Remo e Paissandu reagem à perda de dinheiro

Em iniciativa rara, os presidentes de Remo e Paissandu devem se reunir para definir uma linha conjunta de atuação em relação às mudanças no contrato de patrocínio do governo do Estado. Sérgio Cabeça Brás, do Remo, e Luiz Omar Pinheiro, do Paissandu, foram surpreendidos com as alterações anunciadas pelos secretários de Esporte e Lazer e de Comunicação do governo, na tarde desta terça-feira. A negociação conduzida pela Federação Paraense de Futebol é considerada pelos dois grandes clubes como altamente lesiva aos seus interesses. Tiveram um corte de quase 50% nas verbas de patrocínio enquanto os clubes intermediários conseguiram quase isso de reajuste. À tarde, LOP já falava em alterar o sistema de transmissão das partidas, reivindicando que a TV não mostre para Belém jogos de Remo e Paissandu quando estes jogarem na capital. Sugeriu também que o governo ofereça um repasse extra para transmitir os clássicos entre ambos. Em clima de revolta, principalmente em relação à FPF, os dirigentes se reuniram no começo da noite, tentando chegar a um termo conjunto de protesto contra o “aditivo” anunciado pelo governo. No final, evitaram detalhar a estratégia que será adotada, mas é certo que irão reagir.

Júlio Cesar volta à Seleção depois do vacilo na Copa

Lista de convocados por Mano Menezes para o jogo contra a França, em Paris, no dia 9 de fevereiro:

GOLEIROS

Julio César (Inter de Milão)
Neto (Fiorentina)
Gomes (Tottenham)

LATERAIS

Daniel Alves (Barcelona)
Rafael (Manchester United)
André Santos (Fenerbahce-TUR)
Marcelo (Real Madrid)

ZAGUEIROS

Breno (Bayern de Munique)
David Luiz (Benfica)
Thiago Silva (Milan)
Luisão (Benfica)

MEIO-CAMPISTAS

Elias (Atlético de Madri)
Anderson (Manchester United)
Hernanes (Lazio)
Jadson (Shakhtar Donetsk)
Lucas (Liverpool)
Ramires (Chelsea)
Renato Augusto (Bayer Leverkusen)
Sandro (Tottenham)

ATACANTES

Robinho (Milan)
Pato (Milan)
André (Dynamo de Kiev)
Hulk (Porto)

Opinião: Gênese em torcer

Por Cássio Andrade

Mais que a condição ontológica, dentre os problemas filosóficos que atribulam o ser humano, reside um de especial relevância aos brasileiros: por que torcemos? País que exala futebol em mais de 190 milhões de pulmões, essa é uma questão crucial. Buscada na razão plena cartesiana, tal questão problematizadora não teria suporte adequado. A racionalidade extrema não costuma dar resposta ao fogo do coração. Mesmo a língua dos anjos e dos homens, somente poderia suportar a questão, abrasada pelo amor, poderia concordar o Apóstolo. Mergulhando na ontologia, ainda que na aventura empírica da experiência, poderia primeiramente apontar a saída à intrigante questão nos caminhos do coração, da alma, da cultura e outros que tais. Um novo problema se defronta: como explicar as razões desses caminhos, posto que entranhados de desrazão? Volto à experiência!
A questão regional poderia ser facilmente explicada. Nasci numa grande torcida de remistas. A influência do manto azul e sagrado estaria a mim destinada pela lógica. Mas, por que diabos passei a me apaixonar por escudos outros, além de meu recanto? Por que sou rubro-negro no Rio, Tricolor em São Paulo, Colorado no Rio Grande e Cruzeiro nas Alterosas? Não chego a exagerar como um amigo  próximo que em cada região do país e até do mundo, torce por um clube (meu amigo até a queda do Muro de Berlim, torcia pelo Dínamo de Kiev, por exemplo). Não, não chego a esse extremo! Por toda loucura à cruz do futebol (olha aí o apóstolo de novo), confesso, porém que minhas preferências não seguem muito os roteiros definidos.
Antes de 1978, não gostava de futebol. Por mais incrível que pareça, passei a nutrir simpatia pelo esporte, durante a Copa da Argentina. O diabo é que já torcia pelo Remo. O pior é que, meus gostos eram um tanto estranhos. Ao invés de glorificar o Dirceu, admirava o Oscar e o Amaral. Se bem que naquela seleção do Coutinho, torcer por um atacante era bem difícil! Passada a Copa, passei a gostar de futebol de botão (o meu era tão velho que a onzena era formada por Andrada, Abel, Edu, Assis, Oliveira, Toninho, Dirceu Alves, Carlos Alberto, Clóvis e mais dois que a foto do botão já nem aparecia). Minha velha equipe do botão somente foi substituída nos anos 80, quando ganhei de minha mãe, duas novas equipes de acrílico, da marca “Canindé”, sem fotos de jogadores, cujos goleiros eram verdadeiras caixas de aparelhagem antigas. Aliás, meus colegas de “Estrelão”, reclamavam do tamanho de meus goleiros, pois tomavam um bom espaço da trave e eram resistentes aos choques. O vento derrubava a trave (jogávamos na calçada de casa), menos os goleiros.
Do “campo de botão” ao “campo das tevês”. Passei a assistir os jogos dos campeonatos cariocas aos sábados à tarde (sim, naquela época, os horários de jogos de futebol eram bem melhores) e meu irmão, convenceu-me a torcer pelo Flamengo. O primeiro jogo do Mengão que assisti foi uma goleada sobre o São Cristóvão. Timaço aquele! Por lá eu vi Cantarelle, Rondineli, Marinho, Toninho (depois o Júnior), Andrade, Adílio, Zico e até o Cláudio Adão (antes de brilhar no Fluminense).
Em 1979, torci demais pelo Colorado! A explicação foi tão somente passional: naquele ano, meu Flamengo fora impiedosamente derrotado no Brasileirão pelo excelente Palmeiras de Telê Santana, em pleno Maracanã, por 4×1. Nas semifinais, o Inter de Benitez, Mauro Pastor, Mauro Galvão, Falcão, Batista, Caçapava e Bira, vingar-me-ia a alma: 3×2 no jogo heroico do Morumbi e 1×1 no Beira-Rio. Na final, o Inter contra o bom time do Vasco da Gama e sagrara-se tricampeão brasileiro.
Minha simpatia pelo Cruzeiro é meramente sinestésica. A cor da camisa é azul e durante muito tempo, freguês histórico do Clube do Remo. Lá jogava também o Nelinho, o maior lateral direito que já jogou no Remo, em toda sua história. A torcida pelo Tricolor do Morumbi é mais estranha de se explicar. Por incrível que pareça, soube que existia uma equipe chamada São Paulo, durante um jogo do Clube do Remo no Morumbi, no brasileirão de 78, em plena Copa do Mundo (nessa época, o campeonato não parava durante os jogos da Copa). O Brasil iria jogar contra a Suécia e nas vésperas, jogaram São Paulo e Remo no Morumbi. O Remo fez uma grande partida e perdeu de 1×0 contra o Tricolor completo de Edu, Serginho, Tecão, Marião, Bezerra, Getúlio e Antenor. O que chamou a atenção nesse jogo, além do magro resultado, foi a torcida do Remo que fez muito barulho diante de um Morumbi esvaziado de torcedor do São Paulo. O fenômeno foi tão surpreendente que a Rede Tupi gravou o áudio do canto da torcida e o usou durante o jogo do Brasil com a Suécia. Depois eu soube que, na verdade, teve o dedo do meu pai nessa história, na extinta TV Marajoara, mas isso é outra história! Estranhamente, passei a gostar do São Paulo por uma razão esdrúxula: o formato da camisa. Nunca havia visto um clube de cores com uma camisa naquele formato. Amor à primeira vista.
Sofri muito por torcer pelo São Paulo. Durante minha adolescência, fui um torcedor solitário. Somente conhecia 3 pessoas em Belém que torciam pela equipe nos idos da década de 80. O São Paulo foi o time da década do futebol paulista, campeão em 80, 81, 85, 87 e 89, com dois vices seguidos em 82 e 83. Ainda conquistou o título nacional de 86. Na hora de comemorar, porém, sentia o drama de me recolher à alegre solidão da conquista. Nos anos 90, graças à Telê Santana (e em menor escala por Rogério Ceni), passei a desfrutar de larga companhia com uma torcida que se tornou nacional e a que mais cresceu, mas a condição de adulto e profissional, me tirou o brilho da adolescência, em razão desproporcional à evolução da equipe. Fui roubado dessa alegria de torcer em conjunto nos melhores tempos de nossas vidas.
A questão central, porém, ainda está a ser respondida: Que desrazões, afinal poderiam indicar a gênese em torcer? Por que a influência de um irmão, o espírito de revanche, o formato de uma camisa, podem significar tanto assim a marcar sua história de vida no amor ao futebol? Uma pista talvez, seria recorrer aos pós-cartesianos em suas complexidades, da teoria quântica a Edgar Morin: buscar a razão na desrazão e na improbabilidade.
Nesses tempos de futebol globalizado, de estratégias racionais de suores, de futebol pragmaticamente brucutu, mais do que nunca, sentimos a necessidade de evocarmos nossa década de ouro, a “década perdida” da economia e da política, mas última fronteira do futebol-arte. A geração que resgatou os anos do “futebol romântico” de Pelé, Garrincha, Tostão, com Zico, Sócrates, Falcão, mas também foi a década que deu origem aos treinadores das estratégias que transformaram o futebol em ciência e começaram a esmagar o espírito. Odiavam Marx, mas não voltaram a Hegel. Preferiram recorrer ao mais distante Descartes. Por que torcemos, enfim? Talvez, essa questão nem precise ser respondida. Melhor sair do conforto da salvação e encontrar resposta nenhuma no suplício e na perdição.

Governo atende nanicos e reduz verba da dupla Re-Pa

A pressão dos clubes intermediários funcionou. O governo do Estado acatou a cobrança dos seis clubes – apoiados pela Federação Paraense de Futebol – por participação de 30% na distribuição da verba de patrocínio. Mesmo com a aplicação do contingenciamento do governo para verbas e contratos, os emergentes saíram ganhando. Acabou o cálculo por jogo transmitido pela TV. Trocando em miúdos, a coisa ficou assim estabelecida. O contrato de transmissão dos jogos do Campeonato Paraense pelas emissoras Funtelpa (Rádio e TV Cultura) será renovado, mas com profundas mudanças. O governador Simão Jatene aplicou as regras do decreto de contenção de gastos do governo do Estado. Desta forma, o contrato entre Funtelpa e Federação Paraense de Futebol, que era de R$ 2.956.800,00, teve redução de 20% e diminuiu para R$ 2.464.000,00.
Mesmo com a aplicação das regras de redução de custeio da máquina estadual ao contrato com a FPF, Jatene defendeu que os recursos do contrato estimulem a meritocracia no futebol paraense, segundo a assessoria de imprensa do governo. Assim, 20% do valor do contrato, que correspondem a R$ 492.000,00, serão repassados aos finalistas e semifinalistas do primeiro e do segundo turnos, com R$ 246.000,00 disponibilizados para cada turno.
Dessa maneira, o primeiro colocado em ambos os turnos receberá 40% de R$ 246 mil, o que corresponde a R$ 98.400,00. Ao segundo colocado caberão 30% ou R$ 73.800,00. Ao terceiro, 20% – R$ 49.200,00. Ao quarto colocado, 10% ou R$ 24.600,00. Deduzidos os 40% da premiação aos clubes, restarão R$ 1.972 mil do valor do contrato entre Funtelpa e FPF. Por sugestão da própria federação, 30% desse saldo, ou seja, R$ 591.600,00 serão repassados aos seis clubes intermediários. O repasse será de R$ 98.600,00 para cada clube, ao contrário dos R$ 70 mil que recebiam anteriormente. Do valor restante do saldo, R$ 1.381.000,00, R$ 690.500,00 serão repassados ao Remo e ao Paissandu, mais ou menos a metade do que recebiam pelo contrato anterior. Por decisão do governo, a Funtelpa, que detinha os direitos de vendas das placas estáticas dos estádios, repassará esses direitos à FPF. No ano de 2010, a venda dessas placas gerou uma renda de R$ 400 mil. Em 2011, apenas quatro placas ainda caberão à Funtelpa. A título de esclarecimento, é importante informar que o custo operacional das transmissões dos jogos do Campeonato Paraense de Futebol, pela Funtelpa, é de R$ 30 mil, o que dá um custo final de R$ 720 mil ao longo do campeonato, excluindo-se a final do Parazão.

Uma entrevista coletiva foi convocada pelo secretário estadual de Esporte e Lazer, Sahid Xerfan, para 16h desta terça-feira, no auditório da Imprensa Oficial do Estado, para detalhar melhor as drásticas mudanças no contrato.

Cemitério dos elefantes?

A contratação do veterano meia Rivaldo, de 38 anos, pelo São Paulo, deu sequência à série de jogadores repatriados pelo futebol brasileiro nos últimos anos já em fase final de suas carreiras. Para o diário catalão Sport, o Brasileirão vai se tornar “o maior campeonato de veteranos do mundo”, e o país virou uma espécie de “cemitério de elefantes”. Além de Rivaldo, o jornal espanhol cita as recentes contratações de Ronaldo e Roberto Carlos pelo Corinthians, Ronaldinho Gaúcho pelo Flamengo, Belletti pelo Fluminense, Elano pelo Santos e até alguns jogadores menos badalados como Fábio Rochemback pelo Grêmio e Eduardo Costa pelo Vasco.

A reportagem destaca que os “europeus” repatriados pelo futebol brasileiro “foram recebidos com todas as honras e são tratados como reis”. “No Brasil, não há pressão de todo o campo, não diminuindo os espaços, de modo que fisicamente há menos desgaste. O que é valorizado é a técnica individual e, neste ponto, jogadores como Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo, que se juntou ao São Paulo aos 38 anos, podem continuar a brilhar”, diz o texto. O Sport também justifica o retorno ao Brasil de jogadores ainda com grande prestígio internacional pelo fato de a economia do país ter se fortalecido muito nos últimos anos, não tendo sido fortemente atingida pela crise internacional de 2008 e 2009, o que permite aos atletas receberem cifras “galácticas”. (Da ESPN)

Jogo do Remo teve maior público da rodada

O jogo entre Remo e São Raimundo, realizado na noite desta segunda-feira, no estádio Baenão, registrou o maior público da primeira rodada campeonato estadual: 10.396 pagantes, mais 800 credenciados, perfazendo um público total de 11.196 pessoas. A renda foi de R$ 139.578,00. As despesas totalizaram R$ 47.323,74, cabendo ao Remo o valor líquido de R$ 92.254,26. O jogo, assim como Paissandu x Castanhal, não teve transmissão ao vivo pela TV Cultura. (Fotos: TARSO SARRAF/Bola)

Coluna: Uma estreia surpreendente

O Remo estreou no campeonato e surpreendeu positivamente a todos. A começar pelo São Raimundo, que não esperava um adversário bem organizado. Pode-se dizer também que a surpresa atingiu o torcedor, que foi ao estádio na esperança de uma vitória, mas mantinha um pé atrás em relação à escalação. E provavelmente deixou surpreso o próprio Paulo Comelli, que sabia bem das dificuldades de estrear sem um ataque consistente.
A vitória por 3 a 0 nasceu da velocidade e da movimentação dos azulinos. A explicação parece simplista, mas o futebol é normalmente simples, alguns é que entendem de complicá-lo. Não que o São Raimundo tenha se mostrado menos interessado. Pelo contrário até. O time santareno procurou resistir o quanto pode, mas viu-se obrigado a se manter atrás diante da maior consistência de jogo remista.
Logo nos primeiros movimentos, o Remo exibiu seus trunfos: o avanço dos laterais Elsinho e Marlon e as jogadas em velocidade de Tiago Marabá no ataque. A grande participação desse trio chegou a desviar a atenção do bom papel exercido pela defesa – Morisco, Paulo Sérgio e San – e de Tiaguinho na armação. O gol esteve perto de acontecer em duas tentativas do volante Luís André, que aproveitava a hesitação dos zagueiros do S. Raimundo para se aproximar da área.
Quando Marlon marcou aos 32 minutos, em jogada aérea, o lance ensaiado já havia acontecido outras duas vezes, mas a zaga santarena não observou e permitiu que o lateral chegasse praticamente livre para cabecear o cruzamento aberto de Elsinho. Apesar de alguns percalços na marcação à frente da defesa, o Remo conseguiu atravessar os primeiros 45 minutos quase sem sustos. Para isso contribuía a timidez do S. Raimundo, que poucas vezes arriscava atacar com mais de dois jogadores.

Na etapa final, quando normalmente times em vantagem costumam se acomodar, o Remo optou por continuar buscando o gol. Quase conseguiu ampliar em três lances sucessivos envolvendo Tiago Marabá, que desperdiçou por preciosismo. Depois que Mael substituiu a Ramon e Fininho a Jaime, a equipe ganhou em velocidade e qualidade de passe no meio. Novas oportunidades foram surgindo até que Marlon foi à linha de fundo e cruzou para Elsinho tocar para as redes.
A vantagem podia ter sido maior se antes de San fazer o terceiro, após cobrança de falta, Fininho e Tiago tivessem aproveitado contra-ataques fulminantes puxados por Luís André e Mael. O intenso rodízio no meio-campo ajustou a marcação e não deu espaços ao S. Raimundo, que ainda teve expulso nos instantes finais por jogo violento.
 
Boa estréia remista, com uma vitória que não deixa dúvidas quanto à qualidade do time. A entrada de um centroavante de ofício (Max Jarí?) deve deixar o ataque com um repertório mais variado. Pelo que se viu no segundo tempo, Mael deve ser mesmo titular ao lado de San, Luís André e Tiaguinho.     
 
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 25)