As mudanças no contrato entre Funtelpa e Federação Paraense de Futebol para transmissão dos jogos do campeonato estadual atenderam a necessidade de reduzir custos – como, de resto, em toda a administração pública – e estabelecer um novo modelo de estímulo ao futebol paraense, bem diferente do que havia sido instituído no governo passado. Esta é a posição manifestada pelo secretário de Comunicação, Ney Messias.
Diante das dúvidas e reações ao termo aditivo, o governo chamou os grandes clubes para uma conversa sobre as novas bases do contrato. O gesto visou corrigir o encaminhamento tortuoso do processo, que ficou inicialmente a cargo do presidente da Federação Paraense de Futebol, signatária do acordo com o Estado.
O problema é que o presidente da FPF, Antonio Carlos Nunes, incumbido da tarefa de comunicar aos clubes, não se fez entender quanto às minúcias do contrato. Dirigentes tanto da dupla Re-Pa quanto dos nanicos não foram devidamente informados, o que desencadeou a reação grosseira de Castanhal e Águia, que entraram em campo na primeira rodada com faixas hostis ao governo, por desconhecer as vantagens que já estavam garantidas.
Por seu turno, Remo e Paissandu também sambaram na história. Foram avisados que haveria um contingenciamento de 20%. Prepararam-se para isso e espernearam quando foi confirmado o corte de quase 50% na verba recebida no ano passado. Como é natural, a bronca dos cartolas contagiou os torcedores. Ficou a impressão, inclusive para este escriba, que os clubes intermediários saíram vitoriosos na base da pressão.
“O governo não é padrasto, é parceiro”. A frase do secretário de Comunicação Ney Messias pontuou o encontro de quarta-feira à noite com Sérgio Cabeça Brás (Remo) e Ricardo Rezende (Paissandu), no Palácio dos Despachos. Ambos precisavam entender claramente o que levou o governo a cortar fundo no dinheiro do patrocínio e Messias queria principalmente explicar que não houve favorecimento aos nanicos.
Segundo ele, o contrato ganhou um aditivo para redistribuir a grana em bases inteiramente novas. Para tanto, o governo se inspirou em acordos existentes entre a CBF e clubes da Série B e levou em conta o montante pago pela transmissão do Campeonato Cearense.
Sem entrar nas minúcias do atendimento às reivindicações dos pequenos, que têm a FPF como madrinha, Remo e Paissandu ainda terão 35% do valor total, quase sete vezes mais que os pequenos. Caso cheguem às finais de turnos, a vantagem se multiplicará por nove. E podem ser atendidos quanto ao patrocínio do Banpará, que era de R$ 60 mil mensais.
No fundo, todos têm seu quinhão de aborrecimentos. Os custos de transmissão oneram bastante as despesas do Estado. Cada jogo transmitido não sai por menos de R$ 30 mil. No total, as despesas chegam a R$ 900 mil. Sendo que somente quatro cotas (a R$ 80 mil cada) foram comercializadas para explorar placas de publicidade nos estádios. Será que o torneio vale realmente tudo isso? Messias, fã de futebol e torcedor do Paissandu, entende que não.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 28)
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