Os bastidores da queda de Luxa no Flamengo

Por Pedro Ivo Almeida (UOL)

O capítulo final se deu apenas na última quinta-feira, mas a novela pela saída do técnico Vanderlei Luxemburgo foi longa. Com um mês de duração, o técnico travou uma intensa luta nos bastidores do Flamengo para conseguir se manter no cargo após as inúmeras polêmicas desde o início de 2012. Além da “guerra fria” com o vice de finanças do clube, Michel Levy, o treinador teve que aturar um verdadeiro processo de fritura dentro do elenco capitaneado pelo craque Ronaldinho Gaúcho, que já não aguentava mais ter que aturar Luxa. Por fim, após ver a guerra perdida, o treinador ainda desabafou ao deixar o clube e participou de uma autêntica troca de xingamentos. O ex-treinador não poupou termos de baixo calão na hora de demonstrar sua irritação com o diretor de futebol Luís Augusto Veloso e também teve que escutar algumas palavras indesejáveis de conselheiros e sócios do clube. Abaixo, os principais capítulos do calvário de Luxa na Gávea do início da temporada até a última quinta-feira:

CASO ALEX SILVA – Logo no primeiro dia de trabalho do Flamengo em 2012 (03/01), Vanderlei Luxemburgo teve uma prévia de que a temporada não seria das mais fáceis. Sem receber os direitos de imagem que o clube lhe devia, o zagueiro Alex Silva não se reapresentou e irritou Luxa já no início da temporada. O jogador alegou problemas pessoais, mas Luxa não perdoou. “Já começou mal a temporada. Vai ter que se explicar, contar uma história muito boa. Alguma punição ele vai sofrer, disse.

INSÔNIA DE RONALDINHO – Após um mês de férias e muitas baladas no Rio de Janeiro, Ronaldinho Gaúcho sofreu com insônia nos primeiros dias de trabalho do Flamengo em 2012. Com o horário “trocado”, o jogador não aguentava participar das atividades da manhã no CT Ninho do Urubu e dormia no vestiário enquanto os companheiros corriam no campo. O episódio irritou Luxemburgo e iniciou a guerra entre o camisa 10 e o técnico. Em Londrina, durante a pré-temporada, a comissão técnica teve que apelar para um sonífero para que R10 dormisse normalmente.

PUXÃO DE ORELHA – Após seguidas demonstrações de insatisfação dos jogadores pelos vencimentos (direitos de imagem e premiações) atrasados, o vice de finanças do clube, Michel Levy, entrou no “circuito” e disse que os jogadores não tinham que ficar reclamando. Os atletas resolvem, então, se calar como forma de protesto. Luxa aproveita o momento para sair em defesa do grupo e atacar Levy, seu grande desafeto dentro da diretoria, e inicia a guerra com a cúpula rubro-negra. Irritada com a “troca de farpas” pela imprensa, a presidente Patrícia Amorim se pronuncia pela primeira vez e diz que estava na hora de cada um fazer apenas a sua função e cuidar do seu departamento. Em um primeiro momento, Luxa e Levy ficam esvaziados pela briga sob holofotes.

NOITADA EM HOTEL – Após o episódio da noite em que Ronaldinho fugiu de seu andar e dormiu com uma mulher no hotel do Flamengo, o clube enviou o vice jurídico, Rafael De Piro, e o diretor de futebol, Luiz Veloso, à Londrina para resolver a punição a ser dada ao craque pelo descumprimento do regime de concentração. Luxemburgo tentou até o fim que o meia fosse imediatamente desligado do elenco e voltasse ao Rio. A cúpula do futebol decidiu apenas multar o atleta. O treinador se irritou, sentiu-se esvaziado pela diretoria e declarou guerra contra os dirigentes e Ronaldinho.

ATRASO DE SALÁRIOS – Visivelmente incomodado com os salários atrasados Ronaldinho, através de seu irmão e empresário, Assis, ameaça não embarcar com o Flamengo para a Bolívia, onde o time disputaria a partida de ida da pré-Libertadores contra o Potosí. O esforço da diretoria para pagar Ronaldinho e o manter no grupo irrita Luxemburgo. O técnico não queria ver o camisa 10 no grupo que viajou para a Bolívia. Mais uma vez, os dirigentes ignoram suas vontades, esvaziam o treinador e mostram apoio irrestrito ao craque Gaúcho.

ATROPELADO – Em mais uma batalha da “guerra fria” com a diretoria, Luxemburgo viu o vice de finanças do clube, Michel Levy, contratar um zagueiro sem seu aval. O treinador foi contra a negociação com Marcos González (foto), mas viu Levy “bater no peito” e trazer o jogador mesmo contrariando suas vontades. O episódio acirrou a queda de braço entre os dois e Luxemburgo passou a ver que estava perdendo as forças.

MULTA MILIONÁRIA – Esvaziado pela diretoria e fritado pelos jogadores, Luxemburgo sentiu que o fim estava próximo e resolveu mudar a estratégia. Agarrado a multa rescisória de R$ 4 milhões de reais, o treinador tentou fazer o papel de “santinho” na guerra. Exaltando a classificação na Libertadores e com um tom bem mais ameno no discurso, o treinador tentava ao máximo não dar motivos para que fosse embora. Em caso de saída, Luxa optaria por ser demitido, fazendo com que o clube pagasse a bolada pela rescisão unilateral do contrato.

IRRITAÇÃO NA SAÍDA – A descontração de Luxemburgo na chegada à Gávea para a reunião derradeira com Patrícia Amorim deu lugar a um certo descontrole após a confirmação de sua demissão. “Não acredito que perdi para esses vi…”, desabafou Luxa, enquanto deixava o clube, numa clara referência à guerra travada com Michel Levy (foto) e Luís Augusto Veloso. Por fim, como em uma despedida melancólica, o treinador teve que escutar provocações de conselheiros e sócios. “Já vai tarde”, “Saiu o empresário, vamos ganhar um técnico”, “Tchau, incompetente”, bradavam alguns enquanto Luxa arrancava com seu luxuoso carro.

7 comentários em “Os bastidores da queda de Luxa no Flamengo

  1. Segundo conversa de um supervisor do projeto Zico 10,que esteve em Tucuruí, o Luxemburgo cobrava de 20 a 30% para lançar um garoto da base,caso contrário o mesmo caia em esquecimento.

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  2. E o Luxemburgo já revelou ter planos de se fixar no Tocantins para fazer carreira política e explorar jovens talentos do futebol do Pará e do Maranhão. Estados que ele classificou como celeiros de craques. Vai que ele resolve desembarcar no Pará?

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  3. Ja falei uma vez a respeito do Luxa e, tornarei a repetir! Ele (Luxemburgo) foi tido como o melhor treinador do Brasil por vários anos, conquistando inumeros titulos importantes em sua brilhante carreira de treinador de futebol, mais desde que o mesmo incursou para o futebol espanhol onde treinou o RealMadrid no projeto gálaticos e entrou em súmaria decadência desde então.
    Muitos jornalistas fofoqueiros, alegam tal fato aos seus vicios, onde um deles e de ser adepto a um joguinho de cartas, entre outras coisas, querer também agir como empresário de jogadores fazendo com o mesmo não consiga concentrar-se na sua ocupação de treinador.
    Acho que a diretoria do Flamengo, faltou com um pouco de respeito com o profissional e torcedor declarado do Mengo, mais para que defenestrou o seu maior ídolo (ZICO) o LUXEMBURGO e tirado de letra pela conturbada presidenta do maior clube do Brasil.

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