Castanhal x PSC – comentários on-line

Campeonato Paraense 2017 – 6ª rodada

Castanhal x Paissandu – estádio Maximino Porpino, em Castanhal, 20h30

radio-clube-_-ibope-_-sabado-e-domingo-_-tabloide

Na Rádio Clube, Valmir Rodrigues narra; João Cunha comenta. Reportagens – Paulo Sérgio Pinto, Dinho Menezes, Rosilvaldo Souza. Banco de Informações – Fábio Scerni. 

Sarney, o incomum

POR ANDREI MEIRELES – Os Divergentes

Ex-presidente José Sarney
Ex-presidente José Sarney

A política é um terreno fértil para um amplo leque de relações. Ali se produzem simbioses espantosas. Um misto de inveja e admiração sempre focou o olhar de José Sarney na capacidade de Lula de encantar o povão. Depois de execrá-lo, no começo de sua carreira política, Lula também se enamorou de Sarney.

Virou fã de carteirinha de sua capacidade de se dar bem no jogo político de Brasília. Ele tem razão. Mesmo sem mandato, Sarney continua ganhando todas as bolas divididas no Senado.

Mas seu melhor desempenho nem é lá.

O que mais impressiona Lula e a todos que acompanham de perto os bastidores do poder é a performance de Sarney no Judiciário.

Desde que foi presidente da República ele teve uma dedicação especial com o Judiciário. Amigo, advogado e ex-ministro, Saulo Ramos lhe ensinou o caminho das pedras. Assim foi montada a nova composição do Judiciário após a Constituinte.

Sarney nunca descuidou da lição. Quem o acompanha de perto conta que não há sucessão nos tribunais superiores que candidatos a ministro não façam fila para pedir a sua benção.

Além de grande padrinho, é tido no meio político como acima das batalhas judiciais.

Em uma tirada famosa, Lula chegou a disser que Sarney “não é um homem comum”.

Até o juiz Sérgio Moro tropeçou na ilusão de investigá-lo.

Por decisão do ministro Teori Zavascki, Moro comandava em Curitiba a apuração de uma denúncia contra Sarney. Pesada. A acusação do ex-senador Sérgio Machado, o grande operador do PMDB na Transpetro, de que Sarney teria recebido daquela subsidiária da Petrobrás propina no valor de R$ 18,5 milhões.

Parecia o foro adequado. Como não tem mais foro privilegiado, a exemplo de Lula, a instância de Sarney na Lava Jato deveria ser Curitiba.

Nessa terça-feira (21), porém, a Segunda Turma do STF tirou a investigação sobre Sarney das mãos de Moro. Só Edson Fachin, sucessor de Teori na relatoria da Lava Jato, votou contra. Os ministros que assim decidiram têm seus motivos. Jurídicos, inclusive.

No Congresso, no entanto, a interpretação é de que Sarney venceu mais uma.

Como sempre.

A sorte de ser Botafogo

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POR SYANNE NENO

Antes que me joguem pedras como a Geni do futebol, que troca de time como uma meretriz do afeto, esclareço: sou Fluminense de pai, mãe e pó de arroz na cara. Mas a mística da Estrela Solitária me inspira, me entorpece em bons sentimentos. E, definitivamente, não posso me calar diante da noite épica dessa quarta-feira, na qual o Glorioso Botafogo de Futebol e Regatas se classificou para a Libertadores e confirmou mais uma vez a sua vocação para o imponderável, para o mágico.
Tudo começou com Armando Nogueira. O “Marquês de Xapuri”disputava, texto a texto, adjetivo a adjetivo, com Nelson Rodrigues, o posto de meu Mestre-mor da crônica esportiva. Mas nessa disputa, o primeiro, ainda em vida, marcou um gol de placa decisivo para arrebatar meu coração para sempre. Em 1994, quando eu engatinhava escrevendo crônicas de futebol, recebi um cartão do Rio de Janeiro. “Querida, Syanne. Vá em frente. Suas crônicas têm estilo Um dia, se Deus quiser, a aluna supera o mestre” Ass: Armando Nogueira. Sim, ele mesmo, a figura mais poderosa do jornalismo da TV Globo durante muito tempo, o poeta de General Severiano, me mandava aquilo. E eu acreditei. Passei a escrever sobre futebol para existir. E comecei a ver no Botafogo, tão bem traduzido por Armando Nogueira, um time diferente. Ninguém comum consegue ser Botafogo. A começar por Armando Nogueira.
Os poetas, cronistas e cantores que eu mais admirava/ admiro também carregam a Estrela Solitária: Vinicius de Moraes, Fernando Sabino, Clarice Lispector, Otto Lara Rezende, Marisa Monte, Eduardo Dusek…Não dá pra imaginar nenhum deles na vala comum. Mas ser Botafogo também é carregar a ( justa) fama de azarado. Digamos que em outra vida, as almas errantes escolhem voltar botafoguenses para expiar seus pecados. “Oh, céus, oh, vida, oh, mundo cruel…” como aquela hiena do desenho animado, o torcedor botafoguense vive a se debulhar em lamúrias. Eram jogos perdidos nos últimos minutos, arbitragem contra, heróis derrotados na vida real, coisas que só acontecem ao Botafogo, resumia sabiamente Armando Nogueira.
Mas vez em quando , a mística da Estrela Solitária resplandece apagando toda a má sorte atribuída ao clube. Ontem, ela brilhou no peito do goleiro Gatito Fernández. Em menos de um mês, o paraguaio passou de reserva a herói. Entrou no segundo tempo do jogo decisivo contra o Olimpia para subir ao Olimpo. Logo o Olimpia, arquirrival de Gatito, torcedor apaixonado do Cerro Portenho, junto com seu pai. Depois de uma atuação covarde do Botafogo no primeiro tempo, Gatito entrou. Na decisão por pênaltis, o predestinado fez três defesas e confirmou que, realmente, tem coisas que só acontecem ao Botafogo.
Hoje, a hiena chorona do desenho animado, que mora em cada torcedor botafoguense, trocou o disco. “Oh, céus, oh, vida, oh sorte a nossa de ter essa estrela solitária no peito!” Quando menos se espera, ela rompe de um vale sombrio e árido, ofuscando estigmas e crenças. Virando o jogo.
O Mestre Armando Nogueira, onde quer que esteja, sorri. Seu time confirma todo o legado deixado em suas poesias. Enquanto sua aluna…bem… essa não superou o Mestre. Muito longe disso. Mas carregando uma ponta da Estrela Solitária no peito, ela ainda espera por seu dia de Gatito Fernández.
E ele ainda há de surgir.