POR GERSON NOGUEIRA
O futebol profissional do Remo já entrou em férias, mas as arengas políticas estão em alta. A principal delas diz respeito à eleição do presidente para exercer o mandato-tampão de um ano, complementando mandato interrompido pela renúncia de Pedro Minowa. Vários nomes se lançaram, outros são especulados e até o momento não há definição de data para o pleito.
A diretoria decidiu lançar um programa de recadastramento de eleitores com o salutar objetivo de evitar duplicidades de nomes e, com isso, afastar o risco de fraudes. O problema é que até o momento foram recadastrados apenas 350 sócios de um universo em torno de 4 mil, tomando base o número de votantes na última eleição.
Com a lentidão do processo, começa a ganhar a corpo a suspeita de que o recadastramento cumpre também a missão de postergar a eleição. Prefiro não crer nessa hipótese, pois configuraria um dos piores sintomas de ausência de vida democrática: o medo do voto.
É preciso entender sempre que a coragem e a altivez empregadas na mudança dos estatutos do clubes devem estar presentes no processo de consolidação institucional. O voto é o símbolo maior dessa mudança, pois é a arma necessária para implementar novos projetos e para dar legitimidade aos eleitos.
Cabe aos novos e antigos dirigentes entenderem a real grandeza deste momento para a história do clube. O Remo se encontra numa encruzilhada, dividido entre velhas e modernas práticas. É necessário que saiba achar o caminho. E é de um novo pleito, transparente e sem vícios, que emergirá uma gestão mais forte, sólida e respeitada.
As urnas não podem, portanto, amedrontar ninguém. Muito pelo contrário: devem estimular a participação política de todos. Pelo bem da própria instituição.
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Azulinos festejam 10 anos da maior conquista
Os azulinos festejaram ontem os 10 anos da conquista do título mais importante da história do clube: o Campeonato Brasileiro da Série C em 2005. O time era treinado por Roberval Davino e sagrou-se campeão ao derrotar o Novo Hamburgo no dia 20 de novembro daquele ano, por 2 a 1, gols de Maurílio e Capitão.
Sem grandes destaques individuais, o Remo aliava a experiência de veteranos, como Maurílio, à juventude de Marquinhos Belém, Márcio e Landu, peças fundamentais para o êxito do time.
Os festejos pela conquista tomaram conta da cidade logo em seguida ao apito final, chegando ao ponto culminante no dia seguinte, por ocasião do desembarque da delegação em Val-de-Cans.
Tão importante galardão na história do clube mereceu, corretamente, a criação de uma camisa alusiva ao feito, lançada ontem.
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A despedida de Pikachu
O Papão enfrenta o Criciúma hoje à tarde, no estádio Jornalista Edgar Proença, pela penúltima rodada da Série B 2015. É também a derradeira apresentação do time perante sua torcida nesta temporada. E mais importante ainda: marca a despedida de Pikachu com a camisa alviceleste diante do público paraense.
Cobiçado por várias equipes da Série A, o lateral de 23 anos entrará em campo para dar adeus à torcida que tanto o apoiou ao longo da ainda curta carreira.
Depois de uma temporada produtiva, embora sujeita a altos e baixos, Pikachu deixa o Papão com a cotação lá em cima. Pelas cores do clube foi sempre um guerreiro incansável, colocando sua habilidade e faro de gol a serviço da equipe.
Deixará saudades, embora tenha todas as condições de imitar outros grandes ídolos do clube – como Vânderson e Iarley – de retornar futuramente para fechar a carreira vestindo azul-celeste.
Infelizmente, seu futuro profissional, pelos custos que o futebol impõe hoje, está diretamente vinculado a uma transferência.
Pelo muito que fez em tão pouco tempo, o atleta merece todos os aplausos. ————————————–
Dança de cadeiras na base bicolor
Enquanto quase todo mundo se ocupava do desfecho da parceria entre Remo e Cacaio, eis que do outro lado da Almirante Barroso o Papão também tomava uma medida surpreendente em relação às divisões de base. Trocou o coordenador Samuel Cândido pelo ex-jogador Vânderson.
No clube, comenta-se que Samuel não correspondeu à expectativa depositada e que a derrota na Copa Norte Sub-20 para o Fast, em plena Curuzu, não foi suficientemente digerida pela diretoria. Verdade ou não, o certo é que Samuel foi comunicado da demissão anteontem, cerca de dois meses depois da perda do torneio regional.
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Surpresa no STF e um exemplo no Chile
Agora é que são elas. Sem poder viajar para fora do país, com receio de ser enjaulado pela Interpol e FBI, o presidente Marco Polo Del Nero periga não poder botar mais o pé fora de casa. Seu pedido de habeas corpus preventivo para comparecer à CPI do Futebol no Senado, em Brasília, foi negado pelo Supremo Tribunal Federal.
Para assombro geral, o ministro Gilmar Mendes não acolheu a reivindicação dos advogados do cartola, que terá mesmo que ir depor sem qualquer tipo de proteção legal, apavorado ante a possibilidade de ser preso pela Polícia Federal.
Diante das muitas acusações que se acumulam, Del Nero talvez fizesse melhor se seguisse os passos de seu colega chileno Sergio Jadue, que renunciou ao cargo anteontem. Pouparia tempo e deixaria o caminho livre para que se apure todas as denúncias acerca da gestão de Ricardo Teixeira, José Maria Marin e dele próprio.
Num mundo ideal, um homem público ilibado e sem nada a temer deveria agir assim. É claro que ninguém espera um gesto dessa grandeza por parte do chefão da CBF, entidade que se notabiliza pela incapacidade de eleger gente normal para presidente.
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(Coluna publicada no Bola deste sábado, 21)