Os técnicos da década perdida

POR GERSON NOGUEIRA

Com exceção do bicampeonato do PSC na Copa Verde, o futebol paraense atravessou os últimos 10 anos sem maior brilho. Se a década anterior terminou com um título brasileiro (São Raimundo campeão da Série D 2009), a partir de 2010 a situação mudou para pior.

Foram alguns poucos acessos, vários rebaixamentos e a vida seguindo seu curso, sem maiores emoções. Um levantamento do pesquisador Jorginho Neves ajuda a entender melhor a década perdida.  

Muito do que ocorreu pode ser analisado pelas escolhas de técnicos no período. O PSC teve 30 treinadores, média de três por temporada, sem contar as numerosas interinidades de Lecheva (4 vezes), Nad (2), Rogerinho (8), Ailton Costa (1) e Leandro Niehues (2).

Os técnicos com trabalhos mais consistentes e longevos foram Dado Cavalcanti, que dirigiu a equipe por 142 jogos ao longo de três passagens pelo clube; Mazola Jr. vem a seguir, com 56 partidas; Lecheva (48 jogos) e Marquinhos Santos (36) e Charles Guerreiro (31).

As estatísticas negativas de permanência ficam por conta de Andrade (4 jogos), Edson Gaúcho (5), Vica (6), Sidney Moraes (6), Givanildo Oliveira (6 jogos em 2012) e Guilherme Alves (8).

No Remo, a quantidade de técnicos efetivos foi ligeiramente menor que a do rival – 27 contratados, com média de 2,7 por temporada. Os que dirigiram o time por mais tempo foram Sinomar Naves, com 38 partidas em duas passagens pelo Evandro Almeida; Cacaio, 31 jogos e a conquista do acesso à Série C (2015); Josué Teixeira, 29; Charles Guerreiro e Márcio Fernandes, 28 jogos; e Giba Maniaes, 26.

Os menos produtivos foram Givanildo Oliveira, que ficou por apenas dois jogos em 2011; Marcelo Veiga, 3 jogos; Oliveira Canindé e Artur Oliveira (4); Eudes Pedro (7). Dentre os nativos, destaque para João Neto, que passou de interino a contratado. Treinou a equipe por 22 jogos e realizou a campanha heroica que evitou a queda para a Série D.

Algumas repetições de figurinhas dos dois lados revelam a falta de criatividade dos rivais nessa área. Givanildo é o recordista, com quatro vezes comandando os dois times. Roberto Fernandes, Charles e Edson Gaúcho também estiveram dos dois lados da pista da Almirante Barroso.

É óbvio que não se pode atribuir culpa exclusiva aos comandantes pela fraca produção da dupla Re-Pa na década, mas a eles pode ser imputada boa parte da responsabilidade pelos fiascos do time e decepções da torcida, até porque, quase sempre, tiveram papel decisivo nas contratações de bondes e pseudo reforços.

O mais preocupante é que os muitos erros acumulados na década que passou continuam a assombrar o futebol paraense.

(Amanhã, a coluna fala dos goleadores da década iniciada em 2010)

Atacante revelado pela Desportiva brilha na Copinha

A Desportiva cumpriu seu papel na Copa São Paulo de Juniores. Chegou à segunda fase, pela terceira vez em quatro edições do torneio, mas não conseguiu superar o Oeste e foi eliminada ontem, perdendo por 3 a 1.

Por outro lado, uma das revelações da Desportiva bilha intensamente e continua a disputa a competição. Trata-se do atacante Claydson Brown, 18 anos, formado nas categorias de base do clube paraense, que veste hoje a camisa do Red Bull Brasil.

No confronto com o Serra-ES, valendo pela segunda fase e disputado no sábado, em Rio Claro (SP), Claydson marcou dois gols e deu uma assistência na goleada de 4 a 0.

Rápido, Claydon atua pelo lado esquerdo do ataque e tem facilidade para o drible, virtude cada vez mais valorizada no futebol moderno. Brown disputou o Campeonato Paraense Sub-17 e marcou 11 gols, subindo de imediato para o sub-20 e disputou a Copinha 2018 com atuações elogiadas. Na ocasião, a Desportiva chegou às oitavas e ele deixou sua marca.

Na primeira fase do torneio, Claydson marcou gol na vitória de 4 a 1 sobre o Nacional-AM. Na terceira fase, o Red Bull Brasil enfrenta o Paraná Clube, com boas chances de seguir em frente.

Hélio aprova rendimento na goleada em Barcarena

O que menos interessa é a quantidade de gols, mas a movimentação da equipe. Com esta avaliação, o técnico Hélio dos Anjos manifestou satisfação com a atuação do time no primeiro amistoso da pré-temporada. Nicolas, Wesley Matos e Perema (2) fizeram os gols da vitória de 4 a 0 sobe a seleção de Barcarena, ontem à tarde.

Hélio deixou claro que o objetivo era o de observar o estágio de condicionamento dos jogadores e dar ritmo ao time. O que realmente conta, segundo o técnico, é o que vai ocorrer a parti de hoje, quando o elenco começa a ser trabalhado para o Campeonato Estadual.

É inegável, porém, que ficou uma boa impressão sobre o nível dos jogadores, mesmo atuando contra um time amador. Até o setor de meia cancha, o mais modificado, teve desempenho satisfatório.

Leão vence e Jaques reforça a busca pelo gol

Com gols de Eduardo Ramos, Wesley e Jackson, o Remo derrotou a seleção de Salinas e a avaliação do técnico Rafael Jaques foi positiva. Em entrevista à Rádio Clube, ele destacou “a busca incessante pelo gol”. O elenco ficará por mais quatro dias em Salinas, antes de voltar a Belém para fecha a preparação para o Parazão.

Fica claro, pela maneira como o time foi estruturado nos amistosos, que Jaques vai priorizar um sistema de jogo bastante ofensivo na primeira fase do campeonato. Ermel, Wesley, Lailson, Charles, Dudu Mandai e Jackson parecem mais afinados com as ideias do treinador, com chances de entrar jogando na estreia, domingo (19), contra o Tapajós.

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 13)

8 comentários em “Os técnicos da década perdida

  1. Interessantes as estatísticas. Eu não lembrava que o Andrade tinha passado pelo PSC.

    Estou curioso se alguém fez o trabalho hercúleo de contar quantos atletas foram contratados na última década, por posição, pela dupla da capital.

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  2. Vou providenciar esses dados sobre a quantidade de atletas, amigo. Na edição de terça-feira, a coluna vai abordar os goleadores do período.

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  3. Gerson: obrigado.

    dkyiev: bem lembrado, porém para ser justo com a coluna, o texto não diz que o SR foi o único a ganhar um título nacional, mas apenas que o feito ocorreu em 2009 e portanto no fim da década de 2000.

    Vale lembrar que a definição mais comum para uma década, é que ela vai de, por exemplo, 1 Jan. de 1970 até 31 de Dez. de 1979. Caso contrário, como sugeriu o amigo Valentim, haveria a situação desconfortável de, por exemplo, 1980 pertencer ao que chamaríamos de ‘década de 70’.

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  4. Bem, uma década é qualquer período de 10 anos, então começar de, por exemplo, 1901 ou 1900, não importa. Eu apenas disse (i) qual a definição mais comum e que (ii) é bastante usada em textos, justamente por tornar fácil se referir à ‘década de xx’.

    Quando aos séculos: não há ano zero no calendário que usamos no ocidente (o calendário Gregoriano), daí séculos serem contados mencionaste.

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