Para sacudir as estruturas

Por Gerson Nogueira

bol_dom_210413_15.psÀs voltas com tremendos aperreios em campo nas semifinais do returno, o Remo começa também a ter desnudados seus graves problemas de gestão. Um grupo de associados do clube, cansado de esperar pela publicação das contas e balanços, decidiu interpelar publicamente o presidente Sérgio Cabeça.

Apesar do tom educado da mensagem endereçada ao dirigente, as perguntas são pontuais e contundentes. A Associação dos Sócios do Remo (Assoremo) quer saber a destinação do dinheiro arrecadado nos clássicos Re-Pa do campeonato e no jogo contra o Flamengo pela Copa do Brasil. Exige explicações sobre a dívida com os funcionários e sobre o débito trabalhista do clube.

A entidade quer saber, ainda, a real situação do programa sócio-torcedor, que envolve a firma Nação Azul. Indaga sobre a real quantidade de sócios (proprietários e remidos), quites ou inadimplentes. E cobra providências quanto ao esporte amador e à reconstrução do ginásio Serra Freire. Caso não seja atendida, a Assoremo pretende recorrer à Justiça para ter acesso às informações desejadas.

São perguntas que todos os azulinos de boa cepa devem fazer à diretoria. É inconcebível que o dinheiro (cerca de R$ 2,4 milhões) obtido com as arrecadações do primeiro trimestre da temporada não tenha sido utilizado para resolver a pendência com os funcionários, conforme promessa dos próprios dirigentes.

Soa estranho, ainda, que a direção se recuse a abrir as contas, revelando os números de receita e despesa. Clube mais antigo do Estado, o Remo vem se notabilizando por ser também o mais arcaico quanto à gestão. Seus cardeais, salvo exceções honrosas, têm se esmerado em travar a implantação de práticas democráticas na agremiação.

A proposta de eleições diretas para presidente, que já foi implantada no Paissandu, vem sendo postergada há cinco gestões. Os conselheiros se revezam na tarefa de engavetar e protelar. Beneméritos de grande influência no clube, como Manoel Ribeiro e Rafael Levy, posicionaram-se claramente contra a iniciativa.

Dono de imensa e apaixonada torcida, o Remo vive com um pé no atraso por força das correntes políticas que o dominam. São caciques que agem como se o clube lhes pertencesse, fechando-se em torno de um Conselho Deliberativo que raramente delibera sobre alguma coisa.

A intervenção da Assoremo, apesar de suas limitações estatutárias, deve ser saudada como um grito em defesa dos interesses do torcedor, que repudia o domínio do clube pelos conselheiros e exige reformas imediatas. É o passo inicial também para uma tentativa de organização dos sócios, capazes de no futuro assumirem posições de comando no clube.

O impasse envolvendo o futebol profissional, que há cinco anos busca se estabilizar na Série D e sofre na disputa do campeonato estadual, é apenas a parte mais visível dos problemas. Por ser mais apaixonante, o futebol concentra as expectativas e atenções, mas a parte administrativa não pode ser esquecida pelos torcedores.

No fim das contas, os desmandos da gestão se refletem na parte mais visível da engrenagem. O futebol, emparedado pela política aloprada de contratações e desatinos como o pagamento de bicho por jogo, serve para expor a parte pública das mazelas azulinas. O lado positivo é que, antes atento apenas ao que rolava em campo, o torcedor começa a se libertar da alienação. Pode ser o começo da redenção.

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Torcedor quer mais conforto

Não há segredo. O que afugenta o torcedor dos estádios no Brasil é, principalmente, a má condição dos estádios. Foi o motivo mais citado para a persistente queda de público no futebol, à frente de outros fatores, como calendário, preço de ingressos e violência.

A constatação vem de pesquisa feita pela consultoria Trevisan Escola de Negócios e pela Pluri Consultoria, durante o seminário “Calendário do Futebol”, realizado no final de março pela Brasil Sport Market. O item recebeu 22% dos votos dos participantes.

O desconforto e a insegurança das instalações esportivas das principais praças esportivas são apontados como maiores causas da fuga do torcedor. O calendário, com a exagerada quantidade de jogos de baixa qualidade, foi mencionado por 19% dos consultados. O alto preço dos ingressos (18%) é o terceiro fator. Em quarto, vem a violência (15%), principalmente por parte das torcidas organizadas.

Com a utilização das 14 novas arenas construídas para a Copa do Mundo, a tendência é de recuperação gradual de público, embora a novidade venha acompanhada de inevitável elitização do futebol no país.

Outro dado interessante da pesquisa foi a aprovação (82%) dos campeonatos estaduais, embora bem próxima da preferência (79%) pelo campeonato nacional durante o ano todo.

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Os 85 anos da Rádio Clube

O amigo Pedro Paulo da Costa Mota, presidente da Associação dos Servidores da Delegacia Federal de Agricultura (Asdefa), se antecipa e homenageia a nossa a Rádio Clube do Pará pelos seus 85 anos, que transcorrem amanhã. Ele parabeniza a emissora pelos “relevantes serviços prestados à sociedade paraense, através da comunicação jornalística, esportiva e social, sempre pautada nos pilares da responsabilidade e do comprometimento, comemorados no próximo dia 22 de abril. A todos que fazem a Rádio Clube do Pará (A Poderosa), nossas congratulações e votos de muitas felicidades”.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 21)

130 comentários em “Para sacudir as estruturas

  1. Os torcedores azulinos precisam entender de uma vez por todas que a modernização da estrutura administrativa do Remo é mais importante do que qualquer coisa, uma vez que possibilitará o sucesso permanente dentro de campo, e não mais aceitarem que um título aqui ou acolá vala mais do que a transparência, pois foram essas práticas danosas ao clube que o puseram no patamar em que se encontra.

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  2. Gerson estou de volta!Quero em primeiro lugar parabenizar a nossa
    maior emissora de radio do Norte do Brasil que é a Radio Clube do Pará pelo seu aniversário e dizer que é um orgulho pra todos nós termos nesta emissora os maiores jornalistas do radio esportivo paraense.Parabéns PRC-5 e muitos anos de sucesso !
    Em relação ao que você comenta sobre os caras que estão há anos
    na comedeira do Remo,vai ser difícil uma mudança desse quadro atual, por se tratar de um grande cartel formado principalmente pelos mais antigos, e digo mais, só há um jeito disso tudo acabar, basta a torcida do Remo fazer igual a do Paissandú não enchendo mais os estádios e com isso a vaquinha seca e não dará mais leite para esse bando de sem vergonha que estão vivendo as custas do dinheiro do torcedor.Enquanto tiver essa dinheirama toda envolvida
    essa” velharada ultrapassada” nunca deixará o Clube do Remo.

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  3. Tuna Luso: Dida; Maranhão, Preto Barcarena, Max Melo e Daniel; Ícalo, Rodrigo Santarém, Fabrício e Pedrinho Mossoró; Lucas e Daniel Papa Léguas. Técnico Cacaio.

    Paragominas: Mike Douglas; Rondinelli, Cristovam, San e Devan; Paulo de Tarso, Ilailson, Marquinhos e Eduardo, Jayme e Aleilson. Técnico Charles Guerreiro.

    Árbitro: Andrey da Silva e Silva
    Assistentes: Heronildo Sebastião Freitas da Silva e Lúcio Ipojucan Ribeiro Silva Mattos
    Arthur Sobral (Porta

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  4. Harold e amigos, o jogo está muito truncado e a bola não chega com qualidade no ataque. A Tuna, por ora, tem ligeiro domínio graças a alguns jogadores diferenciados (Fabrício; Daniel Papaléguas e, principalmente, Lucas), mas nada que se traduza em perigo real de gol.
    O Paragominas, vez ou outra, chega lá na frente, mas sem qualidade. Aleílson está muito isolado e o entrosamento entre Jayme e Eduardo não é suficiente.
    Eduardo, aliás, é bom jogador, mas está longe de ser um maestro. Sempre disse que, dos três acrianos que vieram ao Remo, eu achava Eduardo o mais limitado. Ele precisa ter mais calma, senão ficará difícil para o Jacaré.

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  5. Aliás, o único jogador que, realmente, se salvou neste primeiro tempo foi Lucas. Os amigos sabem qual a idade do garoto?

    Com um bom técnico, Lucas terá grande futuro.

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  6. Onde estão as viúvas do Arthur? E os críticos do Ramon? Torcedor impacientes. Não respeitam o profissional, o ser humano, só sabem torcer contra. Muita irresponsabilidade. O paraense Ganso estava passando pela mesma coisa no São Paulo e deu a resposta. O Ramon a gente percebe que é um jogador diferenciado. Tem uma visão de jogo e toque refinado na bola. Vou dizer mais, com ritmo de jogo, ele é melhor que o Eduardo Ramos.

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  7. Lembrando ao ilustre blogueiro e demais amigos que frequentam este espaço democrático que o CLUBE DO REMO, o filho da glória e do triunfo, completa hoje 100 anos de futebol.

    Ainda bem que não completa essa idade com um resultado negativo, o que era prognosticado por muitos até às 18 e 30min de ontem.

    Não está morto quem peleia, já diz o gaúcho.

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    1. O sono não me permitiu levantar mais cedo para ver a Águia Guerreira contra o Jacaré, amigos. Por isso, o post só agora foi colocado.

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  8. Ate mesmo um milagre…te dizer Gerson! O Sinezio faz uma falta dos diabos nessas malditas horas. Contra o Remo , Mossoró perdeu um pênalti e ele nao estava na relva..hj de novo.
    Que no próximo domingo a Arena esteja verde para nos tunantes.
    Vou apertar uma..para despachar o domingo..
    Se acredito? Claro! A Tuna tem um histórico muito bom em jogos fora de casa.
    Que desperdício esse Fabrício cometeu em sua carreira..imperdoável.

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  9. Égua, o tal do Papa-Léguas, perdeu 2 gols-feitos: um pênlate e outro no fim do jogo. Olha, se a Tuna tivesse feito 2 x 0, já estaria praticamente na final.

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  10. Cláudio, o F. Sanches sabe-se que é uma boa contratação, mas o tal de Xuxa será que também é bom ? Aonde estava ele atuando ? Viste que o Alvim e Iarley não têm condições nem para o Parazão, quanto mais série-B ?!

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