O fator Lula e as eleições de 2018

POR FRANCISCO MACHADO FILHO

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Só há uma hipótese para que o processo eleitoral no Brasil ocorra naturalmente em 2018; se Lula não for candidato a presidente.
Caso o juiz Sério Moro não consiga prender Lula (ou pelo menos sujar sua ficha) ou Lula seja impedido de se candidatar por uma tragédia natural ou provocada, aposto todas as minhas fichas de que não teremos eleições em 2018.
Três fatores apontam este tenebroso cenário. Primeiro: nem de longe esse governo tem condições de resolver os problemas estruturais do país. O caos no Espírito Santo pode ser apenas o começo de várias outras crises em diversas outras categorias. O posicionamento de Temer até aqui não demostra nenhum interesse do governo em solucionar a crise no Espírito Santo. A instabilidade e a insegurança são bons argumentos para sustentar o medo de mudanças.
Em segundo lugar, o interesse de boa parte do congresso nacional em manter o foro privilegiado. Como disse Ciro Gomes, “a Lava Jato vai de A a Z passando pelo C”, então por que deputados e senadores irão correr o risco de perder o foro privilegiando caso não sejam reeleitos. Assim, não será surpresa nenhuma se alguém apresentar uma PEC que aumente o mandato de todo legislativo do país. Lembram dos cincos anos do Sarney?
E em terceiro lugar, aquele que seria o ultimo baluarte da Democracia e que poderia impedir a ação do congresso nessa direção, que é o Supremo Tribunal Federal, não inspira a mínima confiança. Aliás, com a chegada de Alexandre de Morais, que mesmo demostrando toda sua incompetência como Ministro da Justiça, reforça ainda mais essa tese.Soma-se a isso, uma mídia parceira e que também tem interesse na continuidade desse governo e que está sendo recompensada com gordas verbas de publicidade. E mais, uma multidão de paneleiros prontos para saírem às ruas, se dizendo representantes do país, evocando o medo contra o comunismo, socialismo, Cuba, Rússia e etc.
E o militares? …
Não chegamos ainda no momento crucial do Golpe. O primeiro estágio foi provocar o golpe a assumir o poder. O momento final é continuar no poder. E pelo que temos visto, essa turma é capaz de qualquer coisa.

Segurança: Planalto a caminho de um novo desastre

POR HELENA CHAGAS – Os Divergentes

Está pegando mal, mas muito mal mesmo. Enquanto parte do Brasil pega fogo, produzindo imagens impressionantes dos tanques no Espírito Santo e dos conflitos no Rio, a turma de Brasília trata de articulações para salvar a própria pele.

Como se já não fosse suficiente o desgaste dos últimos capítulos, com a polêmica promoção de Moreira Franco, a indicação do homem de confiança Alexandre Moraes para o STF e o controle “lavajatista” da CCJ do Senado e de outros postos importantes do Legislativo, o Planalto parece caminhar, célere, para outra trombada com a opinião pública.

Nas últimas horas, cresceram as chances de o presidente Michel Temer ceder às pressões do PMDB e indiciar um político do partido para o Ministério da Justiça. Tem tudo para ser um desastre, seja ele Rodrigo Pacheco, Osmar Serraglio ou qualquer outro.

No momento, o que o Ministério da Justiça e da Segurança precisa, e muito rapidamente, é de um grande nome técnico para mostrar que o governo federal está minimamente preocupado em encontrar uma solução efetiva para o caos que já se instalou no ES, está perto do Rio e ameaça praticamente todos os estados em crise financeira.

Não basta mandar o exército ocupar as ruas das cidades conflagradas, como estamos vendo em mais de uma semana de sítio capixaba. É preciso passar ao país a ideia de que, apesar dos cintos apertados, o piloto não sumiu.

Em vez de ficar bolando estratagemas para blindá-los da Lava Jato, o que o Planalto e o Congresso deviam estar fazendo é se debruçar sobre soluções que ajudem os milhões de brasileiros que estão hoje acuados pela insegurança.

A nomeação rápida de um ministro da Justiça adequado, na linha de um José Mariano Beltrame, seria apenas um primeiro passo. Mas os governistas não parecem ver como prioridade essa resposta mínima à sociedade. Brasília está doente, e sua moléstia é o medo da Lava Jato. Por isso, parece estar perdendo a capacidade de olhar para o resto do Brasil.

Um novo ‘Special One’?

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POR FRANCISCO DE LAURENTIIS E VLADIMIR BIANCHINI – ESPN

No final do ano passado, o Hull City já parecia fadado à queda na Premier League.

Afinal, o clube aurinegro estava encravado na lanterna, tomando uma goleada atrás da outra e vendo os donos tentarem vender a equipe de qualquer forma, enquanto a torcida abandonava cada vez mais as arquibancadas. A esperança parecia perdida.

Coube a um treinador português, já chamado de “novo Special One“, resolver tudo isso.rata-se de Marco Silva, 39 anos, contratado em 5 de janeiro deste ano e que estava desempregado após passagens por Estoril-POR, Sporting-POR e Olympiacos-GRE.

Ninguém esperava muito do desconhecido luso, um ex-lateral direito de equipes pequenas de Portugal, mas que vinha em rápida ascensão na carreira de treinador. Logo de cara, porém, a diretoria do Hull City avisou que havia encontrado a peça ideal para colocar o clube nos trilhos.

“Ele possui ótimos números recentes, e sentimos que essa é uma contratação ousada e animadora para nossa meta de seguir na Premier League“, disse o vice-presidente dos Tigers, Ehab Allam.

Ele estava certo.

Em pouco mais de um mês, Marco Silva arrumou a casa e transformou os Tigers de “galinha morta” em sensação na Inglaterra. Com bons resultados, ele já saiu da lanterna e pode até tirar o Hull da zona do rebaixamento nesta rodada, se conseguir vencer o Arsenal neste sábado, às 10h30 (de Brasília), no Emirates.

Algo que não é novidade em sua carreira, aliás. Em 2015, ele viu seu Olympiacos bater o Arsenal por 3 a 2 em Londres, pela fase de grupos da Uefa Champions League. Pela equipe grega, ele ainda conquistou o título da liga nacional em 2015/16, antes de pedir demissão por vontade própria em junho de 2016, alegando motivos pessoais.

A série recente do português pelo Hull inclui uma incontestável vitória por 2 a 0 sobre o Liverpool de Jurgen Klopp, pelo Inglês, e um triunfo por 2 a 1 sobre o Manchester United de José Mourinho, pela Copa da Liga Inglesa – além de um 0 a 0 com os Red Devilspela Premier League, em pleno Old Trafford.

Em todos esses jogos, o estilo de Silva foi muito exaltado pela imprensa inglesa, que salientou a maneira como o luso colocou os experientes Klopp e Mourinho “no bolso” com suas táticas ousadas.

E para montar um time que joga bem taticamente, Marco mostrou que o trabalho duro era a única solução. Desde que assumiu o Hull City, ele cortou as folgas dos jogadores e apostou em cada vez mais treinamentos para equilibrar a equipe. A estratégia do novo comandante vem funcionando melhor do que a encomenda até o momento.

Marco Silva nasceu em Lisboa, em julho de 1977, e foi revelado pelo Belenenses, em 1996. Lateral direito de pouca habilidade, jogou numa série de times pequenos até chegar em 2005 ao Estoril, equipe na qual finalmente deslanchou e fez sucesso.

Em seus seis anos com a camisa amarela, ele ajudou a levar o time da segunda para a primeira divisão, mas resolveu pendurar as chuteiras em 2011, atormentado por lesões. Graças ao técnico brasileiro Vinícius Eutrópio, atualmente no Santa Cruz, resolveu virar treinador, dando início a uma carreira que parece bastante promissora.

“Quando eu cheguei ao Estoril, em 2010, o Marco era o capitão. Mas logo que assumi, ele se aposentou pouco depois, porque vinha de muitas lesões. Eu disse a ele então que ficasse trabalhando comigo no clube, e ele virou diretor esportivo”, lembra Eutrópio. “Nesse período, criamos uma excelente relação, e ele já começou a se preparar para virar treinador. Eu via um grande potencial nele para essa função desde cedo”, garante.

Quando Eutrópio deixou o Estoril, em 2011, deu a Silva a tão esperada chance. “Chamei o Marco para jantar na minha casa e disse que iria deixar o clube, mas pedi a ele que ficasse no meu lugar. Ele ficou bastante surpreso com isso e hesitou um pouco no começo, mas agarrou a chance e hoje já virou um ótimo técnico”, conta Eutrópio.

Sua ascensão foi meteórica. Logo após assumir a vaga do comandante brasileiro, Marco Silva levou o Estoril do 10º lugar à liderança, terminando como campeão da 2ª divisão e retornando à elite com apenas três derrotas em 24 jogos. Acabaria eleito treinador do ano em Portugal pela Federação.

Na temporada seguinte, fez excelente campanha na 1ª divisão, acabando em 5º lugar e classificando a pequenina equipe para a Liga Europa, algo que nunca tinha ficado nem perto de acontecer. Nessa época, ganhou da torcida o apelido de “novo Special One“, em referência a José Mourinho, o Special One original, que também começou em um time pequeno.

Seu sucesso o levou ao Sporting, um dos gigantes do país. Em 2014/15, ele ganhou a Taça de Portugal, mas acabaria demitido apenas quatro dias após o título, e de maneira bizarra. Os alviverdes não gostaram do fato de Silva não ter vestido o terno com o escudo do clube lisboeta em uma partida e o mandaram embora por justa causa.

O luso foi então para o Olympiacos, ficando uma temporada no time de Atenas. Foi campeão do Campeonato Grego e brilhou com a vitória por 3 a 2 sobre o Arsenal, na Liga dos Campeões, antes de pedir demissão da equipe alegando motivos pessoais.

Estava desempregado até o início deste ano, quando chegou ao Hull City.

Um dos grandes parceiros de Marco Silva nos tempos de Estoril foi o meia brasileiro Evandro, ex-Palmeiras, Atlético-MG e Atlético-PR, que comandou o meio-campo amarelo na melhor fase do clube, quando chegou a bater de frente com os grandes.

Segundo o armador, Marco Silva é um técnico de ações rápidas e eficientes.

“Ele mudou bastante coisa em pouco tempo no Estoril, e isso mostra a capacidade dele. O Marco assumiu o time em um momento colocado, quase caindo para a 3ª divisão, e salvou o clube, levou para a 1ª divisão! Depois, ainda conquistamos a vaga na Liga Europa jogando de igual para igual com os gigantes de Portugal”, exalta, ao ESPN.com.br.

Moro talvez não saiba – mas ele já era

POR PAULO NOGUEIRA, no DCM

E Sergio Moro e sua Lava Jato vão sendo, aos poucos, descartados pelo grupo que os usou para tirar Dilma do poder.

c30rashxuaez4ziO super-herói da mídia vai sendo relegado aos rodapés. Notícias desagradáveis para Moro eram suprimidas nas redações. Agora, até as vaias que ele recebeu numa palestra que fez na Universidade Columbia, em Nova York, foram noticiadas.

O senador Romero Jucá, numa célebre conversa gravada, disse que era preciso colocar Temer no poder para “estancar a sangria”.

A sangria tinha nome e sobrenome: Sérgio Moro e Lava Jato. Tirada Dilma, tudo estaria sob controle da dupla PMDB-PSDB. Não só a presidência — mas o Supremo e, consequentemente, a Lava Jato.

A nomeação de Alexandre Moraes para o STF é apenas uma evidência a mais disso.

Sua filiação ao PSDB deveria desqualificá-lo instantaneamente para o Supremo.

Mas não.

Temer achou que era suficiente Moraes se desfiliar, num espetáculo assombroso de cinismo e descaro.

Não surpreende que no meio de tudo isso surja no palco — mais uma vez — Gilmar Mendes para se queixar das penas “alongadas” da Lava Jato. (No Mensalão, houve pena de 40 anos, sem que Gilmar usasse o adjetivo “alongada”.)

A Lava Jato, tal como a conhecemos sob Dilma, acabou — e, com ela, Moro. Seu objetivo era liquidar Dilma, Lula e o PT.

Não estava nos planos de seus mentores e incentivadores que as cobranças por corrupção alcançassem medalhões de outros partidos que não o PT. Aécio, Serra, Alckmin? Nem pensar.

Com Dilma, isso fatalmente ocorreria.

Dado o golpe, a história é outra.

Tudo muda. São grandes, por exemplo, as chances de Eduardo Cunha ser posto em liberdade — se não imediatamente, em breve. Cunha pleiteia isso, e o caso será julgado pelo STF que temos agora. (Moraes, que se incorporará ao Supremo depois de ser sabatinado por seus amigos senadores, foi advogado de Cunha.)

Em resumo: de peça-chave para a plutocracia, Moro passou a ser um obstáculo. Fez o que se queria dele — massacrar Dilma e Lula, e derrubar o PT do poder. E pronto.

Ele é um produto de outro tempo, como as mulheres e homens que batiam em panelas.

Moro talvez não saiba — mas ele já era.

Parece que aveludaram as panelas

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“Nada mais indigna ninguém, talvez também por constrangimento de quem foi às ruas para protestar contra um governo que nomeou Dias Toffoli para o STF e vê o que o sucedeu nomear Alexandre de Moraes. Ou não dá vergonha ter batido panelas contra a tentativa de um governo nomear Lula ministro e ver o episódio se repetir com o outro ao dar foro privilegiado a Moreira Franco?”, escreve o colunista Juca Kfouri, em texto que critica a política de Michel Temer e o fracasso do legado da Copa e da Olimpíada. “Parece que aveludaram as panelas”, resume em seu artigo na Folha de S.Paulo.

“Alguém já disse que o futebol imita a vida e vice-versa.

Eis que o Corinthians vive dias como os vividos em Brasília antes do impeachment, mas, pasme, a Comissão de Ética do clube deu uma lição ao Congresso Nacional.

Diante da gestão pífia do presidente alvinegro Roberto de Andrade, conselheiros querem transformar pecados veniais (assinaturas em documentos antes de assumir a presidência) em crimes para impedi-lo de seguir adiante no posto para o qual foi eleito legitimamente. Você já viu isso?

Porque agora é assim: as coisas não estão indo bem na economia, na política, nos gramados, nem o eleitorado e nem a torcida estão felizes, anule-se a eleição.

Pois eis que a Comissão de Ética do Corinthians deu parecer contra o impeachment e de maneira que até os ministros do STF, e nossos parlamentares, deveriam aprender, ao partir do seguinte pressuposto: ‘Esta Comissão fugiu ao máximo da armadilha de avaliar a administração do presidente. Estamos convictos de que não nos cabe discutir se a gestão é boa ou ruim; se as opções contratuais foram corretas ou não; se o futebol vai bem ou vai mal; se as finanças estão em ordem ou não. Não se debateu a qualidade do governo e é possível que, neste particular, haja divergências entre os signatários. A unanimidade acima citada refere-se apenas à detecção de infrações estatutárias e suas respectivas gravidades, únicos temas aqui analisados. Se a gestão é boa ou ruim, que o eleitor manifeste-se nas urnas, nas próximas eleições'”.