POR GERSON NOGUEIRA
A dupla Re-Pa chega à semana do primeiro clássico do ano em condições muito parelhas. De um lado, os remistas tentando se organizar ao longo do Parazão, mas com sérias dificuldades no meio-de-campo e no ataque. Os bicolores, por seu turno, ainda procuram assimilar a derrota sofrida em Tucuruí e tentam corrigir os muitos erros exibidos na partida.
Pode-se dizer que Josué Teixeira tem um time ligeiramente mais entrosado, com uma escalação que não se alterou nas três primeiras rodadas do campeonato. Ao mesmo tempo, o técnico é obrigado a malabarismos quando precisa fazer substituições no decorrer de um jogo.
O elenco é limitado, com poucos destaques individuais e várias apostas em jogadores vindos da base azulina. Na estreia, contra o Cametá, o resultado foi empolgante, mas não retratou a real força do time. A partida seguinte veio colocar as coisas em seus devidos lugares. Diante de uma marcação mais rígida, o Remo não conseguiu jogar.
Domingo, em Santarém, as dificuldades no setor de criação voltaram a assombrar o time. Quando parecia mais próximo de chegar ao gol, permitiu o contra-ataque que resultou no penal em favor do São Raimundo. Melhor àquela altura, o time remista chegou ao gol de empate em jogada de bola aérea, típica de momentos de desespero.
O fato é que falta à equipe um parceiro de ataque mais ágil e habilidoso para Edgar. Nem Jayme, nem Val Barreto mostraram essas qualidades. Gabriel Lima parece mais talhado para a função, embora precise ganhar confiança.
No meio, Flamel é o camisa 10, mas atua como um falso atacante. Com isso, o time fica carente de um organizador. Fininho e Rodrigo são as alternativas, mas ainda não convenceram Josué.
Marcelo Chamusca não tem as limitações que afetam o trabalho de Josué. Conta com um elenco mais qualificado e homogêneo. Tem, pelo menos, seis atacantes em condições de aproveitamento – Cearense, Alfredo, Bergson, Leandro Carvalho, Bruno Veiga e Will.
Nos dois primeiros jogos, o treinador sinalizou que Cearense e Bergson são titulares, mas Carvalho apareceu bem contra o Independente e tem chances de brigar pela titularidade.
A meia-cancha conta com Diogo Oliveira, Daniel Sobralense, Marquinho, André e Samuel. Oliveira, dono da camisa 10, pode vir a funcionar como um Tiago Luiz menos agudo. Nos tiros de média distância, é tão talentoso quanto o antecessor. É necessário, porém, que tenha tempo para se aclimatar ao nosso futebol e tranquilidade para mostrar suas qualidades.
Com certa dose de razão, o torcedor ficou ressabiado com o revés em Tucuruí. Afinal, o Papão desfrutou de 80 minutos com um atleta a mais e não exibiu repertório de jogadas capaz de superar o bloqueio defensivo do Independente.
As críticas ao setor defensivo funcionaram como alerta para Chamusca, que dedicou nos últimos dias especial atenção ao posicionamento de seus zagueiros. Vale observar, porém, que o comportamento da dupla de beques depende muito da produção dos volantes. Lombardi e Gilvan não atuaram bem, mas Wesley e Rodrigo também não fizeram boa partida, e uma coisa pode estar relacionada com a outra.
Diante de tudo isso, as projeções para o clássico de domingo indicam um acentuado equilíbrio entre equipes ainda em construção.
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Um mea-culpa que dignifica a arbitragem
Joelson Nazareno Cardoso, árbitro de S. Raimundo x Remo, teve atitude digna dos bons profissionais. Admitiu ter errado na anulação do gol de Gabriel Lima, que não estava em posição irregular no lance. Reconhecer as próprias falhas é o primeiro passo para evoluir no ofício mais cornetado do mundo.
(Coluna publicada no Bola desta quarta-feira, 08)
Admitir ter errado não restabelece a justiça do jogo.
Qual será o erro do próximo jogo?
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Mea culpa é um indicativo de maturidade. Nada obstante, quer me parecer que o principal responsável pela lambança tenha sido o auxiliar, eis que estava bem posicionado na linha da jogada e se precipitou ao levantar a bandeira antes do deslinde do lance, momento no qual teria condições de verificar que o jogador que estava fora de jogo não participou da jogada e aquele que participou estava em posição regular.
Quanto ao Clássico entendo que a condição de melhor estruturado do rival, e os reflexos positivos daí advindos, o colocam na posição de favorito. O que, como é cediço, não quer dizer que será o vencedor, eis que depois que a bola começa a rolar aquilo que parece melhor tanto pode se confirmar, quanto pode se revelar insuficiente para garantir o êxito, em face d’algum fator mais relevante que se imponha.
Com verdade, nada obstante dê mostras de realmente estar mais entrosado, o Mais Querido enfrenta fatores limitantes que me parecem de alta relevância e significação no resultado final de um clássico, como por exemplo, a inspiração que tarda a se fazer presente na performance da maioria dos atletas, especialmente daqueles responsáveis pela criatividade e armação das jogadas, de quem se espera bem mais do que estão produzindo, especialmente porque se sabe que eles tem bem mais a produzir.
É bem verdade que o que tem faltado em inspiração tem sobrado em entrega, em vontade de superar as dificuldades e o adversário. Mas, isso, apesar de muitíssimo importante, normalmente não é o diferencial, eis que o adversário também apresenta em medida equivalente.
A julgar pelo desempenho diante dos adversários que enfrentou, nada obstante o entrosamento ainda pouco desenvolvido (até jogo passado), o rival parece já mais evoluído. Sob o meu ponto de vista, ressalvado o caso do camisa 10, o qual nos dois jogos que fez pelo certame realmente não acertou (espero que não venha a acertar justamente no clássico), em se tratando de desempenho, peça por peça, o esquadrão listrado ostenta alguns pontos acima daqueles ostentados pelos atletas do Leão de Antonio Baena.
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