A espera pelo gol não durou nem um minuto. Logo no primeiro escanteio, o Paissandu balançou as redes. Parecia um script perfeito para coroar a gigantesca expectativa criada pela torcida durante toda a semana. A vantagem inicial tão cedo era tudo o que a Curuzu, lotada, desejava.
O desenrolar do jogo baixou um pouco o entusiasmo, pois o Icasa não se abalou e começou a tocar a bola, tentando se espalhar pelo campo. Logo aos 7 minutos, Pantico acertou um voleio e quase igualou. Mas os ventos ainda eram favoráveis ao Paissandu.
Um cruzamento de Torrô encontrou Zé Carlos livre. O cabeceio passou rente ao travessão. O equilíbrio já era predominante, apesar do entusiasmo e dos incentivos da torcida. Faltava ao Paissandu determinação nas jogadas ofensivas e um capricho maior nas finalizações.
No começo do segundo tempo, Torrô e Zé Carlos desperdiçaram novas oportunidades. Marciano, não. Em lance recuperado à altura do meio-campo, a bola chegou ao artilheiro, que se livrou de Lê e Luciano, batendo firme no canto esquerdo de Wanzeller, que ainda tocou na bola.
O gol, logo aos 12 minutos, poderia ter funcionado como o grito de alerta para sacudir o time, tirando-o da letargia ofensiva. Não foi assim. O empate desestruturou emocionalmente a equipe, deixou a torcida apreensiva e abalou visivelmente o técnico Valter Lima.
Por alguns minutos, o Icasa se tornou senhor absoluto das ações e esteve a pique de desempatar. Só então o Paissandu começou a reagir. Torrô perdeu mais uma bela chance, depois de passe perfeito de Vélber. Zé Augusto entrou no lugar de Zé Carlos, mas Valtinho poderia ter optado por sacar Torrô ou Zeziel, que não fazia boa partida.
Sem Zé Carlos, o Paissandu perdeu referência para o jogo aéreo, sempre uma alternativa para situações difíceis. Balão entrou em lugar de Jucemar e nada acrescentou. Perdeu todos os lances pela direita, cruzando mal ou arrematando longe da trave, como no último lance, já nos acréscimos.
Valtinho, que vinha sendo poupado, desta vez mostrou hesitações inaceitáveis para uma situação-limite. Já no intervalo deveria ter lançado Zé Augusto ou reposicionado Vélber como segundo atacante.
Outro descuido: o meia Júnior Xuxa, sem marcação, dominou a meia cancha e formou com Pantico (que saiu contundido) e Marciano um trio dos mais perigosos. Essa falta de vigilância resultou no empate e poderia ter sido até mais trágica, se o segundo gol fosse validado.
A classificação (e a vaga para a Série B) ficou mais difícil porque o Paissandu demonstrou que tem um time inferior ao adversário. Mas, apesar disso, nem tudo está perdido: um gol ainda pode ser suficiente.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 10)