Dupla Re-Pa faz contra-proposta ao governo

Foi mais tranquilo do que se imaginava o encontro entre os representantes de Remo e Paissandu e o secretário estadual de Comunicação, Ney Messias, para rediscutir os termos do contrato de transmissão dos jogos do campeonato paraense celebrado entre a Fundação de Telecomunicação do Pará (Funtelpa) com a Federação Paraense de Futebol (FPF). Sérgio Cabeça Brás, presidente do Remo, e Ricardo Rezende, diretor do Paissandu, foram até o Palácio dos Despachos na noite desta quarta-feira (26) apresentar uma contra-proposta ao governo. Querem a reabertura de convênio com o Banco do Estado do Pará (Banpará) para patrocínio nas camisas dos dois clubes. Esse contrato existiu até o ano passado e rendia a Remo e Paissandu R$ 60 mil mensais.

A volta desse patrocínio serviria para amenizar a brutal perda de receita causada pela diminuição da verba destinada a ambos no novo contrato com a Funtelpa – de cerca de R$ 1,2 milhão passam a receber R$ 690 mil, cada. Messias recebeu a sugestão e vai levar à análise do governo, embora tenha avisado que o momento de contenção de gastos pode dificultar a aprovação. Na prática, o governo já percebeu que a dupla Re-Pa está aceitando qualquer negócio e não quer radicalizar. Enquanto isso, os times intermediários irão dividir R$ 591,6 mil, cabendo a cada um R$ 98,6 mil. (Com informações do Bola e da Rádio Clube)

Caixa assina contrato com Remo e Paissandu

Ubirajara Lima, gerente de filial da Caixa Econômica no Pará, manda atencioso convite para que este escriba baionense compareça ao ato de apresentação e assinatura de contrato entre a Caixa Capitalização e as diretorias de Remo e Paissandu. Será às 20h desta quinta-feira, no salão de eventos da Caixa Capitalização. Ubirajara encabeçava a chapa de oposição Novos Rumos, que disputou (e perdeu) as recentes eleições para a presidência do Paissandu.

Coluna: A brincadeira tunante

Que o futebol paraense vive há anos servindo de refúgio tranquilo para jogadores veteranos e sem mercado já não é nenhuma novidade. Acontece desde os anos 60 e 70, mas se tornou prática obrigatória e anual (às vezes, semestral) trazer bondes a título de “reforço”.
Há uma parcela da torcida que ainda aceita esse tipo de negócio, empolgando-se com nomes famosos, mas a consciência do torcedor médio mudou e é raro ver alguém celebrando a chegada de mais um dinossauro.
Remo e Paissandu são, por natureza, contumazes empregadores desse tipo de mão-de-obra sucateada. Algumas vezes, num rasgo de sorte, o investimento até frutifica. Foi o caso de Luiz Miller e Biro-Biro no Remo, nos anos 80, e de Vandick e Róbson no Paissandu, mais recentemente. São as tais exceções que confirmam a regra.
No ano passado, o Paissandu bateu todos os recordes de ousadia: de uma só tacada, chegaram Marcelo Ramos, Lúcio e Nildo. Obviamente, a aposta fracassou completamente. Para este ano, além de Vânderson, Sandro e Alex Oliveira, o clube trouxe Mendes, também na perigosa faixa dos 35 anos. São os chamados contratos explícitos de risco.
Quando se cuida e não tem histórico de lesões, o jogador pode encaixar na equipe e contribuir com a experiência para uma grande campanha. Mas, no futebol duríssimo de hoje, dificilmente um veterano consegue uma boa sequência de jogos.  
De repente, com todo esse histórico de prejuízos sem conta, eis que a Tuna resolve apostar abertamente numa solução desesperada: contratar o atacante Viola, de 42 anos, cujas últimas passagens por clubes não duraram mais que meia dúzia de jogos, com baixíssimo rendimento. A rigor, a performance mais marcante do ex-ídolo corintiano foi a (também curta) participação no reality-show A Fazenda, na TV Record.
No começo, parecia apenas brincadeira, não mais que um factóide dos dirigentes. Ocorre que, ao que tudo indica, a coisa é séria. Viola é boquirroto, diz frases espirituosas. Faz, enfim, o gênero marqueteiro, mas não pode mais ser considerado um boleiro. Duvido que resolva os problemas da Tuna. Pelo contrário, tem tudo para agravar as mazelas da centenária Águia, recém-saída da segunda divisão estadual.
Para quem vive solicitando apoio para bancar o futebol profissional, se confirmar a contratação, a Tuna dá um passo rumo ao total descrédito. Berço de alguns dos nossos mais talentosos atletas – Manuel Maria, Geovani, Ganso –, a velha Lusa parece ter perdido o eixo e o juízo. Espero que sobreviva a mais essa fuga de idéia.  
 
O sempre vigilante Jaciel Papaléo Paes informa, via e-mail, que o Paissandu está em vias de sofrer bloqueio de bilheteria em face de acordo trabalhista não cumprido com a lavadeira Lucimar Carrera da Cruz. Seriam dez parcelas de R$ 1,500,00. Como só pagou até o sexto mês, as demais parcelas são antecipadas e inicia-se o processo de execução com multa de 30%. Estranho que valor tão modesto esteja a pique de motivar mais uma séria dor de cabeça contábil ao clube. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 27) 

Rock na madrugada – Eric Clapton, Travelin’ Alone

Tremenda aula do mestre da guitarra, usando um modelo Gibson Les Paul, como há muito tempo não fazia. Primeira faixa do belíssimo álbum de Mr. Slowhand chamado simplesmente “Clapton”.

Tribuna do torcedor

Por Robert Rodrigues (joserobertodcr@hotmail.com)

Na minha opinião, você explanou muitíssimo bem esta questão de “ajuste contratual” entre os clubes (ou é a federação?) e governo. Esses clubes medianos, sem Remo e Paissandu, como é que iriam fazer um campeonato paraense? Jamais. Também acho que os clubes deveriam caminhar com seus proprios pés, sem ajuda de governo, pois como pagador de impostos entendo que esses milhões deveriam ser investidos no esporte amador. Mas já que há um contrato que os grandes clubes recebam a parte que lhes cabe por direito.

Brasil bate Equador e é alvo de racismo

Nem tudo é um mar de rosas na participação da seleção brasileira sub-20 no Campeonato Sul-Americano da categoria disputado no Peru. De acordo com reportagem publicada na edição desta quarta-feira do jornal O Estado de S.Paulo, dois jogadores do Brasil foram alvo de racismo por parte de torcedores peruanos durante jogos da competição. O primeiro episódio aconteceu ainda na estreia da equipe do técnico Ney Franco, diante do Paraguai (vitória brasileira por 4 a 2), e envolveu o zagueiro Juan. No último domingo, no empate por 1 a 1 com a Bolívia, a situação se repetiu com o atacante Diego Maurício. Em ambos os casos, um pequeno grupo de torcedores imitou o som de macacos, ofendendo os atletas brasileiros. A CBF protestou junto à Confederação Sul-Americana e pode formalizar reclamação, pedindo punição para os anfitriões do torneio.

Na noite desta terça-feira, com um gol de Henrique, a seleção derrotou o Equador, por 1 a 0.

Coluna: Dupla Re-Pa se apequena

Para começo de conversa, não deveria se usar o termo “aditivo” quando o documento trata de diminuir valores. Quase ninguém atentou para a impropriedade durante o anúncio oficial da reformulação do contrato de patrocínio dos clubes paraenses. A rigor, a inadequação da palavra é a parte menos grave dessa negociação que fere seriamente as finanças dos dois principais clubes do Estado.
Chama atenção que a Federação Paraense de Futebol tenha manobrado para transformar o contrato em plataforma de apoio às ligas interioranas, com o aparente aval dos técnicos do governo. Se a idéia era agradar o interior, isso podia ser feito sem golpear a galinha dos ovos de ouro.
Remo e Paissandu, que fazem a festa e arrastam multidões, foram os únicos punidos com o corte de verbas. A dupla perde, sem estrilar, quase 50% do repasse anual – de R$ 1,2 milhão para R$ 698 mil. Curiosamente, os seis emergentes do certame estadual foram premiados. Apesar do enxugamento de 20% no valor total do acordo, passam a receber R$ 98 mil, contra os R$ 70 mil do acordo anterior.
Sou paraense, com um tremendo orgulho disso. Nasci às margens do belíssimo rio Tocantins na minha não menos encantadora Baião. Fato que não me impede de enxergar o óbvio. Remo e Paissandu são as duas maiores forças do nosso futebol, detentores de história e tradição, com torcidas que estão entre as 20 maiores do país.
Por mérito, não podem receber o mesmo tratamento dispensado a agremiações imberbes (com exceção de Tuna e São Raimundo), algumas das quais trabalham durante uma temporada e fecham na outra, sustentadas pelos projetos eleitorais de padrinhos de ocasião. Isso quando não são apenas siglas de aluguel, como é o notório caso do Independente Tucuruí.
Dirigentes que se insurgiram contra a partilha anterior costumam usar o argumento gracioso de que Remo e Paissandu deveriam disputar torneio exclusivo, sem a participação dos nanicos. Ora, talvez fosse interessante pensar em fazer um campeonato apenas com os seis intermediários, certamente capazes de galvanizar a massa com acirrados embates. Deixemos de ilusão: a ajuda oficial não se destina “ao” futebol do interior, mas a alguns de seus habilidosos cartolas. 
Sem excluir providências positivas, como a premiação aos finalistas de turnos, a questão por trás do fato tem natureza essencialmente política e expõe a fragilidade dos grandes clubes nesse âmbito. Apartados pela rivalidade, têm dificuldade em ajustar ações para defender interesses comuns. Unindo forças, ficam muito fortes e podem enfrentar qualquer situação, até mesmo quando a FPF se posiciona claramente como oponente.
É inadmissível que Remo e Paissandu não tenham sido ouvidos ou consultados quanto às modificações no contrato. São os dois dinossauros – e não a federação – que garantem o espetáculo e motivam o interesse pela transmissão de jogos na TV. Sem eles, não há campeonato e o negócio todo perde o sentido. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 26)