POR GERSON NOGUEIRA
Competição idealizada às pressas e criada exclusivamente para salvar o Remo da inatividade em 2014 – havia ficado sem vaga no Brasileiro da Série D –, a Copa Verde estava precisando de um ato oficial e simbólico, que marcasse sua relevância para o futebol das diversas regiões que abrange.
Esta lacuna será parcialmente corrigida amanhã, às 16h, no Crowne Plaza. Até por sua importância para o torneio, Belém é de fato a cidade mais adequada para o evento. Afinal, aqui estão os clubes que sustentam e garantem a continuidade da Copa Verde. Sem a dupla Re-Pa e seus milhares de fanáticos torcedores, o torneio nem chegaria à segunda edição.
A solenidade terá um tempero extra: a Copa Verde passa a ostentar o selo de “primeira competição carbono zero do futebol brasileiro”. O marketing elaborou um pacote de iniciativas sustentáveis e previsão de compensação de todo o CO2 emitido durante o campeonato dão peso prático à pomposa denominação.
Para estimular a reciclagem de lixo, haverá troca de ingressos por garrafas PET em partidas realizadas no Acre, Amapá e Mato Grosso do Sul. O torcedor vai até os postos credenciados entregar garrafas e trocar por um ingresso.
No Brasil, ações que se misturam com apelos ecológicos costumam já nascer esvaziadas e sem efeito prático. Dificilmente o pacote da Copa Verde fugirá a esse padrão. O único mérito está na divulgação de boas práticas de sustentabilidade.
Em sua terceira edição, a Copa Verde 2016 evoluiu também na quantidade de competidores. A abertura será no dia 6 de fevereiro, com 18 clubes de 12 Estados do Centro-Oeste e Norte, regiões donas de dois dos maiores patrimônios naturais do país: a Amazônia e o Pantanal.
Ainda em atenção à face preservacionista da Copa, o campeão deste ano receberá dois troféus: a taça convencional e uma árvore da flora brasileira, a ser plantada na sede ou no estádio do clube vencedor.
Ah, a competição passa a ter um hino oficial e ganhou um mascote. A arara vermelha foi a escolhida como símbolo da fauna tapuia.
Tudo isso será apresentado na cerimônia de amanhã, com a presença de representantes dos clubes e das federações, políticos, convidados especiais e o presidente em exercício da CBF, coronel Antonio Carlos Nunes.
O Pará, que tem dois vice-campeões, perdeu dois representantes neste ano por força de uma mudança no regulamento. Independente e Parauapebas, segundo e terceiro colocados no campeonato estadual, foram alijados da disputa. Com base no ranking de clubes, a CBF atendeu um apelo do canal Esporte Interativo e incluiu Papão e Águia – embora este tenha que disputar um confronto classificatório com o Fast.
A festa tem tudo para ser bem animada e concorrida, mas seria melhor ainda se os clubes participantes passassem a ter direito a premiações mais dignas e condizentes com sua condição.
Os dois grandes do Pará, por exemplo, por justiça deveriam auferir um ganho extra pelo prestígio que dão ao torneio e pelo retorno financeiro ao canal de TV. Mas isso talvez fique para uma fase em que o torneio seja menos ecológico e mais pé no chão.
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Enfim, um Papão mais destemido
Em entrevista no fim de semana, o técnico Dado Cavalcanti garantiu que o Papão deste ano será mais ofensivo que o de 2015. Segundo ele, o time do ano passado jogava aberto pelos lados, mas fechado no meio, preocupado em se defender e padecendo da ausência de uma cabeça pensante na armação.
No Parazão, o torcedor já poderá observar um desenho diferente. Se mantida a formulação dos treinos, o Papão terá uma linha de quatro na defesa, três volantes (Capanema, Recife e Ilaílson), dois meias avançados (Rafael Luz e Marcelo Costa) e um atacante (Leandro Cearense).
É uma proposta interessante, que usará o campeonato estadual como laboratório para o decorrer da temporada. Caso o esquema se consolide, o Papão poderá jogar assim nas demais competições.
A mudança de mentalidade é providencial, pois na recente Série B o time padecia de um excesso de cuidados com a marcação. Fechava-se tanto às vezes que esquecia de atacar. Contra times do mesmo porte, o expediente se justificava, mas contra Mogi Mirim e outros desciam a ladeira a postura defensiva causou sérios prejuízos à campanha bicolor.
Que venham os novos tempos. E, justiça se faça, agora o treinador conta com vários homens para o setor de criação (Marcelo Costa, Rafael Luz, Celsinho, John César e Vélber). Antes, tinha muitos nomes e nenhum camisa 10 de verdade.
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Para quem vai o voto do grande benemérito
O amigo azulino Ronaldo Passarinho, grande benemérito com extensa folha de serviços prestados ao Remo, envia mensagem à coluna comunicando seu apoio à chapa Miléo Jr-Milton Campos e esclarecendo os motivos.
“Espanta-me a leviandade de falsos informantes que tentam me colocar como uma pessoa que faz jogo duplo. Entendo que o André Cavalcante, se vier a ser eleito, poderá fazer uma excelente gestão no Clube do Remo.
Mas as pessoas que cercam o Miléo e o Milton Campos, além de serem excelentes caracteres, são remistas com relevantes serviços prestados ao Clube. Exemplifico: Domingos Sávio, Ângelo Carrascosa, Abelardo Sampaio, Ramayana Ribeiro e tantos outros do mesmo quilate que darão a Chapa 20, excelente suporte administrativo.
O que o Remo precisa é de Remistas autênticos que não condicionem a própria eleição qualquer ajuda que podem, apenas se eleitos, contribuírem com o Clube. Sou de uma época na qual o Clube do Remo sempre esteve acima de quaisquer divergências. Pensávamos apenas no clube e no seu êxito.
Hoje o que vejo, contradiz todo o passado. Egoísmos e vaidades sobrepõem-se ao amor que deveriam dedicar ao CR”.
(Coluna publicada no Bola desta terça-feira, 19)