Quanto mais se tenta entender essa confusa relação entre Sandro Goiano e o Paissandu, a verdade parece ficar mais distante. Tanto o jogador quanto o presidente do clube decidiram adotar o silêncio como arma, empurrando com a barriga qualquer pedido de explicação.
Enquanto a coisa se limitava ao contrato entre clube e atleta, não havia motivo para questionamentos. Afinal, salários, cláusulas e condições de trabalho são temas particulares, que só dizem respeito aos interessados diretos, empregado e empregador.
O problema é que foi justamente a suposta pressão exercida por Sandro para forçar a renovação de contrato, durante a disputa do Brasileiro da Série C, no ano passado, que teria precipitado a crise responsável (entre outros fatores) pela eliminação do Paissandu frente ao Salgueiro.
Importante observar que esse fato só chegou ao conhecimento do torcedor por iniciativa da própria diretoria, no afã de repassar a terceiros a responsabilidade pelo fracasso. Diante do fiasco – o terceiro consecutivo na competição –, restou o recurso fácil de carimbar alguém com o selo de vilão. Sandro, jogador de grande carisma junto à torcida, foi o escolhido para o sacrifício.
A missão de culpá-lo pelo insucesso foi facilitada pela anêmica participação de Sandro no fatídico jogo contra o Salgueiro na Curuzu. Naquela manhã ensolarada, o capitão esteve irreconhecível, cumprindo uma de suas piores atuações com a camisa alviceleste.
Em sua defesa, pode-se dizer que não foi o único a fraquejar frente aos valentes pernambucanos. À exceção do goleiro Alexandre Fávaro, todos os demais jogadores tiveram baixíssimo rendimento.
Depois de confirmar permanência para a temporada 2011, após acordo com o próprio presidente Luiz Omar Pinheiro, Sandro voltou a se recolher ao silêncio que adotou desde que retornou aos treinos na Curuzu. Não abre a boca para contestar ou admitir as críticas e suspeitas que lhe foram atiradas. Perde, com isso, excelente oportunidade de resgatar plenamente o prestígio que sempre teve com os torcedores, em face dos inegáveis serviços prestados ao clube.
O Paissandu já pulou fora da Copinha, mas a competição ainda tem talento paraense em campo. Bruno e Vinícius, dois garotos nascidos em Belém, defendem o surpreendente Coritiba no jogo desta noite contra o Flamengo.
Paulo Comelli ainda não tem o atacante de seus sonhos, mas não pode mais se queixar. Desde ontem, dispõe de dois centroavantes de ofício para os treinos em Barcarena. Além de Wellington Silva, passa a contar com Marcelo Soares. O primeiro está confirmado para o jogo contra o S. Raimundo. Soares talvez só ganhe condições – legais e físicas – para a segunda rodada.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 20)
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