Como a velha mídia convive com a era digital

DO PORTAL COMUNIQUE-SE

O congresso da Internet News Media Association realizado em São Paulo na segunda-feira, 9, reuniu, no mesmo palco, os editores da Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo e Zero Hora. A pauta do encontro foi o que as redações dos grandes jornais estão fazendo para acelerar a transformação na era digital.

Zero Hora: investimento em jornalismo
Editora-executiva do diário gaúcho Zero Hora, Marta Gleich afirmou que diante da crise no mercado de comunicação, a saída é fortalecer o jornalismo e qualificar o produto, reforçando a ligação com o leitor. Essa forma, o veículo desenvolveu o “Projeto Jornalismo Zero Hora 2015”, composto por 80 metas, iniciando as mudanças a partir da redação.

Segundo Marta, a prioridade eram os novos projetos e investimentos, como o ‘Em Pauta’, que coloca o jornal como protagonista das discussões. Os profissionais do veículo receberam treinamento em texto, foto, edição e vídeo e foram colocados em curso iniciativas voltadas para o conteúdo local.

A estrutura da Zero Hora está “enxuta”, como disse a executiva. Ela explicou que profissionais foram remanejados para cargos-chave. Além da valorização do jornalismo, uma parte do marketing se uniu à redação, para lançar e acompanhar a evolução dos novos produtos. “O sucesso do projeto foi tão grande, que já estamos planejando uma nova edição para 2016, para a Diário Catarinense e o Diário Gaúcho”, adiantou Marta, citando outros dois impressos mantidos pelo Grupo RBS.

Folha: transformação na era digital
Editor-executivo da Folha de S. Paulo, Sérgio Dávila citou seis iniciativas do veículo para se adequar às transformações da era digital. Em primeiro lugar, foram criados serviços exclusivamente digitais, como as news com dicas dos leitores. O segundo item foi sobre integrar a área de tecnologia da informação (TI) à redação para a exploração de novas editorias e formatos com o ‘Estúdio Folha’.

O terceiro ponto abordado pelo executivo foi o deslocamento de slot de vagas dedicadas ao impresso para outras editorias, com foco na audiência de dados. Em quarto lugar, foi acelerar a produção audiovisual implantada em 2013, com foco em publicar 20 vídeos por semana. Em seguida, o veículo mudou o mind set da comunicação interna e externa “para enfatizar que o jornal é muito mais que um objeto impresso”, disse Dávila.

O Globo: convívio entre o papel e o digital
Diretor de redação de O Globo, Ascânio Seleme mostrou as estratégias da empresa para equilibrar as atividades entre o impresso e digital. Segundo ele, há editores que chegam à redação às 8h. A ideia é trazer inteligência para a manhã, no online, sem descontar do impresso. O site do veículo recebe 12 mil novas matérias por mês, 385 novas notícias por dia e 10 vídeos por semana.

Seleme disse que as matérias publicadas na web não se repetem no impresso, que busca abordagem própria, visão de especialistas, artigos em texto e infográficos. Ele afirmou, ainda, que foi criada equipe dedicada a trazer conteúdo exclusivo para o impresso de segunda à sábado. Além disso, foram criadas seções, como a ‘Conte algo que não sei’.

Estadão: produzir, checar e validar informações
Diretor de conteúdo do Grupo Estado, empresa reponsável pelo Estadão, Ricardo Gandour declarou que a atividade de produção de conteúdo se confirma como essencial, por meio da checagem e validação de informações. Para ele, as redações precisam ser multiplataforma, “audiência digital em volume é importante, difícil é monetizar isso”, afirmou.

Gandour disse que a qualidade do conteúdo tem que ser reconhecida de fora para dentro e que a construção da marca do veículo requer plataformas estáveis de comunicação. Assim, a total fragmentação das informações pode ser nociva, acredita o executivo. Por fim, o diretor afirmou que o jornalismo está a serviço dos ambientes críveis de comunicação.

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