
POR GERSON NOGUEIRA
O triunfo acachapante no Re-Pa continua rendendo bons frutos ao Papão. O jogo de ontem à noite contra o Águia refletiu a tranquilidade decorrente do ótimo resultado no clássico de domingo. A insegurança exibida nos jogos contra Bragantino e Castanhal deu lugar a uma postura mais organizada tanto na defesa quanto no ataque.
O time tomou conta da partida e o primeiro gol até demorou a sair. Apesar disso, não havia pressa em resolver a partida. Na cadência certa, dosando as subidas e buscando a aproximação entre os setores, o Papão controlou as ações sem grandes problemas desde o início.
É verdade que o Águia facilitou bastante as coisas, emparedado em seu próprio campo, evitando arriscar ataques. Mesmo quando ficou em desvantagem no placar, o time marabaense tocava a bola inutilmente no meio, interessado apenas em perder de pouco.
Depois de várias tentativas mal executadas para Paulo Rangel, Nicolas abriu o marcador aos 36 minutos. Subiu mais que a zaga para cabecear firme, no contrapé do goleiro, após cruzamento de Vinícius Leite.
A jogada que originou o gol de Nicolas começou do lado esquerdo, com a participação de Bruno Collaço. A bola foi até Vinícius Leite, que devolveu para o cabeceio fulminante de Nicolas, principal destaque da noite.

Sem ser incomodado, o PSC tinha todo o tempo do mundo para sair tocando a bola com Caíque, Marcos Antonio e Alan Calbergue. Faltava mais inventividade para envolver a marcação, mas nem isso atrapalhava os trabalhos, pois o predomínio era absoluto.
O Papão voltou para o 2º tempo a fim de elaborar mais as jogadas, tentando tirar o Águia da postura retraída. Como Paulo Rangel era o mais vigiado, Nicolas era acionado, principalmente pelo lado esquerdo, dificultando a marcação com a constante movimentação. Marcos Antonio também se apresentava na frente, liberado pela ausência do Águia no meio-campo.
De maneira geral, a baixa intensidade da disputa tornou a partida desinteressante, com poucas oportunidades de gol e raros lances de emoção. O tédio ameaçava tomar conta da torcida quando Ramon entregou uma bola na intermediária e Marcos Antonio invadiu a área para ampliar o marcador, aos 26’.
Nicolas ainda perdeu grande chance nos acréscimos, mas o Papão tinha assegurado a vitória tranquila e sem sustos.
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Volta de Ramos estaria dependendo de detalhes
O Remo, que tem nova batalha pela frente hoje à noite em Paragominas, já vive a expectativa pelo retorno de Eduardo Ramos, apelidado de Maestro por boa parte da torcida. O meia-armador já teria encaminhado negociações com a diretoria do clube.
Com o desejo declarado de voltar ao Evandro Almeida desde o ano passado, Ramos conta com a aprovação da cúpula azulina, com endosso da comissão técnica. A decisão de abrir mão da maior parte das pendências na Justiça do Trabalho contribuiu muito para quebrar barreiras dentro do clube.
Curiosamente, segundo fontes ligadas ao Remo, a contratação dependeria do futuro do Cuiabá na Copa do Brasil. O atual clube do jogador tem jogo programado com o Botafogo para o próximo dia 27 de fevereiro, no estádio Nilton Santos. Caso o Cuiabá seja eliminado, cresceriam as chances de Ramos voltar a jogar pelo Leão.
Em nota divulgada à noite nas redes sociais, o jogador negou qualquer tratativa com os azulinos.
A conferir.
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Fla regateia na indenização às vítimas do incêndio
O Flamengo, um dos clubes mais ricos do país, que torrou recentemente R$ 55 milhões na aquisição de um único jogador (Arrascaeta), fica pechinchando na hora de fechar acordo com as famílias dos meninos mortos e feridos no incêndio do CT Ninho do Urubu. O Ministério Público estabeleceu uma proposta até módica, totalizando cerca de R$ 57 milhões.
O futebol brasileiro, que se pretende moderno e popular, prova a cada dia que mantém os dois pés no atraso mais absoluto e as mãos na ganância extrema. Nem mesmo o Flamengo, clube sem dificuldades de caixa e planos de grandeza, escapa à mesquinhez que envolve acordos sobre perdas irreparáveis.
É preciso entender que os 10 garotos eram tidos como apostas de primeira linha, patrimônios mantidos pelo clube e colecionavam convocações para a Seleção Brasileira de diversas faixas etárias. Tinham muito valor e, portanto, as famílias merecem um digno ressarcimento, mesmo se sabendo que vidas não têm preço.
Como informa o repórter Breiller Pires, o Flamengo ofereceu cerca de R$ 500 mil a cada família, segundo a Defensoria Pública. “Para os dirigentes do clube com orçamento de 750 milhões de reais, a vida de um garoto da base vale menos que a metade do salário mensal de um craque do time principal”, acrescenta Breiller.
As famílias precisam estar atentas porque o exemplo das vítimas do acidente com o avião da Chapecoense está a desafiar o bom senso e a justiça. Nenhuma indenização foi paga até o momento.
(Coluna publicada no Bola desta quinta-feira, 21)