”. Neste maio de 2021, quando a revista completa 23 anos, Época, mais uma vez, mira os novos tempos”, diz o texto de O Globo.

Na última década, os incontáveis desafios impostos pela internet mudaram radicalmente o ciclo das notícias. A dinâmica de uma revista semanal de notícias impressa começou a perder relevância em um tempo em que os furos de reportagem são publicados em tempo real e alertados nas telas dos celulares.

Ao mesmo tempo, no Brasil, o conteúdo publicado digitalmente pelas principais revistas semanais de informação vem crescendo em alcance nos últimos anos, seguindo a tendência de aumento de consumo de notícias na rede. Em janeiro de 2017, eram 16 milhões de visitantes únicos nos sites das quatro principais publicações semanais do país. Em março deste ano, foram 55 milhões. (Com informações de O Globo)