Dudu, Lucas Lima, Gabriel Veron, Raphael Veiga, Gustavo Scarpa, Zé Rafael e agora Rony. O setor de criação do Palmeiras ganhou hoje um novo reforço com a confirmação da chegada do atacante de 24 anos, um dos destaques do Athletico Paranaense nas últimas temporadas. Autor de nove gols em 2019, Rony foi apenas o terceiro principal goleador do time rubro-negro, ficando atrás de Marco Rubén e Marcelo Cirino. Porém, nem só de bolas na rede vive o atacante.
Jogador de lado de campo, o novo reforço palmeirense foi o quinto maior garçom do último Campeonato Brasileiro, com oito passes para gol – dez em toda a temporada. Dudu, com 11, foi o único do elenco alviverde a dar mais assistências.
Capaz de criar e também de concluir, Rony terminou a competição nacional como o 10º jogador com mais participações diretas em gols. O veloz atacante ficou empatado, por exemplo, com Soteldo, do Santos, e Michael, do Goiás, que cumpriam funções parecidas em suas equipes. Foram seis bolas na rede e oito passes, totalizando 14 interferências positivas em gols.
Nos últimos cinco Brasileiros, Dudu foi o maior garçom palmeirense e um dos principais do Brasil, com 46 assistências no total (6 em 2015, 10 em 2016, 5 em 2017, 14 em 2018 e 11 em 2019). Rony chega, muito provavelmente, para dividir essa responsabilidade com o camisa 7.
MAIORES GARÇONS DO BRASILEIRÃO 2019
Arrascaeta (Flamengo): 14 assistências
Dudu (Palmeiras): 11 assistências
Gabigol (Flamengo) e Carlos Sánchez (Santos): 9 assistências
Rony (Athletico): 8 assistências
Dados: Footstats
JOGADORES COM MAIS PARTICIPAÇÕES* EM GOLS NO BRASILEIRO 2019
Gabigol (Flamengo): 34 participações diretas
Arrascaeta (Flamengo): 27 participações diretas
Bruno Henrique (Flamengo): 25 participações diretas
Carlos Sánchez (Santos): 21 participações diretas
Dudu (Palmeiras): 20 participações diretas
Gilberto (Bahia) e Sasha (Santos): 17 participações diretas
Everton (Grêmio) e Wellington Paulista (Fortaleza): 16 participações
Rony (Athletico), Soteldo (Santos), Michael (Goiás) e Everaldo (Chapecoense): 14 participações diretas
O técnico Mazola Jr. é o mais cotado para assumir o comando técnico do Remo na vaga deixada por Rafael Jaques. Outros nomes também são especulados, como o de Silas. A diretoria deve confirmar o novo técnico nos próximos dias.
Em nota, o Clube do Remo informou que o técnico Rafael Jaques não permanecerá como treinador de equipe para o restante da temporada. “A diretoria azulina trabalha para anunciar novo treinador em breve”, diz o comunicado.
Foi um passeio do Brusque. Em determinado momento, parecia uma disputa entre um time com 13 jogadores contra outro com 11. O Remo levou de 5 a 1, mas foi até pouco. O placar podia ser ainda mais dilatado. E não se pode falar do jogo sem observar o nível baixíssimo do futebol paraense atual. A vexatória derrota dos azulinos foi contra um time que até o ano passado disputava a Série D do Campeonato Brasileiro.
A movimentação do Remo, ontem à noite, deixou claro desde o começo que a tarefa de superar o Busque era quase inatingível. Não pelo que o time catarinense apresentava, mas pelas fragilidades do Leão. Sem esquema, com erros primários de marcação e nenhuma inspiração, o time de Rafael Jaques mostrou-se pequeno ao longo dos dois tempos.
Erros pontuais tornaram o Remo um adversário fácil de ser batido. A falta de qualidade de boa parte da equipe foi amplificada pela desorganização tática. Não se sabe como o time joga, o que busca em campo e nem as alternativas possíveis contra um adversário solidamente estruturado.
Djalma, mesmo com uma perna só, não poderia ser reserva. Todo mundo que acompanha o Círio sabia disso, menos Jaques. Poderia ser lateral direito ou volante, no lugar de Xaves, novamente improdutivo e espantosamente mantido como titular.
O Remo levou um sufoco no primeiro tempo, sofreu um gol e Vinícius ainda defendeu um pênalti. No segundo tempo, porém, a porteira abriu de vez e o Brusque passeou em campo, sem que Jaques esboçasse reação. Era o confronto de um time organizado contra outro baratinado, sem qualquer noção de marcação e preenchimento de espaço.
Na etapa final, mesmo quando tentava sair jogando, o Remo se atrapalhava. Não encaixava um ataque mais elaborado. Aos 13’, Aírton bateu falta e fez 2 a 0. Giovane, que substituiu o nulo Xaves, diminuiu e passou a ideia de que era possível uma reação.
O adversário, porém, tinha mais consistência e logo ampliou, com dois gols em dois minutos, com participação do ex-remista Alex Sandro no gol de Edu. Tiago Alagoano passou a régua no final, fazendo 5 a 1. Vitória justa e representativa das facilidades que o Brusque teve em campo.
Choro rubro-negro não combina com projeto de grandeza
A discussão nacional, desde anteontem, foi a maneira polêmica com que o Flamengo empatou com o Independiente Del Valle (2 a 2), pelo primeiro jogo da Recopa Sul-Americana. Como virou rotina nos últimos tempos, a bronca com a arbitragem se tornou preponderante em relação ao que o time de Jorge Jesus produziu na partida.
Em primeiro plano, a explicação e as justificativas para a derrota. Depois, a análise técnica do embate. Desprezando o fato de que o jogo deve ser sempre o ponto mais importante da discussão, a imprensa esportiva se lançou a questionamentos sobe a postura da arbitragem.
Virou um aleijão. O país pentacampeão do mundo prefere sempre botar a culpa no árbitro a analisar as situações de uma partida. Nunca é responsabilidade de técnico ou jogadores. O problema maior sempre é a arbitragem, normalmente culpada pelos insucessos dos times brasileiros.
Fica cômodo para todos os envolvidos. De antemão, o vilão é sempre o árbitro. Quando o Corinthians deu vexame diante do Guaraní do Paraguai (na fase preliminar da Libertadores) foi porque o juiz meteu a mão. Aí, o Flamengo tropeça e a culpa, obviamwnte, é do árbitro.
O Independiente Del Valle comportou-se muito bem. Marcou com inteligência e método o rápido time rubro-negro. Não deu pancada, preferiu explorar as limitações da zaga brasileira e obteve um resultado justo. O lance do gol anulado de Bruno Henrique foi uma marcação acertada do árbitro, com base em norma da Fifa.
Longe de reconhece os méritos do Independiente, a maioria da crônica brasileira impregnou-se do conhecido espírito patrioteiro, que vê perseguição sempre que um time brasileiro está em cena contra adversário sul-americano. Ofensivo e destemido, o Independiente encarou o Flamengo como aro times brasileiros se arriscam a fazer hoje.
Além de reclamar da anulação do gol de Bruno Henrique, os rubro-negros criticam o pênalti assinalado para os equatorianos nos minutos finais do jogo. O jogador do Del Valle é tocado por Rafinha na área e a penalidade foi marcada. No ano passado, diante do Emelec, na Libertadores, o mesmo Rafinha foi beneficiado em lance muito parecido. Forçou o contato, foi ao chão e o árbitro Néstor Pitana deu o penal.
Em resumo: quem com teatro fere, com teatro será ferido.
A bronca do torcedor
“Escrevo para lembrar fatos que ocorreram e que podem ser constatados. Basta que vejam os lances novamente. Sou Paysandu, amo meu clube e, apesar dos erros de diretorias passadas e atual, não vou crucificá-las pelos insucessos ocorridos nos últimos anos. O PSC está onde está por seus erros e por molecagem, safadeza e roubalheira de árbitros que atuaram em nossos jogos. E o que mais me entristece é que algumas destas arbitragens ocorreram quando o sr. Antônio Carlos Nunes era o presidente da CBF e hoje ainda ocupa um cargo de relevância, pois é um dos vice-presidentes. Pois bem, no jogo Paysandu 1 x 5 Atlético (GO) na Curuzu, em 2018, o assistente desmarcou um gol legal. No jogo CRB x Figueirense, resultado de 2 x 1 para os alagoanos, os dois gols foram de total impedimento e não foram anulados. Com esse resultado, o CRB se manteve na Série B e nós fomos rebaixados. Não quero aqui falar em teoria da conspiração contra meu clube e nem contra o futebol paraense, mas é muita coincidência pro meu gosto. Anteontem, mais uma vez, formos garfados com um gol mal anulado e um penal inexistente, e mais uma vez o todo-poderoso CRB no nosso caminho – e quando falo todo-poderoso, não é que eu ache que eles sejam um grande clube do futebol brasileiro, mas tem aquilo que nos falta: força política. Eu não quero que o sr. Antônio Carlos peça para ajudarem o Paysandu e nem o Remo. Eu só queria que ele não deixasse que nos roubem, mas esse senhor, que é conselheiro do Paysandu e já foi diretor do clube, simplesmente não está nem aí pra nós”.
Lúcio Mauro Arguelles Motta
(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 21)
Há 2 dias, depois de Luciano Huck ter declarado que Bolsonaro havia ultrapassado a fronteira da decência ao fazer insinuação de cunho sexual à jornalista Patrícia Campos Mello, ocorreu um movimento para lembrá-lo que esse limite tinha sido atropelado quando uma homenagem ao coronel Ustra foi proferida em pleno Congresso.
Bem, se ficarmos puxando o fio da meada eu diria que nossa decência foi estuprada quando a primeira caravela encostou.
A verdade é que Bolsonaro sempre foi “isso daí”, antes mesmo da homenagem ao torturador, sempre destratou jornalistas de forma brutal e ficamos assistindo passivamente. Ainda em 2017 chamou Miriam Leitão de porca e afirmou que ela iria lamber suas botas “como fez com todos que chegaram no poder”.
Em abril de 2014, durante entrevista sobre os 50 anos do golpe militar, Bolsonaro xingou a repórter Manuela Borges.
A jornalista, então na Rede TV, foi chamada de idiota, analfabeta e ignorante. O então deputado do baixo clero ainda perguntou, acreditem, se ela já tinha frequentado a biblioteca.
Primeiramente, Bolsonaro mencionar biblioteca já é de um cinismo avassalador. Em segundo lugar, um beócio como aquele xingar a repórter de analfabeta e ignorante (ela tem pós-graduação em Assessoria em Comunicação e mestrado em Ciência da Informação) já indicava o que deveríamos ter evitado com todas as forças.
Por que não ocorreu a mesma onda de revolta que vemos hoje sobre o caso envolvendo a jornalista da Folha de S.Paulo? Por que Luciano Huck ficou em silêncio? Por que parlamentares não tomaram medidas contra aquele zé-ninguém antes que ele ganhasse musculatura eleitoral?
Na ocasião, ali mesmo na entrevista, Manuela foi firme e afirmou que tomaria as medidas judiciais cabíveis contra aquela agressão. Bolsonaro foi irônico e disse que estava “cagando” para ela.
A jornalista até tinha intenção de processar o deputado, mas não teve nenhum apoio de seu empregador.
Ao contrário. A Rede TV deu ainda mais visibilidade benéfica a Bolsonaro. Hoje é primeira linha entre as emissoras alinhadas com o bolsonarismo e a que mais verba recebeu durante a fase de campanha da Previdência. Mais que o dobro: R$ 1,1 milhão enquanto as demais receberam abaixo de R$ 433 mil.
A emissora cedeu uma poltrona para Bolsonaro desfilar seus comentários machistas asquerosos no programa de Luciana Gimenez e nada fez em apoio a sua repórter Manuela Borges, tratada com insultos e covardia.
O episódio marcou a carreira de Manuela.
O DCM entrou em contato com a jornalista. Ela recusou conceder entrevista, preferiu “não mexer no que está quieto”. Afirmou não saber se arrepende-se de não ter ido adiante com o processo.
É compreensível. Quem não tem medo de mexer com milicianos?
Exalando justificada mágoa com a omissão e indiferença de vários setores frente ao que lhe aconteceu, a jornalista lembra que a única entidade a emitir uma nota de repúdio foi o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal.
Não teve grupo de artistas fazendo videozinho nem sinalizando que a linha da civilidade havia sido rompida. Não tinha sido ou acreditaram que aquilo era algo desprezível?
Não se flerta com o fascismo sem ser capturado por ele.
Todo esse alvoroço hoje faz lembrar de algo salientado durante o movimento golpista de deposição de Dilma Rousseff: a misoginia. Dilma foi xingada de todos os palavrões que se pode imaginar e boa parte das mulheres jornalistas da grande mídia fez pouco caso.
Desdenhamos do ataque sofrido por Manuela Borges, dos ataques a mulheres, negros, quilombolas e indígenas. Demos de ombros para quando ele afirmou que filho gay deve ser “curado” na base da porrada.
Por isso envergonha a todos que repórteres continuem obrigados ouvir, da boca de esgoto, coisas como “Oh rapaz, pergunta pra tua mãe o comprovante que ela deu pro teu pai” (para jornalista de O Globo), ou “Você é escroto” (para Rubens Valente, da Folha) ou “Você tem uma cara de homossexual terrível” (também para O Globo) e por aí afora.
O jornalista é um funcionário acuado. Submete-se a essas humilhações preso em um cercadinho (e ao lado de uma claque de jagunços que, incentivada pelo ‘líder’, também dispara impropérios). Levanta da cama rezando para que a reação do dia do ‘mito’ seja outra também habitual: abandonar a entrevista quando a pergunta não lhe agrada.
Os donos das empresas de comunicação é que são os responsáveis pelo espetáculo tétrico. Revoltante é ver os oportunistas de plantão, os mesmos que apoiaram o golpe e colaboraram para esse cenário, surgirem com cara de espanto dizendo-se ‘preocupados’ com o grau de escalada do autoritarismo.
A escalada começou faz 6 anos. Nós agora estamos na beira do abismo.