À distância, pelo noticiário que chega de Johanesburgo, é possível observar que estamos vivendo aqueles dias de monotonia febril que precedem as grandes batalhas. Quem nunca viu isso nos filmes sobre as legiões romanas? A expectativa dos embates gera momentos enfadonhos, de tediosa espera. Foi assim em todas as Copas. E a imprensa, que acompanha a tudo isso por dever de ofício, padece em busca de notícias – exclusivas, de preferência.
Na impossibilidade do “furo”, os correspondentes se dividem em analisar platitudes e acontecimentos até banais, como discussões de treinos. Um esbarrão de Robinho em Kaká, atribuído a Felipe Melo, desencadeou repercussão da barulhenta imprensa italiana. Somente ontem o mal-entendido foi esclarecido, não sem algumas bicudas verbais do volante da Juventus, abespinhado com a dimensão que a história ganhou.
Quem defende a Seleção deveria ter uma blindagem emocional para esse tipo de situação, consciente de que qualquer incidente acaba superdimensionado, embora também seja rapidamente esquecido. Nesse sentido, Diego Maradona foi bem mais prudente, ao isolar o selecionado argentino, colocando-o a salvo de qualquer desgaste.
Na ausência de maiores emoções e notícias de verdade, surgem os factóides sobre o nada, como a estéril polêmica em torno da bola oficial da Copa, Jabulani, apelidada até de “patricinha” e atacada impiedosamente pelos goleiros. Ou, ainda, a questão do sexo nas concentrações, assunto que não entrava na pauta de discussões desde a total liberalidade da Laranja Mecânica holandesa de Rinus Michels e Johann Cruyff em 1974.
O certo é que jogadores, jornalistas e torcida não vêem a hora de ver futebol de verdade, coisa que só será possível a partir do dia 11. Até lá, ainda teremos que aturar muita abobrinha disfarçada de informação, menos por culpa dos repórteres e mais por força da estratégia predileta de cada uma das 32 seleções: esconder o jogo a sete chaves.
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Dos seis desfalques que fragilizaram a equipe diante do Paissandu na primeira partida, o Águia deve contar com pelo menos cinco no jogo de volta, domingo, no Mangueirão. Vando, Samuel Lopes, Bernardo, Vítor Ferraz e Soares devem estar à disposição do técnico João Galvão para o confronto. Garrinchinha é a única baixa confirmada.
Mais graves que as lesões desses atletas são os boatos que invadiram as ruas de Marabá, levantando suspeitas sobre a real condição atlética de alguns deles e insinuando motivos menos nobres para a ausência contra o Paissandu. Deve ser obra do mesmo autor daquela ridícula história de marmelada no Re-Pa.
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Apesar de o bom senso indicar que o ideal seria cobrar R$ 10,00 pela arquibancada, a diretoria do Paissandu decidiu fixar o ingresso para domingo em R$ 15,00. Pode dar uma renda maior, mas reduz a chance de um estádio lotado para ajudar o time a reverter a vantagem marabaense.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 1)