A sete rodadas do fim, o Brasileiro da Série A começa a afunilar e esboça talvez pela primeira vez um time realmente com pinta de campeão. Sim, o favorito é o Vasco, que pratica neste momento o futebol mais competitivo entre as demais equipes com chances de chegar. Contra o Bahia, ontem, essa condição se evidenciou de maneira insofismável.
O Vasco de Diego Souza, Dedé e Felipe impressiona, acima de tudo, pela concentração no jogo, a entrega absoluta ao objetivo maior e a busca incessante pela posse da bola. O Bahia até tentou aplicar um sufoco inicial, mas foi logo convencido a se plantar cautelosamente atrás a fim de resistir ao forte ataque vascaíno.
Depois do golaço de Felipe, o jogo ficou inteiramente favorável ao Vasco. No aspecto emocional era visível a falta de confiança dos baianos. Do outro lado, resplandecia a força coletiva dos cruzmaltinos. A marcação se manteve implacável durante quase toda a partida, afrouxando um pouco apenas nos 20 minutos finais.
Foi justamente nesse momento que, diante da pressão desesperada do Bahia pelo empate, apareceu outra virtude vascaína: o excelente condicionamento físico, que permite arranques de Diego Souza a partir de seu próprio campo. Foi em jogada de velocidade que nasceu o segundo gol, do próprio Souza, quando a defesa baiana já se arrastava em campo.
Acima de tudo, o Vasco demonstra gana de campeão. Vencedor da Copa do Brasil, o time não se acomodou e aproveitou-se da instabilidade dos demais adversários para se intrometer na briga pelo título. A perda do técnico Ricardo Gomes, acometido de AVC, injetou o combustível extra para impulsionar a campanha.
Caso preserve essa determinação, combinada com a maturidade emocional de seus jogadores, será difícil parar o Vasco. A sequência de jogos prevê duas duras batalhas domésticas, contra Botafogo e Flamengo, mas a curva do Almirante é ascendente, ao contrário do que demonstram seus rivais.
A notícia de que o Rio Branco decidiu abrir mão da ação judicial recoloca o Paissandu diante da obrigação de vencer pelo menos dois jogos e empatar outro para se classificar à Série B. O problema é que, com três pontos, o representante paraense terá apenas mais um compromisso em casa, enquanto CRB e América terão dois e o Luverdense, três. Terá, portanto, que desmentir seu histórico na competição e vencer longe de sua torcida, como no embate com o Rio Branco, anulado pela decisão do STJD.
O técnico Andrade, na entrevista ao Bola na Torre, ontem, queixou-se da ansiedade que o time enfrenta à espera da definição de seus adversários. Nos treinos, o time vai se desenhando com um meio-campo não muito diferente daquele montado por Edson Gaúcho: Vânderson, Daniel, Juliano e Robinho. Sandro segue como reserva de luxo e Luciano Henrique vai, ao que parece, finalmente deixar o time titular, depois de ter sido prestigiado pelos técnicos anteriores. O ataque não muda: Rafael Oliveira e Josiel.
Nem a derrota para o Avaí tirou o brilho da belíssima festa Feijão no Fogão, sábado, na Computer Hall BR. Mais de 1.200 alvinegros de Belém, ao lado dos ídolos Jairzinho e Túlio, confraternizaram, cantaram e trocaram idéias sobre a paixão pela Estrela Solitária. Agradeço a carinhosa homenagem, embora imerecida, porque falar bem do Botafogo é redundância.
Direto do blog
“Conforme tenho postado aqui há quase dois meses eu ‘vi’ um time de cores pretas e brancas sendo o campeão, erguendo taça e dando volta olímpica. Como sou botafoguense e o time está bem, ainda na luta, penso que o Glorioso pode chegar lá, mas confesso, meus irmão e amigos, que o Vasco está querendo ser o time campeão, o que não estaria errado em minha clarividência.”
Pastor Carlos Rodrigues, apostando em time alvinegro para o título.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 24)