E se o promotor fosse o interrogado?

images-cms-image-000479352

POR FERNANDO BRITO, no Tijolaço

Acho que se poderia pensar numa inversão de papéis, diante desta barbaridade feita pelo promotor Cássio Conserino, do Ministério Público de São Paulo, de chamar o ex-presidente Lula a depor na condição de “investigado” nesta história já enfadonha do apartamento no Guarujá.

Seria esclarecedor se o interrogado fosse não Lula, mas o promotor. Ajudaria se o moço – cujo auxílio-moradia  de quase 5 mil reais, pago pelos cofres públicos, dá para alugar um triplex bem pertinho do que acusa Lula de ter (duvida? olhe o anúncio aqui) e ainda pagar o condomínio – explicasse, afinal, sobre que o ex-presidente.

Lavagem de dinheiro? Que dinheiro? Obtido onde, por quais meios, em quais negócios?

Por ter uma cota na cooperativa que construiu o prédio que daria direito a comprar um apartamento, declarada no IR, e não ter exercido o direito?

Ocultação de patrimônio? Que patrimônio, se o dito apartamento nunca foi de Lula ou de sua família?

Por ter ido ver o apartamento?

E se a OAS, que é dona do imóvel quisesse emprestá-lo, cedê-lo a Lula, há crime?

Lula não é servidor público desde 1º de janeiro de 2011 e, desde então, não tem sequer impedimentos legais ou éticos em ter qualquer relação com empresas.

Eu tenho metade de um apartamento, deixado por minha mãe. Nele, moram minhas sobrinhas, que fazem faculdade no Rio e, como meu irmão mora em Cabo Frio, precisam ficar por lá? Óbvio que não vou cobrar “aluguel” dele ou delas: está cedido e eu ainda pago as cotas extras de condomínio, porque fica pesado. Sou um criminoso? Elas são criminosas?

Lula é pessoalmente acusado de ter praticado algum favorecimento à OAS? Ou é na base do “alguma coisa ele fez”?

Perguntas básicas que, infelizmente, nunca são feitas.

Porque não interessam nesta abjeta tentativa(tentativa, digo eu? ação consumada é mais apropriado) de criminalizar, a qualquer custo uma liderança política, a mais destacada que este país teve em décadas. Basta odiar, achar um vizinho que odeie, um porteiro que diga “sim, seu doutor, ele esteve lá, inclusive seguraram a porta do elevador”.

Não acontece nada, estão livres para atropelar, abusar, desmoralizar as pessoas a partir do “ah, eu acho que aí tem coisa”.

É o “estado da direita”, de uma corporação policialesca, que perdeu as estribeiras e o mais raso senso de equilíbrio. Viraram os delegados da roça: “manda pegar e levar lá na delegacia que eu quero conversar com este sujeitinho”.

O país onde Cunha é blindado e Lula é perseguido

eduardo_cunha_pmdb133-600x337

POR PAULO NOGUEIRA

A Lava Jato perdeu o pudor.

O nome Triplo X, referência sibilina ao mítico ‘Triplex do Lula’ é um acinte. Está claro que se trata de erradicar não a corrupção – mas de caçar Lula.

Fosse outro o propósito você não teria um ataque tão sistemático a Lula enquanto um homem como Eduardo Cunha borboleteia, livre para armar as delinquências em que é mestre.

Era mais honesto batizar a operação como Caça Lula.

Os suíços entregaram de bandeja documentos que comprovam corrupção em níveis pavorosos de Cunha. Ele mentiu, sonegou, inventou desculpas aberradoras e usou até a palavra ‘usufrutuário’ para tentar encobrir sua condição de dono de milhões na Suíça.

Não foi apenas isso.

Depoimentos de fontes variadas coincidiram em relatar ameaças de paus mandados de Cunha contra pessoas que pudessem dizer coisas comprometedoras contra ele.

Vídeos mostraram expressões aterrorizadas de delatores ameaçados por homens de Cunha. Parecia coisa de Máfia. Falaram até na família. Em filhos. Disseram que tinham o endereço para a retaliação.

Não foi um depoimento nesse gênero. Foram pelo menos três, dois de delatores e um de um deputado que era um problema para Cunha na Comissão de Ética que o julga.

Que mais queriam? Que um cadáver amanhecesse boiando num rio?

E as trocas de emails com empresas beneficiárias de medidas provisórias?

Com esse conjunto avassalador de evidências, Eduardo Cunha aí está, na presidência da Câmara, ainda no comando de um processo viciadíssimo que pode cassar 54 milhões de votos.

Cadê a Polícia Federal? Cadê Moro? Cadê uma operação realmente para valer para investigar as delinquências conhecidíssimas de Cunha.

Nada. Nada. Nada.

É uma bofetada moral inominável nos brasileiros. É a completa desmoralização da política.

Enquanto a vida é mansa para Cunha, para Lula é uma sucessão infindável de agressões.

Virou piada que até ser amigo de Lula se caracterize como algo capaz de incriminá-lo. Mas coloquemos o adjetivo certo: é uma piada repulsiva.

Um apartamento banal numa praia banal – a cidade plebeia do Guarujá – adquire ares de uma propriedade suntuosa que Lula jamais poderia comprar. É um tríplex, uma palavra feita para impressionar e ludibriar a distinta audiência.

Não interessa se quatro ou cinco palestras de Lula seriam suficientes para comprar o apartamento. Não interessa se ele tem documentos que comprovam que ele não comprou, afinal, o imóvel.

O que importa é enodoar a imagem de Lula. Caracterizá-lo como um corrupto, um ladrão, um monstro de nove dedos. O maior vilão da história do Brasil.

Alguém – PF, Moro, imprensa – deu um passo para saber se a residência de Eduardo Cunha é compatível com seus rendimentos de deputado? Alguém apurou se ele tem condições de bancar uma vida de fausto para a mulher, à base joias e extravagâncias como aulas de tênis no exterior?

Ninguém.

É um país doente aquele que protege Eduardo Cunha e investe selvagemente contra um homem que cometeu o pecado de colocar os excluídos na agenda nacional como nenhum outro desde Getúlio Vargas.

Estamos enfermos – e Moro e sua Lava Jato são sintomas eloquentes dessa nossa deformação moral.

Musas do blog

CZ58heUWAAEtu7K

marilyn05-620

Marylin Monroe. Símbolo sexual de todos os tempos, a atriz (fotos acima) antes de filmar o clássico “Os Homens Preferem as Louras”. Abaixo, em foto rara, de janeiro de 1962. Nascida Norma Jeane Mortenson em junho de 1926, Marylin construiu uma carreira centrada em comédias que enfatizam o estereótipo da “loura burra”. Seu auge foi na década de 1950, marcada pelas atitudes da atriz envolvendo sexualidade. Seus filmes arrecadaram mais de 200 milhões de dólares até sua morte inesperada em 1962.

Marilyn-Monroe01

Os vampiros mostram os dentes

Do Blog O CAFEZINHO

É incrível – e previsível – a salivação da mídia com a nova etapa da Lava Jato.

Merval Pereira nem sequer disfarça: “Investigação da Bancoop pega Lula”.

O ódio os cega, porque na verdade pode acontecer o contrário.

Caso não encontrem nada, a Lava Jato, assim como a Zelotes, dará ao ex-presidente a ficha mais limpa entre todos os políticos do país.

O caso Bancoop é investigado há anos pelo ministério público de São Paulo, que tem um viés notoriamente tucano (vide o engavetamento, por anos a fio, das investigações do trensalão).

Nunca se provou nada contra Vaccari, nunca se encontrou nada contra Lula.

A Lava Jato age como um polvo investigativo, seus tentáculos se espalham para todo o lado, mas jamais tocam em nada que possa atingir politicamente a oposição.

A nova etapa da Operação é a prova disso.

É interessante a certeza de Merval. Como ele sabe que “pega” Lula? A investigação mal começou, como ele pode afirmar isso?

Não seria ao contrário: investigação do Bancoop pega a Lava Jato, que caiu numa armadilha?

A frase de Merval tem um sentido midiático, e por isso não está errada. Se o objetivo principal é a destruição política, então a nova etapa, de fato, “pega Lula”.

Nesta série documental da Netflix, Making a Murderer, uma das cenas mais chocantes é como os investigadores manipulam o depoimento de um adolescente, para que este acusa o réu de assassinato e inclusive se auto-acuse.

Eles fazem isso em poucas horas. Um garoto de dezesseis anos, inocente, com um QI baixíssimo, muito frágil emocionalmente, é forçado, sem violência, a aceitar um depoimento que os interrogadores praticamente lhe empurram goela abaixo.

A série chocou a opinião pública americana, porque mostra as autoridades como vilãs. Mas quem estuda a fundo a cultura judicial brasileira ou americana sabe que, infelizmente, esse tipo de coisa é mais comum do que parece.

Nos EUA, a figura da “conspiração” faz parte do imaginário do americano, porque, ao longo de sua história, foram tantas e tantas conspirações descobertas, ou encobertas, que ele sabe que elas existem por toda a parte.

Making a Murderer mostra o desenvolvimento de uma conspiração, para salvar a pele de alguns policiais e procuradores envolvidos na condenação injusta de um réu, e o fazem imputando-lhe um segundo crime.

Assim como no famoso caso Dreyfus, o trágico nisso tudo é que todos os atores envolvidos na conspiração, incluindo aí as instituições, tendem a levá-la, contra tudo e contra todos, até o fim.

O Estado tende a acobertar as conspirações, por um corporativismo natural. Assim, o Judiciário acoberta os erros da polícia e do Ministério Público, e a polícia e o Ministério Público acobertam os erros do judiciário.

O que acontece no Brasil, porém, é muito mais grave do que o episódio relatado em Making a Murderer, porque está em jogo não o destino de um ou dois réus, mas de centenas deles, e a coisa toda está ligada a um jogo político incrivelmente sujo e brutal.

Hoje já está claro que a Lava Jato puxou o PIB para baixo, desempregou centenas de milhares de pessoas, mas quem tem coragem de criticá-la?

Afinal, o escopo não é o “combate à corrupção”?

No entanto, quem combate a corrupção dentro do Judiciário, dentro do Ministério Público, dentro da Polícia Federal, uma corrução que se revela a luz do dia a cada vez que um vazamento seletivo acontece?

A Lava Jato mordeu a isca lançada por Lula. O ex-presidente queria mostrar à opinião pública exatamente o que está acontecendo agora: a investigação politizou-se, seus operadores estão tomados de profundo ódio político, e, diante do desafio de Lula de que “nenhum procurador, nenhum delegado, teria coragem de acusá-lo”, eles imediatamente deixaram a cabeça da cobra aparecer pra fora da superfície do lago.

Lula mexeu suas peças, e os procuradores caíram como patinhos. O que ele pretendia talvez fosse isso mesmo, atrair as atenções para ele, porque entende que ele consegue se defender.

O ex-presidente atraiu para si a fúria do tiranossauro da Lava Jato, permitindo que Dilma ganhe mais algumas semanas de paz, para poder levar adiante uma agenda positiva, visando o crescimento econômico e a geração de empregos.

É um jogo bruto, perigoso, sujo. O ex-presidente sabe disso, mas decidiu partir para a ofensiva, para acelerar a história. Ele disse isso aos blogueiros, que não quer a repetição de 2015. Se os conspiradores querem sua cabeça, então vem para o ringue, porque a luta começou.

Ao ir na direção de Lula, a Lava Jato deixou a bunda de fora. Seus flancos políticos ficaram expostos. As dúvidas agora serão maiores do que nunca: quer dizer que a intenção, no fundo, sempre foi essa? Destruiram-se centenas de milhares de empregos, prejudicou-se todo um setor, e no momento mais delicado, em décadas, para a indústria do petróleo, por causa de uma maldita vendeta política?

Basta ler a trilogia recente sobre a vida de Getúlio Vargas para entender as origens do que se passa hoje no Judiciário brasileiro. Só troca o personagem central a ser atingido e destruído politicamente. 

Por que tanto ódio contra o PT?

POR ROBERTO AMARAL, em seu blog

É preciso tentar entender os motivos da unanimidade conservadora contra o PT apesar de seus governos nem reformistas serem.

A direita latino-americana aceita quase-tudo, até desenvolvimento e democracia, conquanto não venham acompanhados, seja da emergência das classes populares, como pretendeu o Brasil de João Goulart e Lula, seja da defesa das soberanias nacionais dos países da região, como lá atrás intentou o segundo governo Vargas.

A história não se repete, sabemos à saciedade, mas em 1954, como em 1964, em comum com os dias de hoje, organizou-se um concerto entre forças políticas derrotadas nas urnas, mais setores dominantes do grande capital e a unanimidade da grande imprensa, unificadas pelo projeto golpista gritado em nome de uma democracia que em seguida seria posta em frangalhos.

Naqueles episódios, com o ingrediente perverso da insubordinação militar, o momento culminante de uma razzia anti-progresso e pró-atraso, alimentada de longa data por setores majoritários da grande imprensa, um monopólio ideológico administrado por cartéis empresariais intocáveis.

Essa unanimidade ideológico-política dos meios de comunicação de massas é, assim, a mesma dos anos do pretérito. O diferencial, agravando sua periculosidade, é a concentração de meios facilitando o monopólio anulando qualquer possibilidade de concorrência, blindando o sistema de eventuais contradições e ‘furos’.

Que fizeram os governos democráticos – que fez a sociedade, que fez o Congresso, que fez o Judiciário – para enfrentar esse monstro antidemocrático que age sem peias, a despeito da ordem constitucional?

As razões para a crise remontam à concepção de nação, sociedade e Estado que as forças conservadoras – ao fim e ao cabo nossos efetivos governantes – estabeleceram como seu projeto de Brasil.

O desenvolvimento de nossos países pode mesmo ser admitido por esses setores – sempre que o malsinado Estado financie seus investimentos –, conquanto que respeitados determinados limites (não os possa tributar, por exemplo), ou comprometê-los com objetivos nacionais estratégicos, como respeitosos com essa gente foram os anos de ouro do juscelinismo.

Jamais um desenvolvimento buscadamente autônomo, como pretenderam o Chile de Allende, com as consequências sabidas, e a Venezuela, acuada e acossada desde os primeiros vagidos do bolivarianismo, o qual, seja lá o que de fato for para além de discurso, perseguiu um caminho próprio de desenvolvimento econômico-social, à margem dos interesses do Departamento de Estado, do Pentágono, e do FMI.

Democracia até que é admissível, conquanto não se faça acompanhar da ascensão das grandes massas, pelo que João Goulart se arriscou e perdeu o poder. A propósito, F. Engels (introdução ao clássico Luta de classes na França, de Marx) observa que “… a burguesia não admitirá a democracia, sendo mesmo capaz de golpeá-la, se houver alguma possibilidade de as massas trabalhadoras chegarem ao poder”.

Ora, na América Latina basta a simples emergência das massas ao cenário politico, sem mesmo qualquer ameaça de ascensão a fatias mínimas de poder, para justificar os golpes-de-Estado e as ditaduras.

CKdOhBzWsAAsdJn

Além de promover essa emergência do popular no politico, trazendo massas deserdadas para o consumo e a vida civil, Lula intentou uma política externa independente, como independente poderia ser, nos termos da globalização de nossas limitações econômicas e militares. Desvela-se, assim, o ‘segredo’ da esfinge: não basta respeitar as regras do capitalismo – como respeitaram Getúlio, Jango, Lula, e Dilma respeita – posto que fundamental é, mantendo intocada a estrutura de classes, preservar a dependência ao modelo econômico-político-ideológico ditado pelas grandes potências, EUA à frente.

O Não contém o Sim. O que não é possível diz o que é desejado, identificar o adversário é meio caminho andado para a nomeação dos aliados e servidores. Assim se justifica, por exemplo, tanto a unanimidade da opinião publicada em favor de Mauricio Macri, a mesma que acompanhou os últimos governos colombianos, quanto a unanimidade dos grandes meios contra os Kirchner, até ontem, e ainda hoje contra Rafael Correa e Evo Morales, bem como o ódio visceral ao ‘bolivarianismo’, na contramão dos interesses das empresas brasileiras instaladas e operando na Venezuela.

São os fabricantes de opinião contrariando nossos interesses econômicos e erodindo nosso natural peso regional – onde alimentamos justas expectativas de exercício de poder – mas, como sempre, fazendo o jogo dos interesses de Wall Street e da City.

Essa lógica da dependência – ou de comunhão de interesses entre nossa burguesia e o poder central, acima dos interesses nacionais – explica também a unanimidade contra Dilma e contra o que ideologicamente é chamado de ‘lulismo’ ou ‘lulopetismo’, nada obstante suas (suponho que hoje desvanecidas) ilusões relativamente à ‘conciliação de classes’.

Conciliação que não deu certo com Vargas e não está dando certo com Dilma, não obstante suas concessões ao capital financeiro, malgrado o alto, muito alto preço representado pelo desapontamento das forças populares que a elegeram no final do segundo turno.

Esse movimento – que representa dar dois passos atrás contra só um à frente, detetado a partir de dezembro de 2014, valeu-lhe a ainda insuperada crise de popularidade, sem a compensação do arrefecimento da fúria oposicionista ditada a partir da Avenida Paulista.

Atribui-se a Lula a afirmação de que os banqueiros jamais teriam obtido tantos lucros quanto lograram em seu governo. Anedota ou não, o fato objetivo é que segundo o bem informado Valor, o lucro dos bancos foi de 34,4 bilhões de reais na era FHC, e de 279,0 bilhões de reais no período Lula, ou seja, oito vezes maior, já descontada a inflação.

Por que então essa oposição à Dilma se seu governo, como os dois anteriores de Lula, não ameaçou nem ameaça qualquer postulado do capitalismo, não ameaça a propriedade privada, não promoveu a reforma agrária, não ameaça o sistema financeiro, não promoveu a reforma tributária?

Por que esse ódio vítreo da imprensa se sequer ousaram os governos Lula-Dilma – ao contrário do que fizeram todos os países democráticos e desenvolvidos – regulamentar os meios de comunicação dependentes de concessões, como o rádio e a tevê?

Por que essa unanimidade, se os governos do PT (e a estranha coabitação com o PMDB) não tocaram nas raízes do poder, não ameaçaram as relações de produção fundadas na preeminência do capital (muitas vezes improdutivo) sobre o trabalho?

Por que tanto ódio, se os governos do PT sequer são reformistas, como tentou ser o trabalhismo janguista com seu pleito pelas ‘reformas de base’? Ora, o Estado brasileiro de 2016 é o mesmo herdado em 2003, e ‘os donos do poder são os mesmos: o sistema financeiro, os meios de comunicação de massas vocalizando os interesses do grande capital, o agronegócio e as fiespes da vida.

Ocorre que, e eis uma tentativa de resposta, se foram tão complacentes com o grande capital, ousaram os governos Lula, e Dilma ainda ousa, promover a inclusão social da maioria da população e buscar ações de desenvolvimento autônomo, nos marcos da globalização e do capitalismo, evidentemente, mas autônomo em face do imperialismo.

Assim, negando o comando do FMI, negando a Alca e concorrendo para o fortalecendo do Mercosul, esvaziando a OEA e promovendo a Comunidade de Países da América Latina e Caribe (Celac), e, audácia das audácias, tentando constituir-se em bloco de poder estratégico no Hemisfério Sul, com sua influência na América Latina e a aproximação com a África.

Nada de novo no castelo de Abranches, nem mesmo a miopia dos que não vêem, ou, que, por comodismo ou pulsão suicida, preferem não ver o que está na linha do horizonte. Supor que a presidente está à salvo da onda golpista é tão insensato quanto supor que o projeto da direita se esgotaria no impeachment.

Há ainda muito caminho a percorrer.

O projeto da direita é de cerco e de aniquilamento das esquerdas brasileiras. Nesses termos, o assalto ao mandato da presidente é só um movimento, relevantíssimo mas só um movimento num cenário de grandes movimentações, a porta pela qual avançarão todas as tropas.

O projeto da direita é mais audacioso, pois visa à construção de uma sociedade socialmente regressiva e políticamente reacionária, com a tomada de todos os espaços do Estado. Boaventura de Sousa Santos chama a isso – as ditaduras modernas do século XXI — de ‘democracias’ de baixa intensidade.

O primeiro passo é a demonização da política. Já foi atingido.

Transamérica dispensa Juarez, Tonicão e Marcelinho

unnamed

O narrador Antônio Edson, o popular “Tonicão” (um dos mais antigos funcionários da empresa Mídia-Mix), o comentarista Juarez “China” Soares, o ex-boleiro Marcelinho Carioca, Renato Tortorelli e Fuzil (funcionários do humor da Transamérica) – não fazem mais parte da equipe esportiva comanda por Eder Luiz.

O desligamento do quinteto aconteceu há alguns dias. A Transamérica de São Paulo era uma das raras exceções quando o assunto era demissões……. era. Muito querido pelos ouvintes, o competente humorista André Muller, que interpreta o personagem corintiano “Gavião”, segue no departamento de futebol. Além de Eder Luiz e Osvaldo Maciel, outro narrador deve ser contratado.

A boa notícia é que o jornalista Alex Muller é o novo reforço do canal Esporte Interativo. Por enquanto, o narrador fica no Rio de Janeiro e, assim que os estúdios em São Paulo ficarem prontos, ele retorna para a capital paulista. (Do Comunique-se) 

Os primos pobres

POR GERSON NOGUEIRA

A simples possibilidade de extinção da Série D do Campeonato Brasileiro já estimulou debates acirrados na esfera regional. A informação sobre o plano da CBF veio da imprensa de São Paulo, a partir da informação do coronel que preside a Federação do Mato Grosso do Sul há 24 anos. Pelas afinidades de patente com Antonio Carlos Nunes, sua palavra deve ser considerada.

Até o momento, a entidade não se manifestou sobre as especulações, mas é provável que o fim da competição esteja realmente próximo. Como os clubes (salvo exceções, como o Remo nas últimas duas edições) têm pouca tradição e torcida, o torneio carece de baixo apelo de audiência. Por isso, não atrai o interesse da TV. Como a TV não transmite os jogos, os patrocinadores se mantêm distantes.

Num mundo ideal, a CBF bancaria o torneio, garantindo a participação de todos os clubes mesmo sem patrocínios da iniciativa privada. Para tanto, bastaria destinar um naco do gordo manancial de receitas da entidade.

No estágio atual, fica evidente o pouco caso pelo campeonato e pelos clubes mais modestos do país. Há um equívoco sério embutido aí. Sem atividades oficiais, essas agremiações tendem a desaparecer gradativamente.

Vai aparecer alguém para dizer que os próprios clubes cavam sua desgraça a partir de gestões caóticas e irresponsáveis. Ocorre que, se não houver um esforço a partir da entidade-mãe, eles nunca sairão desse estágio. Como mantenedora e proprietária do futebol brasileiro, a CBF deveria zelar pelos seus filiados. Por todos.

Tome-se como exemplo os clubes paraenses que disputam o campeonato estadual. Uma de suas aspirações ao encarar o torneio local é conquistar acesso à Série D, que garante um mínimo de exposição e condições de funcionamento por mais três ou quatro meses na temporada.

O desestímulo que virá de um eventual fim da competição será danoso para os clubes e trágico para os profissionais envolvidos no processo. Como são 40 clubes participantes, significa que pelo menos 1.200 profissionais estão empregados.

Na condição de primos pobres do futebol, porém, é quase impossível que alguém venha a se preocupar de verdade com sua situação. Os salários são modestos, o glamour é quase nenhum, a visibilidade midiática é quase nenhuma e as transações entre equipes não são exatamente sedutoras para a turma do olho gordo.

8d7194af-e4c6-461b-ac11-adca6a1742cb

————————————————

A dúvida cruel sobre o pênalti

Para dirimir todas as dúvidas sobre a marcação de pênaltis em jogadas de toque de mão na bola, a CBF programou uma semana intensiva de aperfeiçoamento para todo o seu quadro de árbitros, a partir de 30 de janeiro.

A ideia é fazer com que a turma consiga finalmente atinar que, para comissão de arbitragem da Fifa, nem toda bola que resvala no braço deve ser entendida como infração.

Vai ser difícil.

Afinal, pelas regras não escritas do futebol no Brasil, mais do que a interpretação de cada jogada a maioria dos árbitros leva em conta mesmo é a cor das camisas em ação dentro da área.

————————————————

Desportiva quer descobrir novos goleiros

A Desportiva promove uma peneira destinada a selecionar jovens goleiros nos dias 8 e 9 de fevereiro, a partir das 9h. Meninos e jovens de boa estatura, de 11 a 18 anos de idade, podem se inscrever gratuitamente (fone: 98371-1065). No dia 8 acontece a palestra sobre fundamentos técnicos e sobre as características exigidas de um goleiro. No dia 9, os inscritos serão submetidos aos testes práticos dentro de campo.

———————————————–

Foi-se o tempo da aristocracia do Morumbi

José Roberto Malia nos informa através de seu blog que a tal crise econômica chegou firme aos portões do antes poderoso São Paulo. Até o momento o clube não pagou a comissão de R$ 900 mil devida ao empresário Jolden Vergette, que foi o intermediário do empréstimo do zagueiro Dória.

O mais curioso é que Dória já foi embora do clube, enquanto Vergette corre atrás do prejuízo, tentando receber a grana. Para acalmar o empresário, o São Paulo liberou dois cheques, um de R$ 600 mil e outro de R$ 300 mil, ambos sem fundos. Sinal dos tempos. O Tricolor do Morumbi já foi mais cuidadoso com seus negócios.

————————————————

Um curso top para técnicos de vôlei

O voleibol paraense ganha finalmente um curso de alto nível (grau 3) para a preparação de treinadores. Caetano Rocha, instrutor da Confederação Brasileira de Voleibol, e Ednilton Vasconcelos, que treinou a seleção feminina da modalidade, estarão em Belém de 14 e 21 de fevereiro para ministrar o curso no IFPA.

Considerado fundamental para a preparação de técnicos de ponta no país, o curso deve reunir a nata dos comandantes do vôlei no país, interessados em atualizar conhecimento. A FPV avalia que o curso deve alavancar a qualidade do esporte no Pará, abrindo possibilidade de participação competitiva até na Superliga nacional.

A entidade disponibilizou 40 vagas, com matrículas a R$ 400,00.

———————————————–

Gangorra financeira expõe as diferenças

Ao negociar Renato Augusto, Jadson, Ralf e Gil com o futebol da China o Corinthians faturou perto de R$ 80 milhões.

Apenas com a venda de Ramires para o Jiangsu Suning, o Chelsea embolsa R$ 150 milhões.

(Coluna publicada no Bola desta sexta-feira, 29)