Post de @gersonnogueira.
Mês: outubro 2016
A Amazônia que arde
O ano de 2016 caminha para ser o mais quente já registrado. Enquanto isso, no Brasil, um dos El Niños mais intensos das últimas décadas exacerbou a estação seca em boa parte da na Amazônia.
Quando esses dois quadros se juntaram ao uso inadequado do fogo nos últimos meses, vastos quinhões da Amazônia arderam, com graves consequências para as populações, para a economia e para a natureza.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a área queimada na região em setembro[1] chegou a 54,5 mil quilômetros quadrados, maior do que o Estado do Rio – extensão pouco menor do que em setembro de 2015, contrariando previsões iniciais de potencial recorde neste ano.
Nem por isso há o que se comemorar: largas áreas de vegetação foram incendiadas. “Sabemos que está ocorrendo o aumento da estação seca na Amazônia e uma alteração no ciclo hidrológico, mas ainda não sabemos direito as causas”, diz o cientista Paulo Artaxo, professor na Universidade de São Paulo (USP) e conselheiro do IPAM.
Estresse
De acordo com dados da NASA (agência espacial norte-americana), o solo da floresta amazônica está menos úmido em 2016 do que em 2005 e 2010, dois anos que também registraram secas extremas[2].
A área queimada no bioma aumentou 110% em 2015 em relação à área queimada em 2006, segundo cálculo baseado em informações do Inpe. Enquanto isso, a área de corte raso caiu 56%, ficando estacionada ao redor de 5.000 km2.
Em todo o mundo, as regiões de floresta tropical têm aquecido em média 0,26°C por década desde meados de 1970[3]. “A Amazônia está sofrendo um processo de estresse hídrico devido ao aumento de 1,5°C no último século”, explica Artaxo. “Ao ter um ambiente com uma temperatura alta se aproximando de limiares, isso pode trazer uma fragilidade maior para a região.”
Quando diferentes forças – atividades humanas, como mudança no uso do solo e emissões de CO2, mais fatores naturais, como El Niño – atuam sobre uma mesma região ao mesmo tempo, pesquisas científicas combinadas a políticas públicas precisam ser prioritárias.
“Políticas públicas de longo prazo, monitoramento, presença do Estado e governabilidade estadual são essenciais para definir os próximos rumos do ambiente e da população como um todo”, diz o cientista. “Uma estratégia muito importante para o país é melhorar o monitoramento ambiental dos processos que estão acontecendo na Amazônia. Mudanças no uso do solo são só a primeira alteração ambiental numa cadeia muito grande – é preciso monitorá-la completamente.”
Um menino esquenta a região
Em agosto e setembro, o Inpe detectou 425.178 focos de calor no bioma amazônico. Nos mesmos meses de 2015, foram registrados 444.942 focos, cerca de 4% a mais. Já a área queimada cresceu pouco mais de 5%, de 102.965 para 108.655 quilômetros quadrados, na mesma comparação.
Esse fogaréu todo responde pelo nome de El Niño (“O Menino”, em espanhol), que começou no ano passado e só foi perder força no primeiro semestre de 2016.
El Niño é um fenômeno natural climático como consequência do aquecimento fora do normal das águas do Oceano Pacífico na altura da costa do Peru. Conhecido por alterar globalmente os índices pluviométricos e os padrões de vento, no Brasil ele atinge as regiões de formas diferentes. Ao modificar a distribuição de calor e umidade, El Niño geralmente causa excesso de chuva no Sul do país e redução no Nordeste e no Leste da Amazônia.
No período de 2015-2016, a temperatura da superfície do Oceano Pacífico foi a mais alta registrada desde 2001, quando começou o monitoramento de queimadas por satélite. Para piorar, a temperatura da superfície do Oceano Atlântico também esteve acima do normal, o que intensificou a seca e, por consequência, as queimadas na Amazônia este ano[4].
Alta intensidade
O último grande El Niño foi registrado entre 1997 e 1998. O fenômeno causou uma intensa seca na Amazônia, o que aumentou significativamente as queimadas.
Naquele período, estudos do IPAM com IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostraram que na Amazônia os prejuízos com o fogo chegaram a quase 10% de PIB (cerca de US$ 5 bilhões na época). Em 1998, só o SUS (Sistema Único de Saúde) gastou mais de US$ 10 milhões com tratamento de problemas respiratórios na região devido à fumaça das queimadas na região[5]. No Nordeste, a estiagem provocou uma perda de R$ 1,8 bilhão[6]devido a quebras de produção. No Sul, as chuvas ficaram acima da média histórica, causando tempestades e enchentes.
Neste ano, o El Niño foi, além de intenso, extenso (confira gráfico abaixo). “Ainda não podemos atribuir essa intensidade do fenômeno ao aquecimento global; serão necessárias um pouco mais investigações”, explica o pesquisador sênior do IPAM, Paulo Moutinho. “Mas o que se pode já dizer é que, se o avanço do desmatamento e da mudanças climática continuarem, o cenário de grandes secas em boa parte da Amazônia poderá ser algo bem comum no futuro.” (Via Ipam)
Capa do Bola – segunda-feira, 24

Rock na madrugada – Rolling Stones, Sweet Virginia
Ritmo de fim de feira
POR GERSON NOGUEIRA
Quem apostava que o Goiás seria o mais afetado pela alta temperatura do sábado à tarde, acabou se surpreendendo com o desgaste demonstrado pelos atletas do Papão. É verdade que o time só havia feito um jogo na faixa das 16h no Mangueirão – contra o Oeste, na segunda rodada – e era natural que sentisse os efeitos da canícula. O problema é que o time cansou cedo demais, ainda nos minutos finais da etapa inicial, nivelando-se ao adversário e perdendo qualquer esperança de buscar o desempate.
A partida valeu pela movimentação vista nos primeiros 45 minutos, quando o Papão deu a ilusão de que jogaria como das outras vezes, saindo com rapidez para o ataque e agredindo o adversário. Não foi bem o que ocorreu no desenrolar da partida, pois o Goiás também saía e ameaçava quando chegava à área com Walter, Rossi e Léo Gamalho, principalmente pelo lado esquerdo do Papão, em cima de João Lucas.
O penal sofrido (e convertido) por Leandro Cearense aos 16 minutos animou a torcida, mas o time não manteve a mesma intensidade. Emerson fez sensacional defesa em chute de Rossi e o Papão terminou por ser castigado nos instantes finais do período, com o gol de Davi em chute de fora da área. Logo em seguida, Gamalho quase ampliou.
No tempo final, o Papão sofreu para superar a falta de criatividade do meio-de-campo e ficou dependendo de disparos isolados de Tiago Luís. O confronto perdeu muito em qualidade na segunda parte, com os dois times visivelmente combalidos e sem forças para se arriscar no ataque.
A aposta de Dado na estreia de Cleyton não deu o resultado esperado, principalmente porque Tiago Luís já se mostrava exaurido para criar jogadas na frente. Talvez a melhor opção fosse Cleyton no lugar de um dos volantes (Recife ou Rodrigo), o que daria mais agressividade à equipe.
Em favor do técnico cabe observar que a substituição dos zagueiros Ratinho e Gualberto por contusão comprometeu seus planos para eventuais modificações táticas no decorrer do jogo.
No geral, atuação decepcionante do Papão, que podia ter tornado a caminhada final mais tranquila em caso de vitória. O Goiás, apesar de destaques individuais, não ofereceu tanta resistência e o empate decorreu principalmente das fragilidades bicolores.
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No Leão, vices se destacam na campanha
Em função do tema abordado na coluna de ontem, recebi várias mensagens de sócios, conselheiros e torcedores remistas, quase todos apreensivos com o clima de confrontação que se estabelece nesta eleição, mas também algumas previsões surpreendentes.
A mais interessante partiu de um velho cardeal remista, que confia na postura dos candidatos a vice das duas chapas para que a próxima gestão decole. Ricardo Ribeiro é o vice na chapa de Manoel Ribeiro e Marcos Lobato na de André Cavalcanti.
Segundo ele, ambos já demonstraram ter atitude e não parecem dispostos a fazer figuração, comportando-se passivamente. Qualquer que seja o eleito deve marcar presença na administração como nenhum outro vice-presidente recente fez. A conferir.
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Direto do blog
“Comemorar um ponto dentro de casa, nos mostra o quanto o Gato não tem ideia de onde ele está. Respeita a caixa d’água, rapá! Ao contrário de outras temporadas, temos um ‘matador’, Cléo. Mas, para mim, o problema maior está no comando da onzena. Há muito que a Tuna não acerta com um técnico que traga futuro. É torcer para o time azeitar na próxima 4ª feira, caso contrário a repitota está por vir.”
Harold Lisboa, tunante de boa cepa, cornetando a Águia Guerreira (que empatou com a Desportiva, 1 a 1) diretamente de seu refúgio no Japão
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Série A volta a ficar sob suspeita de arranjos
O Campeonato Brasileiro da Série A repete, em doses menos cavalares, o clima de suspeição geral vista em 2005, 2010 e no ano passado. A diferença é que, desta vez, o Corinthians não é o principal beneficiário dos erros de arbitragem. Em São Paulo, o árbitro Ricardo Marques ignorou penal claro de um zagueiro palmeirense, que daria o empate ao Sport. Jogadores pernambucanos saíram dizendo que tudo está desenhado para Palmeiras e Flamengo. Não deixam de ter boa dose de razão.
No Maracanã, com belíssima plateia, de quase 55 mil pagantes (renda superior a R$ 3,2 milhões), a arbitragem foi terrível. Apitador Anderson Daronco errou muito, assessorado à altura por bandeirinhas bastante distraídos. Um deles deixou de ver o escandaloso impedimento triplo no primeiro gol rubro-negro. Como o juiz era ruim, os times aproveitaram, a pancadaria correu solta e a bola foi quem mais apanhou.
(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 24)
Boa passa pelo Juventude e é finalista
Série C: Bugre massacra ABC e vai à final
Arbitragem opera Sport e Palmeiras dispara
Com apito amigo, Fla empata com Corinthians
Sobre a juventude

Eduardo Cunha ainda é um célebre desconhecido

Futebol em números

A história do Gre-Nal:
411 jogos disputados até hoje
154 vitórias do Inter (578 gols)
128 vitórias do Grêmio (540 gols)
129 empates