Nada de bom senso por aqui

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Por Gerson Nogueira

A gente vê a movimentação, ainda meio desajeitada, dos jogadores de futebol em busca de um mínimo de organização classista. Criaram o Bom Senso F.C., que pela primeira vez permite que pleitos da categoria sejam publicamente conhecidos. Nada que lembre, nem de longe, o ativismo e a consciência de seus pares argentinos, uruguaios e chilenos, para ficarmos só nas redondezas sul-americanas. De todo modo, um tremendo avanço se levada em conta a tradicional alienação dos boleiros nacionais.

Os debates em torno da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte ganharam destaque nos últimos dias. O projeto é patrocinado pelo Ministério do Esporte, com participação do Ministério da Fazenda, Procuradoria Geral da República e forte influência dos clubes e seus lobbies, mas o Bom Senso resolveu participar do encaminhamento da votação no Congresso Nacional, sugerindo mudanças pontuais no texto.

O item mais caro ao movimento é a inclusão de cláusula que garanta a suspensão de atividades (ou rebaixamento) de clubes que atrasem salários de seus profissionais. É justamente aí que mora a principal divergência com os dirigentes de clubes.

Quando tudo indicava que o projeto seria votado ontem, a pressão dos jogadores terminou por provocar o adiamento. O Bom Senso ganhou sua primeira batalha, pois passa a ter condições de interferir diretamente na elaboração da lei que vai reger o esporte no país.

Em meio a tudo isso, incomoda notar que não há presença de nenhum atleta do Pará nas comissões e plenárias do Bom Senso. Vítimas das mesmas mazelas que atormentam o futebol brasileiro, os jogadores locais permanecem alheios à tentativa de unificação encabeçada por seus colegas de Sul e Sudeste.

Não que isso seja surpreendente, afinal esta é a terra do já-teve e da alienação. Jogadores são extremamente individualistas e conhecidos pela desunião. Brigam por seus salários, e só. Quando a questão envolve o bem-estar da categoria preferem se calar. O mutismo vale como norma para qualquer questionamento a dirigentes.

Como operários de uma atividade cada vez mais precária na região, com clubes falidos e mal administrados, salários sempre em perigo e poucas perspectivas de melhorias, os atletas paraenses deveriam ser mais participativos e interessados. Mais até do que os cartolas, que foram representados por Vandick Lima na reunião com a presidente Dilma.

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Direto do blog

“O momento deve ser de União, pois o PSC é maior do que a diretoria e sua lerdeza. O mais importante é não ser rebaixado no ano do seu centenário. Na entrevista do Vandick, ele falou sobre dois zagueiros a serem contratados e mais um atacante. Domingo, no Bola na Torre, foi revelado o motivo pelo qual as ‘laranjas podres’ não são mandadas embora: o clube não tem $$$ para bancar as indenizações. Logo, é mais barato manter o jogador no clube, recebendo salários. Mas, então, tem de botar esse cara pra varrer e capinar, já que não quer jogar”.

De Heleno Andrade, sugerindo medidas drásticas para combater o mal do “chinelinho” no Papão.

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Alarmismo sem sentido

Preconceito bobo, turbinado por desinformação, acaba gerando alarmismo. Tão logo foi anunciado o amistoso entre Remo e seleção da Etiópia começou a brotar uma onda de comentários a partir do receio com o avanço do vírus ebola na África. Essa preocupação não se justifica porque há hoje um controle rigoroso por parte dos serviços de saúde no mundo inteiro, visando evitar a propagação da febre hemorrágica (FHE) surgida no continente africano.

O cidadão pode até não querer ir ao jogo, mas não cabe usar a desculpa do ebola. Reclamar do preço, por exemplo, é até razoável. Cobrar R$ 20,00 por um jogo sem qualquer importância, além da curiosidade de ver uma equipe africana atuando em Belém, é um exagero.

Já do ponto de vista da programação do Remo neste segundo semestre a marcação do amistoso é positiva, pois permite manter o time em atividade na folga de 15 dias na tabela da Série D.

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Das responsabilidades do treinador

“Enquanto eu ficar muito puto com a derrota e muito feliz quando ganho, continuarei a trabalhar no futebol”. De forma simples e direta, o técnico Geninho definiu sua motivação para seguir na profissão.

A entrevista que vi na TV permitiu que passasse a ter nova impressão sobre o treinador, cuja fama (justificada) sempre foi de retranqueiro e adepto de rodízio de faltas. Na verdade, um perfil quase dominante entre os chamados “professores” do nosso futebol.

Acontece que as opiniões de Geninho chamam atenção pela franqueza. Foi categórico, por exemplo, quanto à preparação dos atletas. Disse que não tem tempo, nem vocação, para ficar ensinando fundamentos aos jogadores com os quais trabalha. Em suma, o treinador não tem obrigação de complementar a formação do atleta profissional.

Sua explicação é simples: precisa cuidar da montagem do time e parte do pressuposto de que os jogadores já estão prontos. Observou, por fim, que na Europa o jogador não chega incompleto aos clubes. Só é aceito se dominar todos os fundamentos – passe, recepção, cabeceio e chute.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 06)

Papão recebe reforços e Héverton segue treinando

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Apesar da deliberação da diretoria, o meia-atacante Héverton continua treinando com o elenco do Papão. Segundo fontes do clube, o jogador não está mais nos planos do técnico Vica, mas teve que ser mantido até que haja condição financeira de indenizá-lo. Héverton teria feito a proposta de permanecer no clube até o final da temporada ou pelo menos receber mais um mês de salário, mas o presidente Vandick Lima não concordou. Por enquanto, a situação permanece indefinida.

Além de Héverton, o treinador já manifestou intenção de afastar os jogadores Pablo, Billy e Ricardo Capanema. Enquanto isso, o clube apresentou oficialmente ontem dois novos reforços: o zagueiro Fernando Lombardi e o atacante Rômulo (foto acima), oriundos do futebol baiano. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola e Ascom/PSC)

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Rock na madrugada – Scorpions, Under The Same Sun

Mais uma bela canção roqueira de temática anti-guerra.