
Por Gerson Nogueira
Dunga fez sua esperada reestreia no comando do escrete. Para muitos, como este escriba aqui, não há nenhuma expectativa mais ambiciosa quanto ao futuro da Seleção Brasileira. Pelo perfil, Dunga é tão conservador quanto Felipão, Parreira, Tite ou Mano Menezes. Alinha com os pragmáticos, que preferem conservar emprego a arriscar qualquer coisa. Seus esquemas amarrados podem até funcionar em clubes, mas desgraçam o futebol do país.
O amistoso com a Colômbia, em Miami, foi corrido, vibrante em certos momentos e de pouca objetividade nos lances agudos. No Brasil nenhuma novidade significativa em relação ao rendimento exibido na Copa, o que reflete o curto período de treinamentos.
De positivo, por sinalizar o interesse em mudar a cara da Seleção, o aproveitamento de vários novatos – Filipe Luiz, Tardelli, Elias, Miranda, Philipe Coutinho e Éverton Ribeiro. De destoante, a insistência com jogadores que a Copa se encarregou de mostrar que não atravessam boa fase – Ramires, Willian, Fernandinho, Maicon. A lamentar a ausência de Ricardo Goulart, melhor atacante brasileiro em atividade.
A dúvida que se estabelece é sobre o futuro das caras novas. Elias e Tardelli mostraram desembaraço, sendo que o atacante adaptou-se bem às tabelinhas em velocidade com Neymar. Com mais entrosamento, pode vir a ser alternativa para a atual falta de centroavantes típicos no Brasil.
Neymar assumiu o protagonismo e a responsabilidade que seu talento impõe. Atraiu também a pancadaria colombiana, que continua tão intensa quanto no mundial. Apesar das amabilidades entre o camisa 10 e seu algoz Zúñiga, o pau cantou na maior parte do confronto, que teve muitos amarelos e um vermelho para Cuadrado.
James Rodríguez, grande revelação da Copa, pouco apareceu na partida, bem como seu substituto Falcao García, que entrou nos dez minutos finais. A Colômbia procurou sair em velocidade, explorando a força do conjunto, mas esbarrou na forte marcação montada por Dunga.
Do jeito como os times se distribuíam em campo, o gol só poderia surgir num lance de falta ou jogada individual. Coube a Neymar garantir a vitória em cobrança perfeita de falta nos minutos finais. O empate seria mais justo, o que não é demérito para Dunga e seu time ainda em construção.
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Leão na encruzilhada
O Remo tem a oportunidade de alcançar a liderança de seu grupo na Série D. Na verdade, pelo elenco que tem, já devia estar há várias rodadas isolado na frente, mas não conseguiu fazer direito o dever de casa e agora depende de mais duas vitórias jogos para assegurar classificação. Joga contra o Interporto (TO), que é provavelmente o time mais limitado da chave. Mas nem por isso a partida será fácil. Retrancado, o visitante vem para explorar o contra-ataque e esperar um vacilo para ganhar o jogo.
E é justamente em Bragança, no estádio Diogão, onde manda seus jogos e local do confronto de hoje, que o Remo tem encarado mais dificuldades na competição. Foi lá que sofreu sua única derrota até agora, contra o Guarani de Sobral. Além disso, tropeçou no Moto Clube logo na estreia.
Sem se adaptar adequadamente ao gramado do estádio, cujo terreno é considerado irregular pelos jogadores, o time vai para seu terceiro compromisso em casa, sem ainda se sentir inteiramente à vontade jogando em Bragança. Não tem faltado apoio da torcida local, mas o campo é visto como um adversário a mais pelos remistas.
O problema é que o clube não conseguiu transferir o local de seus jogos e não fez os treinos de preparação no estádio, única maneira de se acostumar com o gramado. A explicação é de ordem financeira. A diária em Bragança custaria cerca de R$ 20 mil, o que inviabilizou os treinos durante a semana. Numa conta rápida, sai muito mais barato gastar esse dinheiro do que uma eventual desclassificação na primeira fase.
Para hoje, o técnico Roberto Fernandes deve manter a mesma formação da vitória sobre o Guarani em Sobral, acrescentando apenas o talento e a capacidade de organização de Danilo Rios no meio-de-campo. Se confirmada a volta do armador, a notícia deve agradar principalmente os atacantes, pois um dos grandes atropelos do Remo é a falta de criatividade nas ações ofensivas.
Atento ao lado mais prático da vida, o time se dedicou a repetidos treinos de cobranças de falta e cruzamentos sobre a área. Óbvio e certeiro: na Série D, de jogos encardidos e equilibrados, a bola aérea muitas vezes vira a salvação da lavoura.
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Águia tenta escapar do abismo
Contra o ASA (AL), no estádio Zinho Oliveira, o Águia queima hoje um de seus últimos cartuchos para permanecer na Série C. Depois do empate contra o Treze fora de casa, o time parece estar assimilando o estilo ousado e confiante de João Galvão. Vai precisar muito dessas características para superar um time apenas mediano, mas que gosta de explorar o desespero de anfitriões com a corda no pescoço.
Promessa de fortes emoções em Marabá.
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Bola na Torre
Programa começa 00h10 na RBATV, logo depois do Pânico. Giuseppe Tommaso apresenta, com Géo Araújo, Rui Guimarães e este escriba baionense na bancada. Em debate, as rodadas das séries C e D.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 07)