Chance de corrigir rumos

POR GERSON NOGUEIRA

Nem bem cessaram as emoções da Série D para o Remo, o clube já se volta para as disputas políticas. Com a renúncia de Pedro Minowa no último sábado, as atenções se concentraram no vice Henrique Custódio, primeiro na linha sucessória. Licenciado, Custódio inicialmente disse que iria acompanhar Minowa, para horas depois dar a entender que poderia assumir a presidência. Ontem pela manhã, depois de refletir bem, anunciou que vai mesmo renunciar.

Caso isso se confirme hoje, o clube terá que passar por uma nova eleição para presidente. Pela experiência adquirida no primeiro pleito direto, realizado há um ano, espera-se que pelo menos as cédulas sejam arrumadas com mais cuidado, a fim de evitar as lambanças que forçaram a anulação do primeiro escrutínio naquela eleição.

Com a saída de cena de Pedro Minowa e Zeca Pirão, candidatos do pleito passado, o caminho fica aberto para uma renovação. Fala-se em Marcelo Carneiro, empresário e conselheiro, além de ativo colaborador, que encabeçaria uma chapa apoiada pelo grupo Juventude Azulina.

Outra candidatura cogitada é a do advogado André Cavalcante, de trabalho muito aplaudido na condução do programa Sócio Torcedor Nação Azul, uma das grandes conquistas do Remo na temporada, assegurando renda mensal de R$ 383 mil aos cofres do clube.

Uma terceira opção seria Milton Campos, deputado estadual (PSDB), que tem tido intensa participação na vida do clube nos últimos dois anos. Aos amigos, Campos tem dito que se prepara para concorrer à presidência azulina mais à frente, depois de encerrar seu mandato na Assembleia Legislativa.

Por fim, há a alternativa do grupo mais experiente, capitaneado por Manoel Ribeiro, que presidente o Condel e ocupou a presidência durante a licença de Minowa. Foi um período curto, mas produtivo quanto a ações e resultados. A dúvida é se Ribeiro topará o desafio de se submeter ao voto direto. Ao longo dos anos 70 e 80, ele foi figura de relevo como diretor e presidente, depois passou um período mais recolhido até reaparecer para debelar a crise surgida no primeiro semestre deste ano.

Nome histórico no Remo, sua curta gestão como interino só foi tisnada pelo assalto ainda não esclarecido à sede social, há uma semana. Os amigos e aliados, porém, avaliam que o episódio é apenas o chamado “ponto fora da curva”, sem consequências maiores caso ele resolva se lançar candidato.

Eleições diretas, por essência, representam uma oportunidade primorosa para ajustar a vida de países, cidades e instituições. Que o Remo não perca, outra vez, essa chance de aprimorar seu funcionamento interno e democratizar suas práticas. O torcedor, mesmo ainda pouco representativo nos destinos políticos do clube, faz por merecer um comportamento responsável e comprometido por parte dos dirigentes eleitos nas urnas.

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Pleito deve ser convocado nos próximos dias

O processo eleitoral no Remo deve ser iniciado imediatamente depois de consumada a renúncia do vice-presidente Henrique Custódio. Segundo um grande benemérito do clube, o presidente da Assembleia Geral, Robério d’Oliveira, convocará a nova eleição em reunião extraordinária.

Não há prazo para a convocação. Quem quiser se candidatar deve se manifestar por escrito ao presidente do Conselho Deliberativo, até cinco dias depois de convocada a reunião.

Manoel Ribeiro, presidente em exercício, pode concorrer desde que renuncie à presidência do Condel. Como o estatuto do clube nada prevê, prevalece a regra geral do Direito – o que a lei não proíbe, logicamente permite.

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Força técnica e anímica para superar o Mogi

Sem Aylon, suspenso, o Papão se arma de todas as forças possíveis para ir em busca da vitória em Mogi Mirim, amanhã à noite. Um triunfo mantém viva a chama do acesso, mesmo com todas as contas indicarem a complexidade da missão.

Para brigar pelos três pontos, o técnico Dado Cavalcanti deve apelar para uma formação ousada, com três homens de frente, provavelmente Welinton Jr., Leandro Cearense e Misael.

Não há mais espaço para cautela ou espera. O Papão terá que encarar o jogo como uma decisão, mais ou menos como fez o Bragantino enfrentando o mesmo Mogi. Rebaixado por antecipação, o time paulista é franco-atirador a essa altura, lutando apenas para finalizar sua campanha com dignidade. E é justamente aí que mora o perigo.

Enfrentar um time que não tem mais nada a perder é sempre arriscado, pois a pressão estará toda do lado bicolor. Dado Cavalcanti tem sido um comandante sereno e estratégico na dose certa. O bom desempenho do time na Série B tem muito a ver com essas características do técnico.

Por outro lado, a essa altura da competição, com quatro jogos pela frente, Dado tem que recorrer a todos os seus truques motivacionais para manter a tropa concentrada no objetivo do acesso, tarefa dificultada pelos resultados da última rodada, que deixaram o Papão em 9º lugar.

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Pintura de Neymar deslumbra o mundo 

Um golaço é obra de arte que fica para sempre exposta na galeria dos deuses da bola. Neymar, autor de outros lances memoráveis, cravou neste fim de semana outra pintura admirável. Recebeu cruzamento de Luizito Suarez, chapelou um zagueiro sem olhar e antes que a bola tocasse o solo emendou um disparo forte, sem chances para o goleiro do Villareal.

A composição da jogada lembrou o gol de Pelé contra a Suécia, o terceiro do Brasil na final de 1958. Ele recebeu, dominou no peito e aplicou um chapéu no marcador, antes de bater para as redes.

Roberto Dinamite também fez um gol nos mesmos moldes, aplicando lençol em Osmar Guarnelli , do Botafogo.

O fato é que jornais e emissoras de TV do mundo todo não param de reproduzir o lance, sem economizar elogios ao brasileiro. Gols desse naipe ajudam a consolidar o nome de um craque, agregam prestígio e reconhecimento. Pena que o Prêmio Puskas da Fifa já fechou as inscrições e escolhas nesta temporada.

No aspecto pessoal, Neymar, depois de semanas colecionando notícias ruins no âmbito do fisco, teve enfim uma oportunidade luminosa e não desperdiçou.

Craques são assim. Respondem em campo aberto.

(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 09)

5 comentários em “Chance de corrigir rumos

  1. O Paysandú praticamente deu adeus ao acesso quando deixou escapar vitórias certas contra adversários de pouca expressão.
    Mesmo havendo chances apenas matemáticas pois precisaria além de ser 100% nos próximos 4 jogos contar com os tropeços dos concorrentes a série A de 2016.
    Uma pena pois nunca na história da série B foi tão fácil subir dada a baixa qualidade técnica dos times.
    Mas só podemos jogar a toalha após o jogo, enquanto continuar vencendo o próximo embate pode ser o último ou não.
    Ainda posso acreditar e torcer, pois só quem pode transformar os resultados em vitórias são os jogadores que atuarão em breve.
    Força Papão, enquanto há vida, há esperança.

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  2. Apena a título de informação, não foi somente o Paysandú que fechou as portas para a torcida e imprensa, Sampaio Correa, Náutico, Santa Cruz, Bahia e Vitória também estão se resguardando nestas rodadas finais onde tudo é válido pelo acesso.

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  3. Manoel Ribeiro merece sempre ser lembrado como um dos maiores – senão o maior – presidentes do Clube do Remo.
    Mas, a exemplo de outros nomes como o de Raimundo Ribeiro, tem a cabeça ainda lá nos anos 1970 e 80.
    Foi exatamente por isso, por não acompanhar as mudanças que ocorreram nos últimos 30 anos, que o clube azulino se encontra nessa situação, ainda difícil.
    Renovação já!

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  4. Espero que as “múmias paralíticas” respeitem a decisão das urnas desta vez, que é vê-los o mais longe possivel do Remo, e não pratiquem outro golpe pra retirar na marra um presidente eleito democraticamente. Mas acho dificil, vão fazer de tudo pra elegerem o “marechal apagador de refletor”, podem anotar. Esses velhacos não querem largar o osso.
    Só lembrando: Se fosse o japonês que tivesse guardado meio milhão de reais em espécie na Sede e desse a ‘elza’ na grana seria “gestão temerária”, mas como é o distinto velha guarda foi só “um ponto fora da curva”… com toda essa grana que o remo arrecadou nesses últimos jogos seria impossível não ter deixado em dia os salários dos atletas.

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