Na tentativa de confortar mais um amigo, este do Recife, que chupava o frio chicabon da solidão na ponte Buarque de Macedo, sofri a acusação de descaminhá-lo. Sim, a ponte que metia medo até no Augusto dos Anjos, nosso primeiro ensaio de lirismo-punk-brega.
Em plena segunda-feira, recebi a patada da ex do dito cujo, incomodada com suposta má influência sobre o mancebo:
– Não vai descaminhá-lo! –sapecou a princesa. – Quando vi que estavam andando juntos pela noite… Perdi as ilusões de vez, desculpe, amigo, mas tenho que desabafar, pronto, falei, danem-se vocês dois.
Como se alguém, homem ou mulher, precisasse do GPS da vida errada. Como se a vida fosse certa. Quem tiver a fórmula que mande ai nos comentários ou passe lá em casa.
Tem gente que atribui a um amigo ou amiga os desacertos do namorado, caso, cacho ou marido. Já me peguei, primariamente, nesta mesma onda, há muito tempo atrás. Vociferei, agoniado, para o meu amor da época: “Depois que começaste a andar com essa vadia, só fizeste merda!”. Hoje rio de tal meninice.
Como se o teu desejo precisasse de outras belas e más intenções femininas. Lua cheia, viejo hombre, esquece, perdeste o controle. O nome dela agora é autonomia. Dançaste.
As três coisas inevitáveis da natureza: água ladeira abaixo, fogo ribanceira arriba e mulher com vontade de dar… Não tem jeito. Má companhia. Hahaha. Isso não existe. Coisas que botam nas nossas frontes e cabeças. Esqueça.
Só acredito nas influências literárias. E olhe lá. Mesmo assim nas influências dos escritores mortos. Só os mortos governam os ditos vivos. Já me responsabilizaram muito por desvios de condutas dos seus cônjuges. Como se o meu atávico rapariguismo – do amor alentejano às raparigas- pudesse ser transmitido qual uma enfermidade.
Homem nenhum e mulher alguma influenciam outrem se o desejo latente já não fizer morada naquela perdida carcaça. Ele(a) pode apenas não saber onde colocar o desejo, como na trilha de “A dama do lotação”, mas tal desejo ali, na espreita, aquele corpo ocupara de muito.
Sei não. Eu não acredito. E você, amigo(a), alguém é capaz de levar o nosso amor para o mau caminho?