
POR GERSON NOGUEIRA
Alguns jogadores carregam certo chamariz para a polêmica, mesmo que não pretendam despertar isso. Eduardo Ramos é um exemplo. Ídolo da torcida do Remo em 2015, quando foi decisivo na campanha de acesso à Série C, deixou o Evandro Almeida no final do ano passado, cedido por empréstimo ao Santo André. Com a ida para São Paulo, seu nome saiu do radar dos debates e arengas diárias entre as torcidas nas redes sociais.
Ontem, diante da notícia de que havia se desligado do clube paulista, surgiram logo especulações quanto ao seu futuro e pipocaram boatos em Belém. De um lado, grande parte da torcida remista aplaudindo o seu retorno por entender que acrescentará qualidade ao time de Josué Teixeira.
No outro canto do ringue, os rumores em torno de uma improvável volta do meia à Curuzu, onde persiste uma espécie de cábula com a camisa 10, e a rejeição absoluta ao seu nome, manifestada pela maioria dos bicolores.
A bronca é fácil de entender. Ramos deixou o Papão e atravessou a Almirante Barroso para vestir o figurino do projeto azulino Camisa 33. A jogada de marketing não funcionou e a festa de apresentação foi um fiasco, mas Ramos conquistou a simpatia da massa remista com boas atuações e uma inegável dedicação ao clube. Perdeu um pouco desse prestígio com o fracasso do time de Waldemar Lemos na briga pelo acesso à Série B.
A negociação salarial ainda está em marcha, mas a chegada a Belém foi confirmada para amanhã. Reuniões ainda devem acontecer hoje, entre a direção do Remo e Carlos Ramos, pai e representante legal do jogador.
Tudo faz crer que o Remo deve ser mesmo o destino de Ramos. Ele já teria concordado com a proposta do clube, faltando pouco para sacramentar seu reingresso nas hostes azulinas. A oficialização deve ocorrer até sexta-feira, quando finda o prazo para a inscrições ao Campeonato Paraense.
Em termos práticos, a chegada de um especialista na armação de jogo representa um grande alento para Josué Teixeira, que vinha tendo que improvisar em vários momentos das partidas.
Mesmo com a boa campanha no Parazão, o Remo tem sofrido com a qualidade da transição e da formulação de jogadas. Recuado para exercer a função, Flamel até teve bom desempenho, mas jogava sozinho na meia-cancha e sem substituto à altura. A volta de Ramos permitirá que avance para a posição de meia-atacante, como atuava no Águia. Com ambos, o Remo cresce em ofensividade.
Sem muitas peças de reposição no elenco, Josué passará também a contar com um organizador qualificado e experiente para dar musculatura a um time ainda em montagem, que terá desafios cada vez maiores – no Parazão, na Copa Verde e na Série C.
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Desafio de xadrez em gramado espanhol
Acontece hoje, no Camp Nou, um jogo muito esperado por todos que se debruçam sobre os meandros das estratégias como forma de entender o jogo. Com o encrespado desafio de bater o Paris Saint Germain pelo placar de 5 a 0 (jogo de volta das oitavas da Champions), o Barcelona já escancarou o plano de batalha. Hiper mega agressivo, como naturalmente é um time que conta com Messi, Neymar e Suarez, e mais ousado do que nunca foi no aspecto tático.
Em expediente inédito nestes tempos de futebol amarrado e pragmático, Luis Enrique decidiu sacrificar seus laterais para imprimir ainda mais poder de fogo à formidável brigada ofensiva azul-grená. O esquema tem a aparência de um 3-4-3, com o tridente MSN puxando o rolo compressor.
Que ninguém duvide da disciplina dos catalães e da eficácia da ideia. No fim de semana, o Barça testou o formato contra o Celta e goleou por 5 a 0. Claro que o time de Vigo não é o PSG, mas o Barça não costuma escolher cara para aprontar das suas.
O desenho é simples: Piqué, Alba (Mascherano) e Umtiti na zaga. Sergi Roberto como meia avançado pelo lado esquerdo, Iniesta e Busquets centralizados, Rakitic mais à direita. E o trio infernal logo à frente, abrindo as comportas francesas.
(Coluna publicada no Bola desta quarta-feira, 08)