Em sã consciência, ninguém pode contestar as reivindicações dos clubes do chamado bloco intermediário do campeonato estadual. Exigem maior quinhão no contrato de patrocínio entre o governo do Estado (via Funtelpa) e os clubes participantes da primeira divisão do futebol paraense.
O acordo foi firmado em bases vantajosas para Remo e Paissandu, donos das principais torcidas e dos elencos mais caros. Ganham anualmente R$ 1,2 milhão, cada. Os demais têm direito à verba de R$ 70 mil, considerada insuficiente para seus gastos com a manutenção dos times.
Tuna, São Raimundo e Cametá lideram o movimento e são os mais ruidosos nas críticas à divisão do patrocínio oficial. Junto com Independente Tucuruí, Castanhal e Águia, pretendem sensibilizar as autoridades a concederem 30% do que recebe a dupla Re-Pa.
A reclamação surgiu em face da denúncia da Federação Paraense de Futebol que suspendeu temporariamente o contrato, no final de 2010. Os termos do patrocínio foram mantidos pelo governo do Estado, mas os clubes emergentes vislumbraram a chance de pleitear uma divisão mais equilibrada do dinheiro.
O dinheiro é destinado aos participantes do Parazão em troca do direito à transmissão das partidas pela TV Cultura para a capital e o interior, além do uso de espaços publicitários nos estádios.
Apesar da legitimidade da proposta, fincada na convicção de que as demais agremiações precisam se estruturar para crescer, o percentual solicitado briga com o bom senso. Em termos práticos, fixar em 30% a fatia desejada representa certo exagero. Mais realista (e viável) seria reivindicar metade desse índice.
Para começo de conversa, por tudo que representam (história, títulos e tradição), os dois titãs fazem por merecer o patrocínio. São as locomotivas do nosso futebol e arrastam multidões aos estádios. O que se faz necessário é um controle mais rigoroso da aplicação dessa verba, que em 2010 acabou evaporando sem canalizar benefícios visíveis aos dois clubes.
Volta e meia surgem críticas ao domínio político exercido por Remo e Paissandu, que atrapalhariam a evolução dos demais times. Nessa linha de pensamento, dirigentes dos intermediários alegam (com razão) que o Parazão não se resume aos dois velhos rivais, mas é fato que sem a dupla Re-Pa simplesmente não haveria futebol por aqui.
Como já observado aqui, o Paissandu vai começar a atravessar um período de turbulências na seara trabalhista. Já no dia 28 próximo, o clube enfrentará ação de R$ 2 milhões movida por Sandro Goiano, ainda em litígio com a torcida desde a eliminação na Série C. Quatro dias depois, ocorrerá a audiência de Balão, que cobra R$ 492 mil. Ao todo, o clube terá que responder a 30 ações trabalhistas só no primeiro semestre de 2011. A onda de demandas judiciais contraria o discurso da atual diretoria, que sempre se esmerou em atirar pedras nos ex-presidentes, culpando-os por todas as mazelas do clube.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 21)
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