Coube a um treinador português, já chamado de “novo
Special One“, resolver tudo isso.rata-se de Marco Silva, 39 anos, contratado em 5 de janeiro deste ano e que estava desempregado após passagens por Estoril-POR, Sporting-POR e Olympiacos-GRE.
Ninguém esperava muito do desconhecido luso, um ex-lateral direito de equipes pequenas de Portugal, mas que vinha em rápida ascensão na carreira de treinador. Logo de cara, porém, a diretoria do Hull City avisou que havia encontrado a peça ideal para colocar o clube nos trilhos.
“Ele possui ótimos números recentes, e sentimos que essa é uma contratação ousada e animadora para nossa meta de seguir na Premier League“, disse o vice-presidente dos Tigers, Ehab Allam.
Ele estava certo.
Em pouco mais de um mês, Marco Silva arrumou a casa e transformou os Tigers de “galinha morta” em sensação na Inglaterra. Com bons resultados, ele já saiu da lanterna e pode até tirar o Hull da zona do rebaixamento nesta rodada, se conseguir vencer o Arsenal neste sábado, às 10h30 (de Brasília), no Emirates.
Algo que não é novidade em sua carreira, aliás. Em 2015, ele viu seu Olympiacos bater o Arsenal por 3 a 2 em Londres, pela fase de grupos da Uefa Champions League. Pela equipe grega, ele ainda conquistou o título da liga nacional em 2015/16, antes de pedir demissão por vontade própria em junho de 2016, alegando motivos pessoais.
A série recente do português pelo Hull inclui uma incontestável vitória por 2 a 0 sobre o Liverpool de Jurgen Klopp, pelo Inglês, e um triunfo por 2 a 1 sobre o Manchester United de José Mourinho, pela Copa da Liga Inglesa – além de um 0 a 0 com os Red Devilspela Premier League, em pleno Old Trafford.
Em todos esses jogos, o estilo de Silva foi muito exaltado pela imprensa inglesa, que salientou a maneira como o luso colocou os experientes Klopp e Mourinho “no bolso” com suas táticas ousadas.
E para montar um time que joga bem taticamente, Marco mostrou que o trabalho duro era a única solução. Desde que assumiu o Hull City, ele cortou as folgas dos jogadores e apostou em cada vez mais treinamentos para equilibrar a equipe. A estratégia do novo comandante vem funcionando melhor do que a encomenda até o momento.
Marco Silva nasceu em Lisboa, em julho de 1977, e foi revelado pelo Belenenses, em 1996. Lateral direito de pouca habilidade, jogou numa série de times pequenos até chegar em 2005 ao Estoril, equipe na qual finalmente deslanchou e fez sucesso.
Em seus seis anos com a camisa amarela, ele ajudou a levar o time da segunda para a primeira divisão, mas resolveu pendurar as chuteiras em 2011, atormentado por lesões. Graças ao técnico brasileiro Vinícius Eutrópio, atualmente no Santa Cruz, resolveu virar treinador, dando início a uma carreira que parece bastante promissora.
“Quando eu cheguei ao Estoril, em 2010, o Marco era o capitão. Mas logo que assumi, ele se aposentou pouco depois, porque vinha de muitas lesões. Eu disse a ele então que ficasse trabalhando comigo no clube, e ele virou diretor esportivo”, lembra Eutrópio. “Nesse período, criamos uma excelente relação, e ele já começou a se preparar para virar treinador. Eu via um grande potencial nele para essa função desde cedo”, garante.
Quando Eutrópio deixou o Estoril, em 2011, deu a Silva a tão esperada chance. “Chamei o Marco para jantar na minha casa e disse que iria deixar o clube, mas pedi a ele que ficasse no meu lugar. Ele ficou bastante surpreso com isso e hesitou um pouco no começo, mas agarrou a chance e hoje já virou um ótimo técnico”, conta Eutrópio.
Sua ascensão foi meteórica. Logo após assumir a vaga do comandante brasileiro, Marco Silva levou o Estoril do 10º lugar à liderança, terminando como campeão da 2ª divisão e retornando à elite com apenas três derrotas em 24 jogos. Acabaria eleito treinador do ano em Portugal pela Federação.
Na temporada seguinte, fez excelente campanha na 1ª divisão, acabando em 5º lugar e classificando a pequenina equipe para a Liga Europa, algo que nunca tinha ficado nem perto de acontecer. Nessa época, ganhou da torcida o apelido de “novo Special One“, em referência a José Mourinho, o Special One original, que também começou em um time pequeno.
Seu sucesso o levou ao Sporting, um dos gigantes do país. Em 2014/15, ele ganhou a Taça de Portugal, mas acabaria demitido apenas quatro dias após o título, e de maneira bizarra. Os alviverdes não gostaram do fato de Silva não ter vestido o terno com o escudo do clube lisboeta em uma partida e o mandaram embora por justa causa.
O luso foi então para o Olympiacos, ficando uma temporada no time de Atenas. Foi campeão do Campeonato Grego e brilhou com a vitória por 3 a 2 sobre o Arsenal, na Liga dos Campeões, antes de pedir demissão da equipe alegando motivos pessoais.
Estava desempregado até o início deste ano, quando chegou ao Hull City.
Um dos grandes parceiros de Marco Silva nos tempos de Estoril foi o meia brasileiro Evandro, ex-Palmeiras, Atlético-MG e Atlético-PR, que comandou o meio-campo amarelo na melhor fase do clube, quando chegou a bater de frente com os grandes.
Segundo o armador, Marco Silva é um técnico de ações rápidas e eficientes.
“Ele mudou bastante coisa em pouco tempo no Estoril, e isso mostra a capacidade dele. O Marco assumiu o time em um momento colocado, quase caindo para a 3ª divisão, e salvou o clube, levou para a 1ª divisão! Depois, ainda conquistamos a vaga na Liga Europa jogando de igual para igual com os gigantes de Portugal”, exalta, ao ESPN.com.br.