Por Cosme Rímoli
Os clubes brasileiros, de forma geral, estão enfrentando grandes dificuldades financeiras. Se apegam a parceiros. Vendem jogadores que não queriam. Vendem as camisas. Vendem a alma. Tudo para sobreviverem. Os clubes são entidades privadas.
A prioridade do dinheiro público nunca foi ajudar entidades privadas, ainda mais clubes de futebol. Na teoria.
O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico Social foi criado em 1952. Ele serve para quê?
A definição está no próprio site do banco. “Desde a sua fundação, em 1952, o BNDES se destaca no apoio à agricultura, indústria, infraestrutura e comércio e serviços. Oferecendo condições especiais para micro, pequenas e médias empresas. O Banco também vem implementando linhas de investimentos sociais, direcionados para a educação e saúde, agricultura familiar, saneamento básico e transporte urbano. O apoio do BNDES se dá por meio de financiamentos a projetos de investimentos, aquisição de equipamentos e exportação de bens e serviços.”
A reconstrução do Morumbi para sediar a abertura da Copa do Mundo de 2014 está orçada em R$ 300 milhões. A diretoria do São Paulo enfrenta grandes dificuldades para conseguir patrocinadores. A desculpa é a crise. A saída que os dirigentes decidiram é buscar o dinheiro emprestado ao BNDES. O presidente Lula teria até já sido consultado. A situação é legal. Porém, será que não é imoral?
O Brasil tem imensos problemas sociais e ajudar um já milionário clube de futebol não deveria ser prioridade. Mas, os políticos estão se mexendo por todo o país. Candidatos à presidência da República e seus inúmeros assessores se preparam para esse processo. Todos querem correr atrás do seu quinhão.
Os números são astronômicos. Vão de R$ 40 a mais de R$ 100 bilhões. A Folha faz ótima matéria mostrando que a Copa do Mundo no Brasil pode ser bancada pelo dinheiro público. De nada adiantaram as promessas do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, de que seria a iniciativa privada quem bancaria a Copa.
Assim como foi no Panamericano no Rio, o dinheiro público salvou a competição. Não há nada de surpreendente. Mas, é triste ver um clube tão tradicional, cujos dirigentes juram ser modernos, dar o primeiro movimento em direção ao dinheiro público. E, se o São Paulo pode, todos os clube podem. E as prefeituras, os Estados que reformarão ou construirão seus estádios.
A gastança vai começar. Alguém duvidava?
A expectativa é para ver como a endeusada Manaus vai se comportar com seu orçamento de R$ 600 milhões para fazer um novo estádio, proposta encampada festivamente por Teixeira e Blatter. Como aqui mesmo no Pará alguns patetas acreditaram no conto de que Manaus foi escolhida por seu turismo, pelo boi de Parintins e seus investidores e parceiros, quero só ver quem vai bancar o futuro elefante branco da Jungle.
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