O Paissandu já definiu seus titulares para a decisão contra o Icasa, domingo, mas ainda não decidiu o desenho tático a ser usado. O técnico Valter Lima tem as opções do 4-4-2, do 3-5-2 e até mesmo do 4-5-1, já usado contra o Sampaio em Codó, com relativo sucesso. Por princípio, prefiro o velho e simples 4-4-2, mas imagino a angústia do treinador diante de tão poucas variáveis.
Na prática, os problemas do Paissandu têm a ver com a limitação técnica das peças disponíveis. Poucas são as posições realmente bem servidas, em termos de qualidade individual. Nas laterais, por exemplo, repousam alguns dos maiores dramas da equipe.
O lado direito sempre foi um nervo exposto desde que Boiadeiro foi embora. Jucemar voltou, mas não convence. Leandrinho, o novo contratado, não teve passagem feliz pelo Remo. Na esquerda, Aldivan alterna boas e más jornadas, não transmitindo segurança.
O centro da defesa passou a funcionar melhor com a entrada de Rogério, que joga melhor quando tem o jovem Bernardo (ausente da última partida, por suspensão) ao lado. A opção pelo esquema de três zagueiros pode comprometer esse entrosamento.
A rigor, o setor mais confiável, desde o campeonato, era o de proteção à zaga. Mael e Dadá se entendiam por música. O segundo passou, inclusive, a mostrar eficiência na passagem para o ataque, aparecendo até como elemento-surpresa na frente. De repente, a dupla fraquejou e perdeu a química. Apesar disso, Mael ainda é o mais regular jogador do time.
Mais à frente, no setor de criação, localiza-se o principal enrosco da equação. Nenhum time sobrevive ou pode ambicionar algo se lhe falta cérebro e raciocínio. Zeziel, meia esforçado e voluntarioso, não consegue cumprir as tarefas de um armador clássico. E Vélber, camisa 10 por vocação, carece principalmente de inspiração nesta Série C.
No Parazão, antes de se lesionar, ainda aparecia com destaque, arriscando chutes, buscando entrar na área – e, como se sabe, a intenção às vezes já é suficiente para levar perigo ou ganhar faltas preciosas junto à área. Hoje, foge disso. Domingo, na Curuzu, limitava-se a mero passador de bolas, burocraticamente.
Só para efeito comparativo, o modesto Icasa tem naquela faixa do campo um meia inquieto e ativo, chamado Júnior Xuxa, que dominou o setor e criou várias situações de perigo para a defensiva do Paissandu. É um detalhe que faz toda a diferença: acomodação versus inquietude.
Os treinos da semana são indicativos desse quadro. Nos dois últimos coletivos, os titulares perderam para os reservas (2 a 1 e 3 a 1). Claro que o placar é o que menos importa, mas ficou evidente um certo descompromisso. Nem sempre treinos fracos significam jogos ruins. Mestre Didi pregava justamente o contrário. Mas, no caso específico do Paissandu, que não joga bem desde o campeonato estadual, são notícias que deixam um rastro de preocupação e incerteza.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 14)