O show de Truman e os deformadores de opinião

Do blog Ponto & Contraponto

Se um ET chegasse ao Brasil hoje e fosse se informar da situação lendo nossos principais jornais, ele provavelmente acreditaria que a única solução para salvar a população do nosso país seria uma invasão alienígena que exterminasse os sindicalistas e vermelhinhos que estão no poder, a começar pelo tirano presidente, cujo único mérito teria sido manter as brilhantes bases deixadas por Fernando Henrique Cardoso.

Se o amigo navegante estiver com o fígado em dia, sugiro que visite o Blog do Noblat, que faz um clipping de matérias, editoriais e artigos exclusivamente contra Lula, seu governo, o PT e aliados. Não vais encontrar em outro lugar coletânea igual de demonstrações de recalque, inveja, frustração e rancor vingativo.

Se você for um completo alienado ou estava em retiro espiritual por anos sugiro que não visite, você vai pensar que vivia no show de Truman e que a realidade é aquela que eles escrevem, com a convicção daqueles que sabem tudo e ainda fazem cara de blasé. Você vai imaginar que todos te enganaram, família, amigos, chefe, todos, e que nada melhorou no Brasil, só piorou, era tudo propaganda, olha a câmera atrás do espelho do banheiro. Será que essa mulher que dorme comigo há mais de 20 anos é uma atriz?

Existia no Brasil em um passado remoto, uma classe de pessoas que se consideravam a elite política do país. Ninguém se elegia sem pedir a benção e agradar essas pessoas. A concentração de verbas publicitárias para poucos veículos de comunicação desde os governos militares criou a distorção de um oligopólio de mídia, com poucas empresas (famílias) sendo responsáveis pela (des)informação da população,manipulando fatos para conseguir seus objetivos. Eles se autodenominavam formadores de opinião e, realmente devido a quase exclusividade da informação, eles detinham um poder muito grande de convencimento da opinião pública.

Com o fracasso retumbante do governo FHC aumentou a percepção do viés partidário com que a velha mídia lidava com os fatos, daí se iniciou uma transformação gradual, com as pessoas passando a exercer na sua totalidade o direito de discernir e escolher em quem vão votar fazendo com que os ditos formadores de opinião começassem a perder eleições e seguidores.

Tudo bem que nesses oito anos, Lula tenha acabado com a imoral concentração de verbas federais para publicidade, e não é fácil perder receita, mesmo que a sua manutenção até aquele momento tivesse sido feita de modo desleal. Isso justifica de forma torta o rancor que nutrem por Lula, mas nessa loucura toda por revanchismo eles acabam deixando de lado o mínimo de respeito pelos fatos e colocando cada vez mais descrédito nas suas próprias contas.

Não esperava artigos que reconhecessem todos os méritos de Lula e seu governo, mas esperava um pouco menos de cegueira. Pessoas que não conseguem enxergar um palmo à frente do nariz e ainda se acham em posição de guiar o povo brasileiro. A incapacidade de reconhecer seus próprios erros e os méritos do adversário é o que tem levado às sucessivas derrotas nas urnas. Pelo visto não aprenderam nada e não dão sinais que um dia vão chegar a aprender.

Na mosca.

Remo apresenta Mael e Fininho

A diretoria do Remo apresentou na tarde desta segunda-feira mais dois reforços: o volante Mael, ex-América (RJ), e o meia-atacante Fininho (foto), ex-Tuna. Revelado pelo Ananindeua, Mael defendeu o Paissandu por duas temporadas. Em 2009, depois da eliminação do Paissandu frente ao Icasa (CE), por 6 a 2, Mael foi dispensado pelo presidente do clube, Luiz Omar Pinheiro, sob acusação de ter feito “corpo mole” juntamente com outros jogadores do elenco. Mael tem 29 anos e se caracteriza pela forte combatividade no meio-campo. Já Fininho foi recomendado pelo técnico Paulo Comelli depois das boas atuações pela Cruz de Malta na primeira fase do Parazão. (Com informações do Bola e da Rádio Clube/Foto: OCTAVIO CARDOSO)

Recuperado, Ganso se reapresenta no Peixe

A maior novidade na reapresentação do Santos, nesta segunda-feira, foi o meia paraense Paulo Henrique Ganso. Afastado dos gramados desde agosto, ele correu normalmente com os companheiros e deve voltar a treinar com bola a partir do final deste mês. Outras atrações foram o lateral-direito Jonathan, os meias Elano e Vítor Hugo e o goleiro Aranha. (Com informações da ESPN)

Fernando Alonso, simply the best

O carinha se acha a última bolacha do pacote, a bala que matou Kennedy. Alonso desembarcou na cidadezinha portuguesa de Porto Santo, na Ilha da Madeira, e decidiu decretar que nenhum paparazzo pode fotográ-lo. Desembarcou mandando logo esse recado aí. Como top das celebridades mundiais e rei da cocada baiana, não quer ser incomodado. E ainda avisa que pode ferrar com a imagem do lugar com um simples gesto. Nesse clima, sua esposa, Raquel Macías, que é cantora de uma banda espanhola, acabou se metendo em confusão braba com um fotógrafo. Fueda…

Pensata: Direitos humanos da boca para fora?

Por Paulo Moreira Leite 

Sabemos que um mundo altamente internacionalizado oferece oportunidades e dificuldades de todo tipo — e que nem sempre é fácil encontrar uma postura coerente, de acordo com os interesses de um país. Não há cartilha pronta para resolver todas situações. Um desses temas mais complicados diz respeito aos direitos humanos. Pergunta-se: quando um governo deve interferir nas questões internas de outro país?

Quando um país pode acolher uma intervenção externa sem sentir-se atingido em sua soberania? Os adversários do governo Lula foram rápidos em condenar seu governo pelo silêncio obsequioso em relação à ditaduras do Irã e de Cuba. A crítica está correta. Ainda que nossa diplomacia possa fazer o possível para manter-se numa postura distante daquela patrocinada pelo governo americano — que tem outros interesses e outros objetivos ao pressionar o governo cubano e o regime dos aiatolás — nenhum país tem o direito de ficar em silêncio diante da tortura e execução de oposcionistas, como ocorreu no Irã, ou mesmo da perseguição de dissidentes, como é rotina em Cuba.

É curioso, no entanto, a reação oposta dessas mesmas pessoas diante de uma decisão que diz respeito aos direitos humanos — no Brasil. A incoerência atravessa a fronteira do absurdo e do ridículo. Como se sabe, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Brasil a apurar e investigar os crimes ocorridos na guerrilha do Araguaia. Não estamos falando de uma ONG nem de uma ação de governo. Estamos falando de um tribunal cuja legitimidade o próprio governo brasileiro reconhece desde os tempos de Fernando Henrique Cardoso.

Países que costumam ser apontados como exemplo de estabilidade democrática — como o Chile — chegaram a reformar artigos de sua Constituição para atender a uma demanda da Corte, que condenou a Justiça chilena pela probição do filme “A tentação de Cristo”. Sob pressão da Corte, o Chile aboliu a censura. A pressão do tribunal também levou as autoridades peruanas a reabrir investigações sobre o massacre de um grupo de militantes da luta armada ocorrido durante a guerra do governo de Alberto Fujimori contra o Sendero Luminoso.

No Brasil, é diferente. A mesma velocidade exibida para atacar a postura do governo Lula no Irã e em Cuba foi utilizada para colocar a decisão sobre o Araguaia embaixo do tapete. Não se discute, não se pondera. Apenas se argumenta que uma lei de 1979 — aprovada em plena ditadura militar, sob protesto da oposição e dos movimentos de direitos humanos — não pode ser modificada sob o risco de se produzir uma ameaça à democracia. Quem se der ao trabalho de examinar aquele texto de 31 anos atrás e comparar com as emendas e modificações realizadas ao longo dos anos, verá que é possível fazer mudanças sim — desde que se faça um acordo político para isso.

Vítima, igualmente, de uma ditadura militar, a Argentina já teve várias legislações a respeito. Por caminhos diversos, duas prometiam um perdão semelhante ao que vigora no Brasil. Outras duas, revogaram a decisão anterior. Em função disso, as penintenciárias daquele país se transformaram em instituições de alta rotatividade. Generais e torturadores entram e saem da cadeia em função das mudanças da conjuntura política.

Numa decisão recente, o general Rafael Videla foi condenado à prisão perpétua — mas ninguém tem certeza sobre a real duração dessa perpetuidade. Parece esquisito, talvez não seja o mais adequado mas é assim que as democracias funcionam, num esforço perpétuo de aperfeiçoamento. (Menos de uma década depois de ter sido aprovada nossa Constituição de 1988 passou por uma reforma e tanto, não é mesmo?)

No Brasil, não se fala em mudanças. Confirmado no cargo de ministro da Defesa do governo Dilma, Nelson Jobim é um dos principais advogados do silêncio. Com maldade, seria possível até sustentar que ao menos o governo do PT manteve uma postura coerente. Não se intromete em assuntos de outros países e não aceita intromissões externas. A incoerência, neste caso, fica do outro lado. O mesmo coral que pede ação na frente externa exige silencio dentro de casa. É engraçado?

Não. Talvez seja uma forma utilizar uma bandeira importantíssima — direitos humanos — apenas quando isso é conveniente. Já se viu este filme em outras oportunidades, não é mesmo?