Parece incrível, mas golpe dentro do golpe cogita nomear FHC presidente

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POR LUIZ FELIPE MIGUEL, no blog O Cafezinho

A ideia de um golpe dentro do golpe para entregar a presidência a FHC é tão bizarra, tão absurda, que deve realmente estar sendo cogitada — na política brasileira recente, só o absurdo e o bizarro prosperam.

O mais incrível é a construção de Fernando Henrique como um ancião sábio e probo. Seus oito anos de poder não foram só oito anos de um Brasil de joelhos, de entrega do patrimônio nacional, de técnicas “thatcheristas” de destruição do sindicalismo, de retrocesso na educação e na ciência.

Foi também um dos governos mais corruptos da história. O governo da escandalosa compra de votos para permitir a reeleição do presidente, mais que documentada e nunca apurada. O governo das privatizações “no limite da irresponsabilidade”.

O governo que tudo podia, pois contava com a cumplicidade da procuradoria, do judiciário e da mídia.

Se existe um ex-presidente brasileiro que merecia estar na cadeia, ele é Fernando Henrique Cardoso.

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Congresso estuda eleger FHC presidente, em caso de queda de Temer

no Jornal GGN

Com possibilidade de ser derrubado pela delação da Odebrecht, que deve provocar um maremoto em Brasília em 2017, o governo Temer pode ser substituído por uma eleição indireta, na qual os congressistas escolhem o próximo presidente.

Nesse cenário, os parlamentares já estudam, segundo informações da colunista Mônica Bergamo (Folha), emplacar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para um mandato tampão.

Nesta quarta (26), Bergamo publicou que “lideranças de partidos diversos como o PSDB e o PT” discutem a queda de Temer, tendo em vista que a Lava Jato já vazou informações dando conta de que três ministros, além de Temer, serão atingidos pelas delações: Moreira Franco, Eliseu Padilha e Geddel Vieira Lima.

Além de FHC, a opção para uma eleição indireta seria Nelson Jobim, ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), pelo bom trânsito político entre vários partidos.

Mas a jornalista aponta um problema, no caso de Jobim: “ele foi contratado pela Odebrecht e atuou como consultor da empresa quando ela começou a ser investigada na Operação Lava Jato.”

“Em 2017, no entanto, a Odebrecht já teria encerrado a delação, com o pagamento de pesadas multas e a punição de seus dirigentes.”

Ontem, O Globo publicou que a delação de Marcelo Odebrecht e mais 50 executivos atingirão 130 deputados, senadores e ministros, além de outros 20 governador e ex-governadores.

O calendário divulgado até agora mostra que a Lava Jato deve colher os depoimentos detalhados desse delatores entre o final de 2016 e começo de 2017. Depois, vem a fase de homologação e, em seguida, o Ministério Público Federal deve decidir pelos pedidos de inquéritos.

Temer também poderia cair se o Tribunal Superior Eleitoral julgasse em favor do PSDB na ação que pede a cassação da chapa eleita em 2014 por abuso de poder econômico. Contudo, o próprio presidente do TSE, Gilmar Mendes, tem dado sinais de que não pretende acelerar esse julgamento e, inclusive, poderia viabilizar seu fatiamento para não atingir Temer, que foi eleito como vice-presidente da República.

Ao aniversariante do dia

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POR EMIR SADER

As pessoas tendem a se acostumar com a trajetória de vida de Lula, a trajetória mais expressiva que um brasileiro pode ter. Ter nascido no Nordeste e cruzado as maiores secas da história da região é uma marca de vida, que por si só sintetiza tudo o que foi o Brasil ao longo do século XX. O que foi o Nordeste e o que foi o centro-sul, para o qual imigraram milhões e milhões de nordestinos sobreviventes da miséria, como aconteceu com o próprio Lula e com seus irmãos.

Tendo tido como estudo o que interessa ao boom econômico de São Paulo – escola técnica para se transformar em operário qualificado para a indústria paulista –, se tornou trabalhador no ABC – a região que melhor expressou a expansão econômica de São Paulo nos anos 1950/1960/1970. Ter perdido um dedo na máquina inscreve no seu corpo a super exploração do trabalho a que tantos seguem sendo submetidos, pelas jornadas esfalfantes, pelo cansaço, pelo ritmo de trabalho ditado pelas cadeias de produção.

Tornar-se militante sindical em plena ditadura fez de Lula um ator fundamental na luta contra o arrocho e contra a própria ditadura, conforme passou de militante sindical a dirigente. Suas fotos falando no estádio de Vila Euclides para milhares de trabalhadores são antológicas e representam dos mais belos momentos da história de lutas do povo brasileiro.

Assim ele foi se construindo como líder de massas, passando a líder político, com a fundação do PT e da CUT, em que ele teve papel decisivo. Foi crescendo como dirigente e se projetando na cena política brasileira. Fez o aprendizado da democracia política como candidato, várias vezes, preparando-se para ser o presidente que promoveria o objetivo fundamental do partido que ele fundou – a democratização social do Brasil.

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Pouco de mais de duas décadas depois de ter liderado as greves mais importantes da história do sindicalismo brasileiro, Lula se elegeu presidente da República do Brasil. E fez o governo mais importante da nossa história, desmentindo os clichês e os preconceitos que se pretendiam impor. Tivemos desenvolvimento econômico com distribuição de renda e não fazer crescer o bolo para depois, quem sabe, um dia, distribuir. Tivemos expansão econômica e controle da inflação. Tivemos inclusão social e desenvolvimento. Expansão do mercado externo e do mercado interno ao mesmo tempo. Tivemos política externa soberana, papel ativo do Estado, bancos públicos fortes. Nunca como naquele momento nos orgulhamos tanto de sermos brasileiros, nunca nossa auto estima foi tão alta, nunca acreditamos tanto que a luta contra a desigualdade social é a mais importante de todas, que a solidariedade é o sentimento mais nobre de todos.

Lula elegeu e reelegeu sua sucessora. E hoje paga o preço duro de ter contrariado os interesses e os pensamentos das elites. É a pessoa mais investigada e mais perseguida pela coalizão de juízes e policiais arbitrários, de mídia e judiciário partidarizados. E, ainda assim, o povo ama Lula. Não acredita nas mentiras que contam sobre ele. Quer ele de volta como presidente do Brasil. Por isso a democracia se torna fatal para a direita. Com democracia, o povo decide que quer Lula de novo dirigindo o país.

No dia de mais um aniversário de Lula, um abraço solidário e de reconhecimento, de respeito, de orgulho por tê-lo como o mais importante dirigente político do Brasil, a pessoa em quem o povo confia, no destino de quem repousa o destino do país.

Que outra personalidade brasileira já mereceu tantas homenagens anônimas ou não por ocasião de seu aniversário? Cabra bom.