
30 de julho é um dia especial para o torcedor cruzeirense. Há 34 anos, o clube mineiro se tornava o segundo brasileiro a se consagrar campeão da Libertadores. Era o primeiro título do país desde o Santos de 63, com Pelé & cia., e quebrava uma hegemonia argentina no torneio, já que o Independiente havia levado os últimos quatro títulos e os clubes ‘hermanos’ haviam conquistado o torneio por dez vezes nas últimas 12 disputas.
Com um time recheado de craques, como Raul, Nelinho (ex-Remo), Piazza e Palhinha, o Cruzeiro fez uma excelente campanha naquela Libertadores, com 13 vitórias em 15 jogos e apenas uma derrota, justamente no segundo jogo da final, contra o River Plate, na Argentina. Aquele resultado, que forçou a realização de uma terceira partida em campo neutro, porém, ainda está engasgado na garganta dos jogadores.
“Fizemos uma campanha quase irretocável. Apenas tivemos a infelicidade da perda do jogo contra o River que forçou a terceira partida. Mas foi uma arbitragem muito tendenciosa, que acabou nos levando para o jogo extra, em Santiago”, afirma Wilson Piazza, volante cruzeirense na época e campeão do mundo pela seleção brasileira em 1970 atuando como quarto zagueiro.
Na terceira partida, em Santiago, no Chile, o Cruzeiro conseguiu seu merecido título. A equipe mineira chegou a dar um susto em sua torcida ao permitir o empate após estar vencendo por 2 a 0, mas, com uma ‘irresponsável’ cobrança de falta de Joãozinho aos 43 minutos do segundo tempo, venceu o jogo e sagrou-se campeão da América pela primeira vez.
“Aquela falta estava mais para o Nelinho, era uma posição onde gostava de bater. Mas eu estava discutindo com ele para que ele rolasse para o Palhinha, que ficaria sozinho na área, já que todos estavam preocupados com o chute. Já havíamos tomado um gol assim. Mas quando estávamos debatendo, o Joãozinho chegou e bateu a falta. Que que a gente vai fazer? Ele fez o gol! Foi uma felicidade e ao mesmo tempo uma irresponsabilidade”, relembra Piazza.
Vice-campeão brasileiro em 1974 e 1975, o Cruzeiro perseguia seu título a todo custo e ele finalmente viria naquela Libertadores, com dois dos principais artilheiros da competição: Jairzinho, o ‘Furacão’ da Copa de 70 que é até pouco lembrado como jogador do Cruzeiro, com 12 gols em 12 jogos, e Palhinha, que marcou 13 vezes em 11 aparições. Herói daquela conquista, Joãozinho não vive mais no Brasil. A reportagem do ESPN.com.br até tentou contato com o ídolo cruzeirense, mas nem mesmo o Cruzeiro possuía o telefone do ex-atacante.
FICHA TÉCNICA DA FINAL:
CRUZEIRO 3 X 2 RIVER PLATE30/07/1976 – sexta-feira
Local: Estádio Nacional (Santiago – Chile)
Árbitro: Alberto Martínez (CHI)
Gols: CRUZEIRO: Nelinho 24′ do 1º; Ronaldo 10’e Joãozinho 43′ do 2º.
RIVER PLATE: Mas 14′, Urquiza 19′ do 2°
Cruzeiro: Raul, Nelinho, Morais, Darcy Menezes e Vanderley; Ronaldo Drumond, Wilson Piazza (Osiris) e Zé Carlos; Eduardo, Palhinha e Joãozinho. Técnico: Zezé Moreira.
River Plate: Landaburu, Comelles, Lonardi, Artico e Urquiza; Sabella, Merlo e Alonso; González,Luque e Oscar Mas (Crespo). Técnico: Angel Labrun.